domingo, 13 de março de 2011

WikiLeaks: "Fucking" piqueteros!

Há matéria com esse EXCELENTE título em: Estos fucking piqueteros
Aqui, um dos telegramas lá comentados. 
Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu
NOTA DOS TRADUTORES:
Esse telegrama só interessa como PROVA DOCUMENTAL de que qualquer D. Eliane Cantanhêde e até a D. Danuza estão perfeitamente apetrechadas para serem embaixadoras dos EUA ATÉ NA ARGENTINA! 
É eles ressuscitarem Menen-lá e algum FHC-defunto, aqui... e muuuuuuuitos jornalistas brasileiros terão emprego GARANTIDO no Departamento de Estado de qualquer Hilária(o) por aí. GRANDE WIKILEAKS! É ler e ver:

WikiLeaks
Reference ID
Created
Released
Classification
Origin

Telegrama enviado da Embaixada dos EUA em Buenos Aires, Argentina, dia 5/5/2009
Parte CONFIDENCIAL do telegrama 09BUENOSAIRES526
O telegrama integral não está disponível.
Tradução de trabalho, não oficial, para anotação histórica. 


Cabeçalho aqui omitido.

ASSUNTO: Os piqueteros argentinos, principais atores das manifestações pró-Kirshner [e o embaixador, com saudades de Menen! Fucking EUA!]

1. (SBU) RESUMO. Depois de terem sido largamente cooptados pelo governo do ex-presidente Nestor Kirchner (NK), alguns grupos argentinos de protesto social – “piqueteros” – começaram a distanciar-se do governo da atual presidente Cristina Fernandez de Kirchner (CFK). Continuam a ser força considerável, mas não é claro o papel que tenham nas eleições para o Congresso em 2009, de meio de mandato. É possível que o governo tenha dado aos movimentos o suficiente para preservar seu apoio, mas não o suficiente para obter deles mobilização ativa. 

Esse telegrama analisa a história dos piqueteros e sua ligação com os governos Kirchner. Outro telegrama traçará o perfil dos principais líderes e examinará o papel e a posição de alguns dos grupos nas questões chaves.

2. (SBU) Como parte dos esforços atuais da Embaixada para atingir um amplo espectro da sociedade argentina, a Embaixada organizou recentemente uma série de encontros com os principais líderes piqueteros. Esse movimento social amorfo trouxe à tona as preocupações e demandas da grande classe baixa [orig. under-class] e também desempenhou papel na amplificação do poder político dos Kirchners, em parte mediante passeatas, bloqueios de estradas e ruas e boicotes. Para muitos argentinos, a condescendência do Governo Argentino com as táticas dos piqueteros, muitas vezes ilegais, sobretudo os bloqueios de estradas, é vista como estímulo a uma cultura de ilegalidade e intimidação.
FIM DO SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 

Quem são os piqueteros?

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3. (SBU) Há mais de uma década, a Argentina tem experienciado protestos organizados e ativismo social de movimentos chamados “piqueteros”, palavra que, literalmente, significa “picketers”.  Esses grupos, que primariamente representam cidadãos desempregados, recebem benefícios do governo nacional, a serem distribuídos entre os membros (150-200 pesos/mês, cerca de US$40-53), em troca de trabalharem de 20 a 40 horas semanais em trabalhos de assistência social. Segundo estatísticas oficiais de 2007, o plano de assistência familiar beneficiou 504.784 famílias, que inclui 1.766.744 crianças. Líderes piqueteros locais acreditam que o número real de beneficiados caiu, quando a economia argentina começou a recuperar-se da crise econômica pela qual passou em 2001. Estimam que apenas 800 mil argentinos beneficiam-se hoje desses programas, e não há estatísticas oficiais depois de 2007. 

4. (SBU) As organizações de piqueteros passaram a ganhar maior controle sobre os próprios fundos durante o governo do ex-presidente Fernando de la Rua's (1999-2001).  Planos de benefícios foram inicialmente pagos pelo governo federal, diretamente dos governos locais aos beneficiários. Mas no governo de De la Rua, 10% dos benefícios eram distribuídos diretamente através das organizações de piqueteros registradas. Segundo especialistas argentinos, De la Rua tentava limitar opiquetero power, exigindo que se registrassem para receber os benefícios. Mas, no processo de ‘legalizá-los’, deu aos grupos acesso direto e controle sobre seus programas de trabalho. Com algum controle financeiro, muitos grupos concentraram-se em preservar e ampliar os próprios fundos mediante negociação e protestos com os governos locais e federais.

5. (SBU) Hoje, há cerca de 60 diferentes organizações de piqueteros na Argentina, a maioria registrada nos subúrbios mais pobres de Buenos Aires. Segundo relatório de 2002 da UNDP, há pelo menos três tipos de grupos piqueteros: os que lutam por subsídios para emergências sociais; os que procuram atender necessidades coletivas das comunidades; e os que promovem a criação de micronegócios. Os cinco maiores são a Federation of Land and Housing (FTV), com 125 mil membros, dirigida pelo mais famoso dos piqueteros, Luis D’Elia, aliado de Kirchner; a Classicist and Combative Current (CCC), com 70 mil membros; o Integrated Movement of Retired and  Unemployed Persons (MIJD) com 60 mil membros; o Standing  Neighborhoods (Barrios de Pie) com 60 mil membros e o Worker Pole, com 25 mil membros. O MTD Evita é menor que os demais grupos, mas seu líder Emilio Persico, estridente apoiador dos Kirchners e ex-subprefeito de Buenos Aires no governo do ex-governador Felipe Sola, é quase sempre capaz de mobilizar cerca de 2.000 pessoas em manifestações pró-governo. 

Muitos desses grupos foram (e muitos ainda são) aliados da confederação (não oficial) de trabalhadores argentinos –  Argentine Workers Central (CTA). Grupospiqueteros de oposição são quase sempre mais à esquerda, mas os piqueteros pro-Kirchner, embora ainda esquerdistas e virulentamente antiamericanos, mostraram maior flexibilidade. 

Muitos grupos, independente da relação que mantenham com o governo Kirchner, são ligados ao governo, por causa dos subsídios que recebem. O MTD em La Matanza (importante distrito eleitoral nos arredores mais pobres da província de Buenos Aires) é exceção: recusaram qualquer tipo de ajuda financeira do governo.

Quais os objetivos dos piqueteros ?

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6. (SBU) Muitos líderes piqueteros aproximam-se de funcionários do governo com um único claro objetivo: conseguir mais subsídios, para ampliar o número de filiados. Se não são atendidos, põem-se a bloquear estradas e ruas e fazem manifestações de rua. Analistas locais observam que anos eleitorais, como agora, com eleições de meio de mandato marcadas para 28 de junho, são particularmente propícios aos piqueteros, porque interessa ao governo manter baixo o nível de conflito, para obter o maior número possível de votos. 

Os piqueteros e os Kirchners

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7. (SBU) O ex-presidente Nestor Kirchner (NK) viu no movimento piquetero um meio para mobilizar apoio para seu governo, na base eleitoral dos mais pobres. Conquistou o apoio de alguns grupos piqueteros quando liberou as manifestações de rua e incluiu mais de 50 líderes piqueteros nos governos nacional e locais. A atitude de NK contrasta fortemente com a ação policial contra as manifestações que aconteceram durante os governos dos ex-presidentes Fernando De la Rua (1999-2001) e Eduardo Duhalde (2002-2003). NK também abriu os cofres para obter a lealdade dos piqueteros, operação mediante a qual conquistou a cooperação de metade dos grupos piqueteros existentes (FTV, Barrios de Pie e MTD Evita) para que se manifestem a favor do governo ou mobilizem-se em apoio a seu governo. 

8. (SBU) Embora os piqueteros tenham alcançado maior reconhecimento oficial pelo governo nacional desde que os Kirchners chegaram ao poder pela primeira vez em 2003, parecem ter-se afastado do poder no governo da presidente Cristina  Fernandez de Kirchner (CFK). Piqueteros que antes apoiavam Nestor estão-se afastando de Cristina, e alguns já romperam completamente e abertamente cortejam outros partidos para as eleições de junho. Dos cindo principais grupospiqueteros, só a FTV [Frente Trabajo y Vivienda, “Frente pelo Trabalho e por Moradia”] permanece firmemente alinhada com os Kirchners. E também esse grupo parece vacilar. O líder Luis D' Elia disputa atualmente, com NK, para obter mais espaço na lista oficial de candidatos às eleições parlamentares de meio de mandato. 

Origens do movimento

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9. (SBU) O movimento dos piqueteros começou nos anos 1990s, quando a Argentina conheceu altos níveis de desemprego (18%) e muitas empresas estatais foram privatizadas. As primeiras manifestações de piqueteros aconteceram no final de 1996/início de 1997, por desempregados nas refinarias de petróleo em Salta e Neuquen. Os manifestantes bloquearam estradas, inclusive uma estrada federal e exigiram serem recontratados ou novos empregos. Os manifestantes recusaram-se a dispersar, até que o governador da província apresentou plano para criar novos empregos. Embora esses primeiros manifestantes não fossem ligados a partidos ou organizações sociais ou políticas, o sucesso daqueles movimento gerou um padrão de manifestações dos movimentos de ativismo social. As organizações sociais não só assumiram o nome “piquetero”, mas, também, adotaram as táticas dos ‘petroleiros’, trabalhadores dos sindicatos das refinarias de petróleo. Em pouco tempo a tática de bloquear estradas aumentou, na Argentina, de 27 bloqueios em 1997 na província de Buenos Aires, para um total de 7.269 protestos em 2005, segundo pesquisadores argentinos.  

10. (SBU) O movimento tirou o nome dos protestos dos ‘petroleiros’, e o primeiro plano de subsídio para trabalhadores desempregados foi implementado no início dos anos 1990s. O ex-presidente Carlos Menem implementou o primeiro projeto de criar empregos em 1993, por causa do crescente desemprego gerado por suas políticas de privatização. Em 2002, o presidente Eduardo Duhalde,  respondendo ao desemprego que alcançava 33%, criou o “Plano para Chefes de Família Desempregados” (PJJHD), pelo qual dois milhões de chefes de família argentinos recebiam benefícios do governo em 2003, segundo historiadores argentinos dos movimentos sociais.  NK converteu esse PJJHD em três planos: um plano de ajuda às famílias, um plano de seguridade alimentar e um plano para desenvolvimento socioeconômico local.  

11. (C) COMENTÁRIO: Os argentinos, sem dúvida alguma, têm opiniões divergentes sobre os piqueteros Muitos dos mais pobres encontram nos movimentospiqueteros um ajuda mínima que garante a sobrevivência e instrumento legítimo de protesto político. Outros, sobretudo as classes média e alta, veem os piqueteroscomo agitadores sem causa, em alguns casos, nihilistas. No passado, foram arma poderosa nas mãos dos Kirchners, mas em contexto de muito menos tolerância, nas eleições de junho, a Victory Front parece pouco inclinada a mobilizar seus piqueteros (o que explica a recente rixa entre NK e D'Elia). As principais preocupações dos eleitores, como se constata em muitas pesquisas de opinião, são, hoje, a segurança e o alto número de crimes. Por seus piqueteros na rua, bloqueando estradas, e metendo medo nos eleitores, não parece ser tática eleitoral indicada no atual clima. [assina KELLY]

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