domingo, 20 de março de 2011

Egípcios votam em massa em referendo histórico sobre reformas

20/3/2011, Al-Manar TV, Líbano 
Traduzido e comentado pelo pessoal da Vila Vudu

Entreouvido na Vila Vudu e na Praça Tahrir:

“O caminho da democracia é dificílimo sempre. Mas fica ainda muito mais difícil, se nem os EUA nem a ONU nem a imprensa-empresa confiam na democracia e só confiam na força das armas. 
O que hoje acontece no Egito, por difícil que seja, é mil vezes mais fácil e mata mil vezes menos gente, que a ‘solução’ da guerra, que os EUA/OTAN impuseram ao povo da Líbia. 
Gaddafi não é importante. É um ditador a mais, e as guerras de EUA/OTAN só fazem trocar um ditador, por outro, há CINQUENTA ANOS. 
O povo árabe já aprendeu a derrubar todos os ditadores que apareçam por lá, e o que não sabia antes, aprenderá agora, PACIFICAMENTE. 
Como as praças árabes ensinam hoje, “é normal que haja confusão e tumulto, quando os egípcios votam pela primeira vez NA VIDA, em eleições cujo resultado não foi acertado na véspera”. 
Só as praças têm e ensinam essa sabedoria clara, mais eloqüente que cem mil bombas.
Basta, pra que todo o mundo aprenda essa verdade clara, que EUA/OTAN não se metam.”

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Eleições no Egito
Os egípcios acorreram em massa às urnas hoje, pela primeira vez desde que a Praça Tahrir derrubou Hosni Mubarak, para votar no referendum reformas políticas, A votação foi tumultuada por ataque contra um dos candidatos virtuais à presidência, Mohamed El Baradei.

Os jovens agrediram com pedradas o ex-chefe da Agência Internacional de Energia Atômica da ONU, quando El Baradei tentava votar no referendo constitucional que decidirá se haverá eleições imediatas no Egito, ou se o país esperará pela reforma da Constituição.

“Não queremos você! Não queremos você” – gritava um grupo de cerca de 60 manifestantes, a maioria dos quais adolescentes. “Fui votar com minha família e fomos agredidos”, El Baradei escreveu pelo Twitter. “Ainda há figuras do governo Mubarak, minando a revolução”, disse ele.

Explicação alternativa pode ser que os jovens identificam em El-Baradei o agente que fiscalizou obcecadamente as instalações seguríssimas dos reatores nucleares iranianos e NÃO VIU que os reatores japoneses não foram construídos para resistir a terremotos perfeitamente previsíveis no Japão e que, até hoje NUNCA danificaram reatores iranianos.

Propaganda Eleitoral
Outros observadores disseram que é normal que haja algum tumulto, quando os egípcios votam, pela primeira vez na vida, em eleições cujos resultados não foram combinados na véspera. 

Os eleitores foram consultados sobre se aprovam ou rejeitam as reformas já propostas por uma comissão de juízes indicada pela junta militar do governo de transição, que recomenda que as eleições sejam realizadas em futuro mais distante, depois de haverem prometido eleições imediatas. 

O referendo dividiu os egípcios entre os que entendem que a Constituição tem de ser completamente reescrita (“reformistas”), e os que entendem que, por hora, basta que se emendem alguns artigos (“emendistas”).

A Fraternidade Muçulmana alinhou-se com os “emendistas”, apoiando a via das emendas-já e eleições-já. Com isso, a Fraternidade Muçulmana ficou em posição de oposição a grupos seculares “reformistas” que desejam reescrever a Constituição com eleições adiadas para depois de aprovada a nova constituição, entre os quais estão grupos de El Baradei e do presidente da Liga Árabe Amr Moussa, que também é candidato à presidência.

Remanescentes do Partido Nacional Democrático de Mubarak (NDP) também manifestaram apoio a ideia de emendar-se a atual constituição. Todos esses, segundo os que pregam que se reescreva a Constituição, são vistos como ameaça a qualquer mudança profunda que, agora ficaria adiada, se o referendo decidir que só se façam  emendas à atual Constituição.

2 comentários:

  1. (Comentário enviado por e-mail e postado por Castor)

    "Reformistas" X "emendistas" egípcios...será que Rousseau tinha razão, ao indicar que democracias eleitorais só fazem substituir a Vontade Geral das monarquias tirânico-ditatoriais pela Vontade Corporativa dos eleitos? Os que desceram às ruas do Cairo, de Alexandria, Suez, Porto Said e demais cidades, como em outros episódios históricos e noutras paragens, tinham sede de liberdade, jamais de "metodologias eleiçoeiras", farsas da democracia.

    Elas não passam de um mecanismo de manipulação dos eleitores para, em aparente substituição de líderes, a assemelhados e parceiros destes entregar o poder permanente. Nos EUA, eleições são um show publicitário-propagandístico para botar no poder um texano tresloucado e ignorante que guerreia contra povos empobrecidos e substituí-lo por um havaiano "scholar" que faz o mesmo, continuando as invasões e ocupações no Iraque, Afeganistão e agora Paquistão, e bombardeia "sem piedade" (diz), pela quarta vez desde 1801 (!) - agora com mísseis Tomahawk -, um país secularmente dividido em tribos, quase todo desértico, de apenas 6.2 milhões de habitantes.

    Será que Marx e Engels tinham mesmo razão, ao qualificarem eleições como sistema de conciliação de interesses da burguesia atrás da folha de parreira dos parlamentos?

    Abraços do
    Arnaldo C.

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  2. Faz sentido a sua pergunta.

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