Novos protestos populares aconteceram no sultanato de Omã esta semana, seguindo uma onda de manifestações que pedem democracia em todo o mundo árabe. Os manifestantes exigem mais empregos e reformas políticas. Os partidos políticos estão proibidos em Omã, e o sultão Qabus exerce o poder absoluto.
ARTIGO | 6 MARÇO, 2011 - 16:58
Em Omã, os manifestantes exigem mais empregos e reformas políticas.
Sohar, Omã, 4/3/2011 – A habitual tranquilidade na cidade portuária de Sohar, no Norte, foi abalada nos últimos dias. Testemunhas disseram que soldados dispararam para o ar e feriram uma pessoa, no dia 1, quando tentavam dispersar uma multidão que protestava perto dessa cidade. “Éramos entre 200 e 300 pessoas na estrada. O Exército começou a disparar para o ar”, contou um dos manifestantes. “Muitas pessoas correram. O homem atingido tentava acalmar o Exército”, acrescentou.
A multidão dispersou-se, somente para se reagrupar na Praça Globe, perto do Porto, e as tropas se retiraram, segundo testemunhas. Mais tarde, o tráfego começou a fluir livremente no Porto, e na Praça ficaram estacionados cinco blindados, mas os manifestantes tinham desaparecido. Era o quarto dia de protestos em Omã. Os manifestantes exigem mais empregos e reformas políticas. No dia 28 de Fevereiro, eles bloquearam a entrada do Porto de Sohar, que exporta diariamente 160 mil barris de 159 litros cada de petróleo refinado.
Também foram registrados pequenos protestos na capital, Mascate. Cerca de 300 pessoas manifestaram diante da sede da Assembleia Consultiva do Sultanato, no dia 1, exigindo reformas e o fim da corrupção. O protesto foi organizado por intelectuais e organizações da sociedade civil. Os manifestantes carregavam cartazes onde se lia “queremos empregos”, “queremos salários melhores”, e “queremos liberdade de imprensa”.
Enquanto isso, cerca de duas mil pessoas reuniram numa mesquita para expressar o seu apoio à monarquia absoluta do sultão Qabus bin Said, que governa este país há quatro décadas. Os seus partidários responsabilizaram os manifestantes pela violência desta semana. No dia 27 de Fevereiro, numa tentativa de acalmar as tensões, o sultão prometeu criar 50 mil novos empregos, fornecer ajuda aos desempregados no valor de 390 dólares mensais e considerar uma ampliação dos poderes da Assembleia Consultiva, que exerce apenas a função de assessoria.
Houve informes desencontrados sobre o número de mortos nos confrontos de Sohar no dia 27, quando a polícia abriu fogo contra os manifestantes que atiravam pedras, após tentar dispersá-los com cassetetes e gás lacrimogêneo. O Ministério da Saúde informou que uma pessoa morreu, mas um médico e várias enfermeiras de um hospital estatal asseguraram que houve seis vítimas fatais. “Estamos em contacto com o governo e aconselhamos a contenção e a resolução dos conflitos por meio do diálogo”, disse no dia 28 o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, P. J. Crowley.
Os partidos políticos estão proibidos em Omã, e o sultão Qabus exerce o poder absoluto. O monarca reorganizou o seu gabinete no dia 26 de Fevereiro, uma semana depois dos protestos em Mascate darem o primeiro sinal de que o descontentamento popular em todo o mundo árabe poderia chegar a Omã. Este país integra a Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP), produz 850 mil barris diários e tem fortes vínculos militares e políticos com o Ocidente.
Em alguns países árabes ricos da região, como a Arábia Saudita e o Kuwait, as autoridades prometeram milhares de milhões de dólares em benefícios públicos e ofereceram modestas reformas para manter a calma dos seus habitantes, depois de movimentos populares derrubarem os governos da Tunísia e do Egito.
Artigo de correspondentes da IPS. Envolverde/IPS
Extraído do sítio Esquerda.net
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Registre seus comentários com seu nome ou apelido. Não utilize o anonimato. Não serão permitidos comentários com "links" ou que contenham o símbolo @.