18-20/4/2014, Coronel
(aposentado) [*] Douglas Macgregor, Counterpunch
Traduzido pelo pessoal da
Vila Vudu
Entreouvido
na Tendinha do Pecado (depois da tradução) na Vila Vudu: Hoje,
procurando pela coluna que um “embaixador” Jeffrey escreveu e o Washington
Post publicou, e que um coronel norte-americano criticou em Counterpunch,
para citar corretamente a fonte da coluna criticada, encontramos a pérola que abaixo se vê. Contando, ninguém acredita. Então
aí vai a prova, da tela fotografada (abaixo)
e “link” a seguir:
15/4/2014,
Washington Post, James Jeffrey em: “U.S.
should send troops to quell Ukraine crisis”.
Comentário da Chica Munda, pasteleira da Vila Vudu: Coitado do coronel
Macgregor, veterano da Guerra do Vietnã, e agora, depois de velho, já trocado
por infantaria privatizada de mercenários, e, pra piorar, obrigado a ler as
loucuras do Washington Post de Obama-Nuland-Kerry-Hilária & canalha
adjunta…
Correção: Por
um erro de edição, a coluna de James Jeffrey dizia que um deslocamento por
terra, de soldados norte-americanos (coturnos em solo) “para a Ucrânia hoje
pode mudar as percepções dos dois lados”.
O autor
referia-se a áreas das fronteiras da Ucrânia, não à Ucrânia. De fato, deveria
ter escrito que “um deslocamento por terra na atual crise com a Rússia pode mudar
as percepções dos dois lados”. Além do que, o autor foi apresentado como
embaixador no Kuwait, de 1996
a 1999. Não esteve lá como embaixador, mas como
vice-chefe de missão. A versão hoje publicada foi atualizada”.
______________________________________
James Jeffrey |
Em coluna
assinada, publicada dia 15 de abril no Washington Post, o
ex-embaixador e ex-vice-Conselheiro de Segurança Nacional de Bush, James
Jeffrey, agora sócio do Washington
Institute, prega que se enviem forças terrestres (‘coturnos em solo’),
soldados norte-americanos, para “resolver a crise” na Ucrânia.
Em mais um triunfo do aventureirismo
militar irrefletido, sobre algum pensamento de estadista, o embaixador Jeffrey
parece supor que o Sr. Putin ficará impressionadíssimo, se se deparar com o
surgimento gradual de algumas unidades terrestres armadas dos EUA na fronteira
da Rússia. Simultaneamente, como também o secretário Kerry, o embaixador
Jeffrey ignora a simples verdade de que o Sr. Putin está fazendo um favor ao
ocidente. (...)
A boa notícia é que o Sr. Putin está
criando as condições para a emergência de uma Ucrânia livre, democrática e
menor, além de demograficamente mais homogênea. (...) Os ucranianos do oeste
devem poder unir-se à União Europeia, se assim decidirem, sem serem obrigados a
unir-se à OTAN. (...) Nenhuma dessas propostas implica confronto militar entre
a Rússia e o ocidente.
Infelizmente, em vez de procurar solução
com a qual o povo da região possa viver, o embaixador Jeffrey quer aumentar as
tensões. A ideia do embaixador, de que soldados norte-americanos “resolverão” a
crise é pior que ingênua. A recomendação de Jeffrey é perigosa e temerária.
A menos que os EUA pudessem mandar 150
mil soldados, pelo menos 50 mil nos primeiros 30 dias, o que Jeffrey sugere é
receita de desastre. Sem essa força-núcleo, alemães, poloneses, lituanos, latvianos,
estonianos, eslovacos e húngaros não têm nem esperança de reunir número
equivalente de soldados. Mais importante: a força norte-americana teria de ser
pesadamente blindada e incluir quantidade substancial de artilharia de
foguetes, unidades de mísseis de defesa aérea, além de elementos de logística.
Evidentemente, o embaixador não sabe que
já não existe, nos EUA, tamanha força de ataque por terra.
Graças aos últimos 12 anos de lideranças
políticas e militares soberbamente incapazes, os soldados e “coturnos em terra”
com que os EUA contavam foram desperdiçados no Iraque e no Afeganistão. Hoje,
as forças recrutadas para o exército terrestre, como também a infantaria leve
do Exército e da Marinha, são absolutamente incapazes de fazer frente às forças
terrestres russas, em nenhum ponto da Europa Central ou do Leste, sem se
exporem à aniquilação certa.
Quanto à suposta superioridade
convencional dos EUA, que o mundo vê policiar árabes e afegãos, mas sem
infantaria, sem força aérea, sem defesas aéreas e sem mísseis, não é exatamente
o que os russos entendem por “superioridade militar”.
Se o “aconselhamento” do embaixador
Jeffrey é o melhor que o Departamento de Estado consegue produzir, os EUA estão
em situação muito problemática. Lideranças políticas e militares como o
embaixador Jeffrey, que se voltam para o poder militar em busca de “soluções”,
sempre contam com que os militares trabalham rápido e bem. Mas nunca se lembram
de oferecer respostas realistas às questões de objetivo estratégico, método e
estado final, antes e durante as operações militares.
Nesse caso, o embaixador Jeffrey quer
usar soldados norte-americanos que não existem, onde eles não são necessários.
Pior que isso: o embaixador não sabe que o Exército e a Marinha dos EUA já não têm
as capacidades de combate que teria de ter se Washington tivesse de fazer o que
o embaixador sugere.
Boa estratégia militar consiste em saber
quando usar poder militar e quando não usar poder militar. Infelizmente, o
embaixador Jeffrey é exemplo do problema que aflige o pensamento dos políticos:
as decisões nacionais nos EUA são mais frequentemente modeladas pela capacidade
militar para agir (que já não há), que pela necessidade estratégica de agir (da
qual ninguém ouve falar).
[*] O coronel (aposentado) Douglas Macgregor
é veterano condecorado da Guerra do Vietnã, pós-graduado e autor de cinco
livros, o mais recente dos quais é Warrior’s Rage: The Great Tank Battle of 73 Easting. Obteve seu Ph.D. em Relações
Internacionais na University of Virginia.
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