domingo, 13 de abril de 2014

O que querem os Irmãos Koch?

O que quer Gerdau?

12/4/2014,  Bernie Sanders, Senador [Independente] por Vermont, EUA
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Jorge Gerdau Johannpeter

Entreouvido na tenda do Deiztão na Vila Vudu: Gerdau convoca rebelião. “Tem de se rebelar, gente!” no 22º Fórum da Liberdade, de empresários, em Porto Alegre, 3ª-feira, 7/4/2014. No Estadão, em: Jorge Gerdau sugere que população se “rebele”.

Ver também:
·        – 3/9/2010, redecastorphoto em: “Os irmãos bilionários que comandam a guerra contra Obama,
·        – 9/12/2011, John Nichols, The Nation, redecastorphoto em: Irmãos Koch e ALEC: assalto selvagem contra a democracia,
·        – 15/3/2013, Esther Zuckerman, Atlantic Wire, redecastorphoto em: Acontece nos EUA: Os irmãos Koch disputarão com a Grande Grana da ‘left-EUA’ o controle do mercado de mídia.

Os Irmãos Koch (Charles e David)
Como resultado da desastrosa decisão “Cidadãos Unidos” da Suprema Corte, bilionários e grandes empresas podem agora gastar quantidades ilimitadas de dinheiro para influenciar o processo político.

Talvez os maiores vencedores no caso “Cidadão Unidos” sejam Charles e David Koch, proprietários da segunda maior empresa privada dos EUA, as Indústrias Koch.

Dentre outras coisas, os irmãos Koch são proprietários de refinarias de petróleo no Texas, Alaska e Minnesota e controlam 4 mil milhas de oleodutos.

Segundo a revista Forbes, os irmãos Koch valem hoje 80 bilhões de dólares; só no último ano, a fortuna deles cresceu 12 bilhões.

Para os irmãos, a fortuna de 80 bilhões de dólares, ao que parece, ainda é pouco. Serem donos da segunda maior empresa privada dos EUA ainda é pouco. Ao que se está vendo, só se darão por satisfeitos quando controlarem completamente todo o processo político.

É fato bem conhecido que os irmãos Koch são a principal fonte de dinheiro para o Tea Party e estão contra o “Affordable Care Act”.

O que mais querem os irmãos Koch?

Em 1980, David Koch concorreu à vice-presidência, candidato pelo Partido Libertarista-EUA [orig. Libertarian Party]. [1]

Examinemos a plataforma do Partido Libertarista-EUA, em 1980.

Aqui, apenas alguns itens da plataforma do Partido Libertarista-EUA, que David Koch defendia em 1980:


  • – Somos contra o financiamento público de campanhas eleitorais e pela imediata extinção da despótica Comissão Eleitoral Federal.
  • – Somos a favor da abolição de toda a assistência pública à saúde [orig. programs Medicare and Medicaid].
  • – Somos contra qualquer seguro de saúde apoiado por impostos para dar assistência gratuita à saúde, inclusive os que mantêm serviços públicos de aborto. – Somos a favor da total desregulação de toda a indústria privada de serviços de saúde.
  • – Somos contra o sistema Público de Assistência à Saúde, que é fraudulento, está virtualmente falido e é cada dia mais autoritário e opressor. A adesão à Assistência Social tem de ser voluntária.
  • – Propomos a extinção do Serviço Público de Correios. O atual sistema, além de ineficiente, facilita a vigilância, pelo Estado, da correspondência privada. Exigimos o fim do sistema de monopólio, e que todo o sistema postal seja aberto à iniciativa privada.
  • – Somos contra todos os impostos, pessoais e empresarias, inclusive todos os impostos sobre ganhos de capital.
  • – Apoiamos a rejeição a todos os impostos, de todos os tipos.
  • – Como medida a ser tomada imediatamente, todas as sanções civis e criminais contra a sonegação de impostos devem ser abolidas.
  • – Apoiamos a rejeição de todas as leis que impedem as pessoas de conseguirem emprego, como as leis o salário mínimo.
  • – Defendemos a completa separação entre educação e Estado. Escolas coordenadas e comandadas pelo Estado são agentes de doutrinação das crianças e interferem com o direito ao livre arbítrio dos indivíduos. Devem ser imediatamente extintas toda e qualquer propriedade estatal, a operação, a regulação e todos os subsídios a escolas e universidades.
  • – Todas as leis sobre educação compulsória devem ser imediatamente abolidas.
  • – Apoiamos a luta contra todos os impostos aplicados a escolas e universidades privadas, sejam orientadas ao lucro, ou não.
  • – A Agência de Proteção Ambiental deve ser abolida.
  • – O Ministério da Energia deve ser extinto.
  • – Devem ser extintas todas as agências governamentais ligadas ao transporte, inclusive o Ministério dos Transportes.
  • – Exigimos que o sistema ferroviário dos EUA seja devolvido à propriedade privada. Todas as estradas, ferroviárias e rodoviárias, devem ser privatizadas.
  • – Rejeitamos e nos opomos a todas as leis que tornam obrigatório o uso do chamado “equipamento de autoproteção”, como cintos de segurança, air bags, ou capacetes.
  • – Defendemos a abolição da Agência de Aviação Civil.
  • – Defendemos a abolição da Agência Reguladora de Alimentos e Medicamentos.
  • – Apoiamos o fim de todos os subsídios à criação de filhos que há em nossas leis atuais, inclusive os serviços de bem-estar e outros orientados para crianças e mantidos com impostos.
  • – “Nos opomos a todos os serviços oficiais de bem-estar, projetos de apoio e a todos os programas de ‘ajuda aos mais pobres’. Todos esses programas são paternalistas, atentam contra a privacidade das pessoas e não funcionam. A fonte correta de ajuda aos necessitados são os esforços voluntáros de grupos privados e de indivíduos que se dediquem à caridade.
  • – Exigimos a privatização de todos os mananciais de água e rios, e de todos os sistemas de distribuição que levam água a indústrias, à agricultura e aos lares.
  • – Exigimos a rejeição da proposta de lei “Segurança do Trabalho e Assistência à Saúde do Trabalhador” [orig. Occupational Safety and Health Act].
  • – Exigimos a abolição da Comissão de Proteção ao Consumidor.
  • – Exigimos o fim de todas as leis de usura que privilegiam o Estado.

Quer dizer: a agenda dos irmãos Koch não visa apenas a extinguir o Obamacare, por lhe retirar todas as fontes de financiamento. A agenda dos irmãos Koch visa a pôr fim a todas as leis votadas e aprovadas ao longo de 80 anos nos EUA, para proteger a classe média, os idosos, as crianças, os doentes e os cidadãos mais vulneráveis dos EUA.

É claro que os irmãos Koch e outros bilionários de direita estão no controle do Partido Republicano.

A Suprema Corte dos EUA
E por causa da desastrosa decisão da Suprema Corte, que autoriza as grandes empresas a dar quantidades ilimitadas de dinheiro para campanhas eleitorais, eles agora podem gastar o quanto queiram para comprar a Câmara de Deputados, o Senado e o próximo presidente dos EUA.

Se forem deixados à solta para sequestrar o processo político nos EUA e cortar todas as vias de dinheiro que mantêm o Obamacare, em seguida voltarão, querendo mais.

Amanhã será a Seguridade Social, o fim da assistência pública à saúde como a conhecemos, o fim do salário mínimo. Minha impressão é que os irmãos Koch não pararão, até conseguir tudo o que acham que merecem.

Nossa grande nação não pode ser sequestrada por bilionários de direita como os irmãos Koch.

Em nome de nossos filhos e netos, em nome de nossa economia, temos de fazer prevalecer a democracia.

________________

Nota dos tradutores:

[1] Atenção: Traduzimos a expressão libertarian, por “libertarista-EUA”, para tentar fugir da confusão com “libertário”, expressão que, em português, sempre esteve associada ao anarquismo comunista. Os libertaristas-EUA são a extrema direita. No Brasil, os “black-bloc” fascistas são libertaristas, mas não são libertários.

Nos EUA, se o cara não for um diabão da falange do Pastor (Malafaia) Maldito e/ou da falange da Blogueira Cubana Nefanda, ele já é apresentado como progressista. E se, dentre os progressistas, ele não for um Obama acuado pelo Complexo Industrial-Militar e rendido ao dinheiro dos sionistas, pronto: já é apresentado como se fosse “Left” [“esquerda”] (podendo, num ou noutro caso ser apresentado – e logo apagado do mundo que a grande imprensa-empresa conservadora inventa – como um “radical”).

É quase impossível traduzir essas designações genéricas, porque quando, nos EUA, se diz liberal, fala-se exclusivamente de liberais progressistas (e o conceito muitas vezes aproxima-se de uma quase-esquerda burguesa, democrática, metida a “ética”; às vezes, até, aproxima-se de alguma esquerda revolucionária). Se o sujeito estiver um centímetro à esquerda do Khaganato dos Nulands, pá! Já é dito “liberal”, nos EUA.

Quando se diz libertarian nos EUA, fala-se dos malucos do Tea Party, ditos “libertários” porque querem total liberdade pra fazer o que lhes dê nas telhas individualistas, sempre resistindo contra o Estado. Tá cheio de libertarians, nos EUA, que batalham a favor de cada cidadão ter seu canhão privado, em casa, pra poder atirar no coletor de impostos que chegue à sua porta, e em qualquer preto que lhe pareça ameaçador (para os libertarian à americana, todos os pretos são ameaçadores). (Nota redigida para 15/3/2013, Esther Zuckerman, Atlantic Wire, redecastorphoto em: Acontece nos EUA: Os irmãos Koch disputarão com a Grande Grana da left-EUA o controle do mercado de mídia, aqui reaproveitada).


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