domingo, 22 de março de 2015

Espanha: “Só há dignidade com o povo no poder”


Marcha da Dignidade, Madrid


21/3/2015, Red Network, Workers’s World
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu


A Marcha da Dignidade percorreu 600 km até chegar em Madri, onde reuniu mais de 2 milhões de manifestantes

Mais uma vez exigimos que os que causaram a crise paguem por ela.

Uma dívida impagável nos esmaga, nós, que sofremos todos os dias a mais insuportável insegurança no trabalho; a privatização e o desmanche da saúde e da educação; o adiamento da idade mínima para aposentadoria; o fim da ajuda para dependentes; e nossos milhões de desempregados que valem menos que nada, para os que estão no poder.

As medidas de arrocho [orig. “austeridade”] e os cortes estão sendo usados para pagar uma dívida que foi gerada para salvar a gangue de banqueiros, grandes empresários e seus vassalos na Assembleia Nacional, que jogam xadrez com nossa vida.

Além de encherem os bolsos com o nosso sofrimento, essa gente espera que baixemos a cabeça e, em silêncio, nos deixemos matar. É o que nos recusamos a fazer.

Não estamos absolutamente nem perto de satisfeitos com só ouvir falar de “reestruturação” ou “auditagens” da tal dívida. Não podemos nos deter em meias medidas, quando nossa vida está em jogo, quando não cabe já dúvida alguma de que essa dívida é a causa direta dos despejos criminosos, do desemprego sem fim e do recuo até nos passos modestos que já haviam sido tomados contra a violência doméstica que condena tantas mulheres ao terror e sofrimento diários e à morte.

Decidir que “Não ao pagamento da dívida” não é ‘'encaminhamento técnico'’. É ação que o povo pode tomar, para fazer valer o direito de decidir sobre a própria vida.

Espanha- Marcha da Dignidade (21/3/2015)
(clique na imagem para aumentar)
Em tempos como os que vemos hoje, é compreensível que tantos ainda se iludam com na esperança de que alguma eleição traga alguma “vitória”, que possamos “derrubar o Partido Popular [da direita]” ou “nos livrar do estrato mais rico”. Mas é preciso mais que eleições.

Ninguém dos envolvidos em novas iniciativas eleitorais está falando contra as leis nacionais e europeias que obrigam, antes de qualquer outra medida, a pagar essa dívida ilegítima e criminosa. Não basta qualquer boa vontade. Não basta que um outro seja honesto.

Prova disso é que a vitória do SYRIZA na Grécia não conseguiu impedir nenhuma das medidas que a Troika [Comissão Europeia, FMI e Banco Central Europeu] tomou contra o povo grego. Logo se vê quem manda na Grécia: é a ditadura da União Europeia. Essa ‘'democracia'’ não passa de fantasia, de ilusão.

De fato, nem mesmo essa manifestação, embora necessária, é suficiente. Não basta nos juntar e declarar que queremos “Pão, Trabalho e Moradia” – coisas que só serão possíveis depois de já termos decidido não pagar a dívida assassina – ou fazer uma grande e bela manifestação de dignidade.

Como já se viu na Grécia, como se vê todos os dias nas ruas, banqueiros e grandes empresários não desistirão de forrar os próprios bolsos com a nossa boa vontade.

Temos de nos unir, organizar os bairros, as vilas, as cidades, nas empresas e nas escolas e atacarmos todos juntos, um só golpe, todos ao mesmo tempo.

Chegada da Marcha em Madri na manhã de 21/3/2014
Temos de unificar nossas lutas, só o povo unido, só o povo que trabalha e sofre junto, e organizado para lutar junto, conseguirá impor políticas que trabalhem a nosso favor.

Votar não basta. O povo tem de organizar-se. Porque o direito de mandar é direito exclusivo do povo organizado. E então, sim, conseguiremos viver com dignidade.

Red Network, 21/3/2015.

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