quarta-feira, 18 de março de 2015

Principais aliados ignoram pedidos dos EUA e unem-se ao Banco de Desenvolvimento da China

17/3/2015, [*] Yves Smith, Naked Capitalism
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu




Entreouvido na Boca do Fino na Vila Vudu: O Brasil seria muuuuito mais bem informado, mais ilustrado, menos ignorante, mais sábio, menos fascista-burrão, se NÃO EXISTISSEM os “veículos” do Grupo GAFE (Globo-Abril-FSP-Estadão), sempre a repetir bobajol de segunda-mão pró-EUA à moda da Guerra Fria.
E que ninguém se iluda: o jornalismo nos EUA é INFINITAMENTE MELHOR que o jornalismo de péssima qualidade que a empresa-imprensa “Grupo GAFE (Globo-Abril-FSP-Estadão)” impinge a consumidores pagantes no Brasil. Na verdade, o jornalismo brasileiro, em 2015, está entre os PIORES do mundo. Acredite.
#Dê umDELnoGrupoGAFE


Aqui quem lhes fala é Yves. A história principal apareceu no Financial Times, “Europeus desafiam EUA e unem-se ao novo Banco de Desenvolvimento liderado pela China”. Principais parágrafos do artigo:

França, Alemanha e Itália todos concordaram em acompanhar a Grã-Bretanha e unir-se ao banco de desenvolvimento internacional liderado pela China, segundo declararam funcionários europeus, o que é duro golpe contra os esforços dos EUA, que tanto se esforçou para manter os principais países ocidentais fora da nova instituição (...)

A decisão dos três governos europeus veio depois que a Grã-Bretanha anunciou, semana passada, que se unirá ao Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura, BAII [orig. Asian Infrastructure Investment Bank, AIIB] com capital de US$ 50 bilhões, rival potencial do Banco Mundial comandado por Washington. (...)

O AIIB, que foi lançado formalmente, ano passado, pelo presidente Xi Jiping da China, é um dos elementos da empreitada para criar novas instituições econômicas e financeiras que ampliarão a influência internacional chinesa. Foi questão sempre central na crescente oposição entre China e EUA, na disputa pelo controle das vias econômicas e rotas comerciais na Ásia para as próximas décadas (...).

A Grã-Bretanha conta com estabelecer-se como principal destino das dos investimentos chineses, e funcionários britânicos não dão sinais de qualquer arrependimento. Um deles sugeriu que as críticas que estavam sendo feitas pela Casa Branca não passaria de caso clássico de ‘uvas verdes’: “Não conseguem que o Congresso aprove a associação com o banco chinês, por mais que a associação interesse aos EUA.

Repetido em Washington’s Blog.

Grã-Bretanha, Austrália, Nova Zelândia, Cingapura e Índia já assinaram. Quem será o próximo? Coreia do Sul?

Esta semana, dois dos principais aliados dos EUA – dois dos Cinco Olhos – atropelaram os pedidos dos EUA e uniram-se ao banco de desenvolvimento chinês (...) novo concorrente do FMI e do Banco Mundial controlados pelos EUA (antes, um terceiro membro dos “Cinco Olhos” – a Nova Zelândia – já se havia associado ao banco chinês.)

Esta semana, especificamente, Grã-Bretanha e Austrália incorporaram-se ao banco de desenvolvimento chinês.

Financial Times noticia, citando um alto funcionário do governo norte-americano:

[A decisão da Grã-Bretanha de unir-se ao banco chinês de desenvolvimento foi tomada], de fato, praticamente sem qualquer consulta ou discussão com os EUA.

Temos graves desconfianças dessa recorrente acomodação com a China, que não nos parece a melhor maneira de enfrentar uma potência emergente.

O New York Times já falava disso desde a semana passada:

Fundamentalmente, Washington encara a aventura chinesa como desafio declarado às instituições do pós-guerra, que são lideradas pelos EUA e, em menos extensão, pelo Japão, e o governo Obama já está pressionando seus aliados para que não participem (...)

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Coreia do Sul e Austrália, dois países que contam com a China como principal parceiro comercial, consideraram seriamente a associação, mas ainda não se decidiram em grande parte por conta dos reiterados pedidos de Washington, inclusive apelo especial, feito pelo presidente Obama, diretamente ao presidente da Austrália.

Zero Hedge já avisava, semana passada:

Em rápida sequência, Austrália e Coreia do Sul provavelmente embarcarão na empreitada chinesa, e, quando acontecer, o estigma que os EUA criaram em torno do tal banco já terá desaparecido completamente (se é que já não desapareceu), abrindo a porta para que outros “aliados” dos EUA embarquem também ao lado da China (...).

Coluna em The Australian diz que:

A decisão tomada pelo governo Abbott de incorporar-se ao banco regional chinês (...) é mais uma derrota para a diplomacia norte-americana na Ásia.

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O movimento de Camberra segue de perto decisões semelhantes tomadas por Grã-Bretanha, Singapura, Índia e Nova Zelândia.

Que ninguém se engane: tudo isso representa derrota colossal para a diplomacia incompetente, sem foco, canhestra do governo Obama para a Ásia.

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Depois disso, o governo Abbott já não manifesta absolutamente qualquer boa vontade subjetiva em relação ao governo dos EUA.

É visão da qual partilham muitos dos aliados dos EUA.

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O governo dos EUA não teve nem presença continuada, nem prontidão tática, nem boa-vontade suficiente ou os necessários contatos para convencer Canberra, ou outros aliados, em questões não essenciais.

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Atualmente, o prestígio dos enviados dos EUA na Ásia depende, desproporcionalmente, dos militares norte-americanos.

Os EUA descuidaram e trataram muito mal seus aliados; resultado disso, Washington tem hoje menos influência que antes.

A saga do Banco da China é praticamente caso exemplar, a ser estudado, do fracasso da política exterior do governo dos EUA.

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Obama trata mal os aliados e, resultado disso, perde a influência que teria sobre eles e, depois, sempre se mostra surpresíssimo com o resultado.

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O consenso é que a Casa Branca é insular, isolada, autorreferente, focada só na imagem pessoal do presidente e impressionantemente ineficaz na política exterior.
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[*] Yves Smith passou mais de 25 anos na indústria de serviços financeiros e atualmente dirige a Aurora Advisors, empresa de consultoria sediada em New York, especializada em consultoria de finanças corporativas e serviços financeiros. Sua experiência inclui trabalho na Goldman Sachs (em finanças corporativas), McKinsey & Co. e Sumitomo Bank (como chefe de fusões e aquisições). Yves já escreveu para várias publicações nos EUA e na Austrália, incluindo The New York TimesThe Christian Science MonitorSlateThe Review Conference BoardInstitutional InvestorThe Daily Deal e na Australian Financial ReviewÉ graduada no Harvard College e no Harvard Business SchoolAnima o blog Naked Capitalism desde 2006.

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