Laerte Braga
A secretária de Estado Hillary Clinton disse em dias da semana passada que terminado o mandato do presidente Barack Obama, reeleito ou não, ela abandona a vida pública. Hillary tem um mandato de senadora pelo estado de New York.
Em 2008, no início da pré campanha eleitoral para escolha do sucessor de George Bush, Hillary era a favorita do Partido Democrata. Foi atropelada nas primárias por um quase desconhecido senador do Havaí, Barack Obama, numa avassaladora campanha feita principalmente via Internet, por jovens e negros a favor de Obama.
Derrotada, imaginou que seria candidata a vice-presidente na chapa Democrata, mas acabou secretária de Estado num acordo do qual discordaram vários integrantes do primeiro time de Obama.
Medo da sombra.
O anuncio de Hillary, que vai abandonar a vida pública, tem várias razões, uma delas a constatação que não conseguirá disputar eleições presidenciais em 2012 e estará sem condições de fazê-lo em 2016. Outra, o conhecimento que vários documentos secretos em poder do WikiLeaks demolem o governo de seu marido Bill e colocam-na em posição, no mínimo, constrangedora diante de determinados fatos.
O jornalista Paulo Francis, num dos muitos artigos que escreveu sobre Clinton à época do escândalo com Monica Lewinsky disse, entre outras coisas, que a despeito das ambições abissais de Hillary ela jamais seria presidente dos EUA. Nas razões enumeradas a de que a atual secretária de Estado usava “calçolas de algodão”
E antes que alguém o acusasse de estar entrando na vida privada da então primeira-dama, Francis explicou que isso transcendia ao visível e entrava no pantanoso terreno do caráter de Hillary. Dominador, absolutista, acima do bem e do mal e recheada de preconceitos. Uma espécie de rainha Vitória em dimensões reduzidas.
Neste momento os Estados Unidos são um conglomerado de terroristas descobertos e encurralados, mas com poder de destruição que calam governos e mídia. Isso diante das revelações do site WikiLeaks.
O maior acidente da aviação brasileira, a queda de um avião da GOL depois de um choque com um Legacy pilotado de forma imprudente por dois norte-americanos, foi alvo também da embaixada dos EUA no Brasil, tentativa de colocar os pilotos a salvo, danem-se os mortos, danem-se os dois culpados.
Para isso moveram céus e terra, desde o Itamaraty àquele esquema de porta dos fundos dos tribunais (o mesmo que o embaixador da Itália usou com Gilmar Mendes no caso Cesare Battisti) e conseguiram.
Um dos pilotos continua em atividades e um juiz norte-americano, claro, os eximiu da obrigação de depor perante a justiça brasileira.
À época, o fato acabou servindo para desmoralizar outro esquema corrupto no Brasil, a REDE GLOBO. Como tinham montado um dossiê falso contra Lula não puderam noticiar o acidente para não atrapalhar o impacto desejado pela divulgação do dossiê. Noticiaram horas após as principais concorrentes terem levado às telinhas a queda do avião.
Os documentos do WikiLeaks que dizem respeito ao Brasil começam a mostrar algumas contradições já imaginadas no governo Lula. Uma no cravo e outra na ferradura, com algumas situações constrangedoras.
É possível que nos próximos dias, ou semanas, o site coloque no ar documentos mostrando a fraude que elegeu George Bush em 2000 e toda a movimentação para que a Suprema Corte dos EUA validasse a fraude, como de fato validou.
Se Francis mergulhou no pantanoso terreno do caráter, da natureza de Hillary a partir da constatação que a moça usava “calçolas de algodão”, para determinar a personalidade da secretária de Estado, essa já tem sua sucessora e no lado republicano.
Sarah Palin, vice de John McCain nas eleições de 2008 e ex-governadora do Alaska. A marca registrada da pré candidata republicana, ultra conservadora, são as pernas. A moça corre os Estados Unidos em minissaias discretas, digamos assim, com cabelos da década de 50 e óculos da geração Sandra Dee, numa montagem feita por marqueteiros para vender a idéia de valores tradicionais.
Aquele negócio que não dá para usar meia soquete, ainda por cima amarela. A televisão é madrasta nesse processo de triturar candidatos que a maquiagem derrete e aparentam cansaço e nervosismo, o que aconteceu em 1960 com Nixon e Kennedy no debate final.
Palin deve saber de cor e salteado a música de Litlle Richard “Tutti Frutti”, para animar seus comícios.
Valores tradicionais encaixam direitinho na doentia sociedade norte-americana e Palin sabe disso, como Hillary sabe que o relógio do tempo político dela não funciona mais.
Passa por aí a fúria da secretária de Estado quando advertiu a jornalistas credenciados junto ao Departamento, que seus nomes poderiam “ser os próximos a aparecer nos documentos vazados”. “De repente muitos dos nomes de alguns de vocês aqui podem surgir em outros documentos”
Numa só frase a necessidade imposta de limitar a liberdade de expressão, de controlar o fluxo de notícias contrárias ao modelo “calçolas de algodão” e bombas no Afeganistão, além de deixar claro que boa parte da turma está na folha de pagamento.
Afirmar que os EUA vivem um período de declínio é complicado. Há uma crise que foi subestimada e permanece silenciosa a destruir a economia da maior potência do mundo. Há um fracasso absoluto nas políticas internas e externa e um que de pasmo, paralisia diante de tanta barbárie mostrada de público nos documentos do WikiLeaks.
Mas existe um arsenal de milhares de ogivas nucleares capazes de destruir o mundo cem vezes.
Os paladinos dos direitos humanos seqüestram, torturam, assassinam, estupram, recriam campos de concentração e têm como objetivo o controle absoluto de todo o mundo. É de onde tiram o sustento da riqueza que ostentam.
“Os povos gostam de espetáculos, através deles dominamos seu espírito e seu coração” – Luís XIV, rei de França.
Hillary percebeu que não tem como chamar a atenção no centro do palco. Sua desastrada política externa associada às revelações de fatos anteriores a ela, acabam desembocando em seu colo.
Como a bomba do Riocentro, em que militares brasileiros de ultra direita tentavam planejar um novo golpe e manter o regime da boçalidade.
Imagino aquela cena clássica de esposa revoltada jogando tudo pela janela, ao chão, quebrando os pratos e ao final caindo em pranto, os diamantes eram e são falsos.
Em Minas Gerais se diz que “esperto come esperto”. Isso antes do WikiLeaks.
Hillary tomou a iniciativa de tirar o time de campo quando percebeu a extensão dos danos e a perspectiva que viessem a se transformar em pesadelo durante uma eventual campanha eleitoral. Virou um peso para Obama, em si outro peso.
De tudo isso, um fato simples, corriqueiro talvez, alguém abandonar a vida pública depois de “relevantes serviços prestados ao país” (deve ser premiada com um relógio de ouro), uma lição.
O american way of life não se sustenta diante da verdade e a luta principal, neste momento, passa a ser a da liberdade de expressão lato sensu, sem adjetivos. Sem controles e garras do império e forças menores, mas envolvidas até a alma no modelo podre e bárbaro que os EUA impõem ao mundo.
Querem a verdade única, a deles, disfarçada de comunicados oficiais lidos em qualquer JORNAL NACIONAL de qualquer GLOBO comprada mundo afora.
Essa é a porta que o WikiLeaks abre para a liberdade. Essa é a porta que querem fechar.
Hillary é, poucos perceberam, a primeira vítima. Sentiu o vendaval que se aproxima.
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