“DE RABO PRESO COM O LEITOR”

Laerte Braga

Não sei se usa ainda, mas esse era um chamarisco da FOLHA DE SÃO PAULO para incautos. De saída não explica que leitor. É um ponto fundamental. Leitor FIESP/DASLU? Leitor desovado nos caminhões da tortura? Da ditabranda?

Ao abrir uma entrevista coletiva com jornalistas acreditados (palavrinha danada hem?) junto ao Departamento de Estado para discutir o WikiLeaks, a secretária Hillary Clinton foi logo advertindo. “Cuidado que nos próximos vazamentos podem estar os nomes de jornalistas aqui presentes”.

Uma revelação com teor ameaçador. Conseguiu alcançar seus objetivos. A mídia norte-americana está pianinha com os documentos do WikiLeaks. Para a grande maioria Julian Assange é só um “criminoso sexual”, um “espião” e deve passar o resto de sua vida na cadeia.

No estado de Oklahoma um preso condenado à morte foi executado nessa última semana com o mesmo medicamento injetado em animais sacrificados. Faltou um dos componentes básicos do coquetel de morte da injeção letal. O laboratório que produz o tal componente alega falta de matéria prima, excesso de pedidos e dificuldades para cumprir os prazos. A produção só será normalizada no próximo ano.

Segundo informa a mídia do estado o preso levou dezoito minutos para morrer. E o medicamento em falta é o anestésico.

Precisa explicar a natureza doentia da sociedade norte-americana?

O jornalista Paulo Francis, por ocasião da primeira guerra do Iraque, George Bush pai, escreveu que os pilotos dos caças dos EUA não tinham o menor problema em despejar toneladas de bombas sobre povoados e civis. Enxergavam apenas a tela do monitor e nunca os estragos e mortes causados. Nessa tela o sangue é verde. O veredito final de Francis era simples – “nascem e crescem aprendendo a matar nos jogos de videogame”.

É claro, exceções existem. Como afirmou há tempos outro notável do jornalismo brasileiro, Millôr Fernandes, “todas as regras têm exceções, exceto essa”.

A Colgate ainda não descobriu o filão para vender cremes dentais, enxaguantes bucais, produtos mágicos para dentes brancos. A profusão de dentistas que aparece ensinando como acabar com germes e bactérias é impressionante. Imagine então se contratar Edir Macedo?

Não compro Colgate e fujo de dentista que recomenda Colgate. Está no bolso da empresa, a última preocupação desse profissional vai ser o paciente que, na dimensão do mundo que vivemos, é cliente, negócio.

Já um grupo de dermatologistas sem preocupação de faturamento com venda de panacéias alertou para os riscos dos sabonetes antibacterianos. Os tais sabonetes matam as bactérias ruins e boas, tornam a pele vulnerável a doenças várias por falta de defesa.

Se faltar o anestésico para a execução dos milhares de presos condenados a morte nos EUA, é simples. Basta aplicar uma injeção com medicamento para sacrificar animais doentes e depois exigir que o Irã cumpra os postulados (êpa) dos direitos humanos.

Documentos do site WikiLeaks mostram a preocupação do embaixador dos EUA no Brasil com a o MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra –. Passa pela ocupação de uma fazenda propriedade de empresa norte-americana. O desafio posto para o embaixador era saber se o ato tinha caráter de anti-americano ou era uma ocupação a mais dentre as que o MST faz.

O Movimento é analisado, os documentos falam em “declínio”, isso é uma descabida intervenção nos negócios internos do Brasil, um ato que fere a soberania nacional.

O governo dos EUA, sistematicamente, tem pressionado o governo brasileiro a adotar uma legislação antiterrorista, nos moldes da norte-americana e um dos alvos principais é o MST. O outro são os imigrantes árabes.

A mídia privada, GLOBO à frente, classificou a ocupação de uma fazenda da CUTRALE de “ato de terrorismo” (aquela advertência que Hillary Clinton fez aos jornalistas no início de uma entrevista coletiva). A empresa pertence a COCA COLA e as terras eram do governo. Griladas. A isso soma-se a infinidade de benefícios fiscais que a COCA COLA tem. A COCA COLA rouba terras e nem por isso juízes expedem mandados de reintegração de posse.

Já o pequeno agricultor, o camponês sem terra...

A maneira como os EUA compram a mídia privada em vários países não difere dos negócios que a Máfia faz com policiais, juízes e promotores corruptos, com políticos, difere nada.

Hillary Clinton ficou deslumbrada com uma análise feita pelo jornalista William Waack, da GLOBO, sobre as eleições no Brasil. O agente norte-americano analisou candidato por candidato, desde as pré-candidaturas e ao final concluiu que para o gáudio e felicidade de Washington José Serra seria o vencedor.

Se o acordo foi metade agora e metade no final se tudo der certo, perdeu a segunda metade.

Os “crimes sexuais” de Julian Assange são o de exibir ao vivo e a cores a pornografia explícita comandada por Washington em ações terroristas por todo o mundo. O BBB perto do terrorismo pornográfico dos EUA é Zona Boêmia, cabaré de segunda.

 

Como é que fica a secretária de Estado, o presidente branco disfarçado de negro Barack Obama, o monte de Tony Blair espalhado pelas bases norte-americanas, quando enchem a boca para defender direitos humanos, democracia e denunciar “ameaças” à liberdade?

Não ficam. São caras-de-pau legítimas, sem nenhum pudor ou respeito por coisa alguma. Quaisquer discordâncias enviam logo um grupo de mariners e pronto.

E invocam a “segurança nacional”. Qualquer semelhança com Garrastazu Medice ou um ditador padrão Pinochet não é mera coincidência. Foram eles, os norte-americanos, que montaram e patrocinaram as ditaduras na América Latina, tal e qual agora, o WikiLeaks mostra, o golpe militar em Honduras.

Cá entre nós, alguém é ingênuo a ponto de achar que a GLOBO vai apresentar o teor, o conteúdo dos documentos do WikiLeaks? Ou a FOLHA DE SÃO PAULO? Ou VEJA? Ou qualquer veículo da velha mídia privada nacional ou regional?

O rabo preso é com quem paga. O leitor, o telespectador, o distinto e honorável ouvinte tem muito é que comprar Colgate, se virar para ter às mãos o sabonete antibacteriano e nada além de ser contra regra desse espetáculo grotesco e bárbaro que o capitalismo encena no palco da chamada Nova Ordem.

Nesse novelo todo a Internet paga o pato. Os caras querem o controle da rede mundial de computadores do contrário daqui a pouco todo mundo fica sabendo que Obama tentou um encontro com Angelina Jolie e recebeu um sonoro não.

Onde já se viu um trem desses?

Pior que isso só Justiça Eleitoral no Brasil. Maluf virou deputado, Garotinho vai assumir, mas João Alberto Capiberibe não pode assumir o seu mandato. Uma desembargadora do adereço TRE – Tribunal Regional Eleitoral –do seu estado tratou de cortar a legitimidade do seu mandato. No Maranhão tinha desembargadora com sobrenome Sarney.

Por favor, é urgente um WikiLeaks só para o Brasil.

SOS Assange! I Brasil tá no mapa!