17/12/2010, Peter Walker, Guardian, UK
Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu
WikiLeaks é alvo de “investigação super agressiva” e secreta, conduzida por autoridades dos EUA, perturbadas por uma perda de prestígio, depois da divulgação de ,ilhares de telegramas diplomáticos dos EUA, disse hoje o fundador da organização, Julian Assange.
Falando a jornalistas na calçada de Ellingham Hall, a casa de campo em Norfolk na qual está em liberdade condicional, sob fiança, depois de sair da prisão, Assange disse que WikiLeaks é objeto “do que parece ser uma investigação ilegal (...) pessoas supostamente ligada a nós estão sendo detidas, são seguidas, seus computadores são atacados etc.”.
Disse que há “80% de probabilidade” de que as autoridades norte-americanas estejam preparando o que parece ser uma tentativa para extraditá-lo para os EUA, onde contam com acusá-lo de crime de espionagem.
Disse que confia que a opinião pública se imporá contra “uma superpotência que não dá sinais de respeitar qualquer lei.”
“Eu diria que estamos sofrendo uma investigação muito agressiva. Muita gente perdeu prestígio e respeitabilidade, e muita gente sonha com ganhar notoriedade associando-se a casos judiciais rumorosos, mas, de qualquer modo, estão acontecendo coisas que têm de ser acompanhadas de perto” – disse ele.
Criticou o modo como as autoridades suecas tentaram obter sua extradição para a Suécia, para ser julgado por atentado sexual – causa de ter permanecido preso por dez dias.
“Aí está algo que tem de ser acompanhado de perto”, disse. “Já vimos como se comportou o procurador sueco, nas representações do governo britânico aqui em Londres, e as Cortes britânicas dizem que a Suécia não precisa exibir prova alguma – disseram isso três vezes – e, de fato, jamais apresentaram prova alguma nas audiências sobre o pedido de extradição, cujo único resultado foi eu ter sido metido numa cela solitária, por 10 dias.
“Nos EUA também está em andamento o que parecem ser investigações secretas ordenadas por tribunal secreto contra mim e contra nossa organização – não há uma notícia sobre o que de fato estão fazendo."
Atualmente, todos os esforços de WikiLeaks estão concentrados em enfrentar inúmeros ataques, inclusive ataques técnicos contra a página na Internet, disse Assange.
“Estamos gastando mais de 85% de nossos recursos econômicos só no trabalho de enfrentar ataques – ataques técnicos, ataques políticos e ataques legais. Não estamos podendo fazer jornalismo, que é o nosso trabalho”, disse. “Se quiserem dizer de outro modo, o jornalismo investigativo está sendo violentamente atacado”.
Assange dise que está preocupado ante o risco de ser mandado para os EUA, e acrescentou: “Muitas figuras públicas importantes nos EUA, inclusive senadores eleitos, já pediram minha execução, que minha equipe fosse seqüestrada, que matassem o jovem soldado Bradley Manning ... É situação extremamente grave.
“Os EUA mostraram recentemente que suas instituições não agem sempre conforme a lei manda. Enfrentar uma superpotência que se ponha acima da lei é negócio muito, muito sério”.
Os esforços dos EUA para conseguir processar Assange, parecem depender de conseguir conectá-lo a Manning, fonte pressuposta dos telegramas vazados.
Assange, australiano, dedicou-se empenhadamente em desvincular-se de Manning, referindo-se a ele como “um jovem que acabou envolvido no nosso trabalho de publicação” e dizendo que WikiLeaks não conhece suas fontes.
Assange disse também que paralisá-lo, pessoalmente, não deterá o trabalho de WikiLeaks. “As pessoas gostam de pensar que WikiLeaks seria eu e a minha mochila. Isso é falso. Somos uma grande organização.
“A organização é resistente, foi projetada para sobreviver a ataques de decapitação. De fato, o ritmo da divulgação de telegramas aumentou durante o tempo em que estive confinado numa cela solitária.”
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