por Michael
Snyder
Sabia que uma percentagem menor de
americanos está, hoje, trabalhando do que quando supostamente acabou a última
recessão? Mas não se ouve falar disso na imprensa “de referência”. Esta, ao
invés, atormenta-nos com a altamente politizada e manipulada “taxa de
desemprego”. A imprensa de mercado (ou “de referência”) está falando de como
“163 mil novos emprego” foram criados em julho/2012, mas que a taxa de
desemprego subiu para “8,254%”.
Tristemente, estes números são
muito enganosos.
Segundo o Bureau of Labor Statistics, em
junho/2012, 142.415.000 pessoas tinham empregos nos Estados Unidos. Em julho
p.p., esse número diminuiu para 142.220.000. Isso significa que em julho/2012
menos 195 mil americanos estavam trabalhando do que em junho/2012. Mas de alguma
forma o que eles publicaram foi “criados 163 mil novos empregos” em julho.
Não estou certo de como é que eles
fazem para que essa matemática dê certo. Talvez alguém possa me explicar.
Pessoalmente, considero que a “taxa de emprego” dá um retrato muito mais claro
do que está realmente a acontecer na economia.
A razão emprego/população mede a
percentagem de americanos em idade de trabalhar que realmente tem empregos.
Quando ela sobe, isso é bom. Quando baixa, isso é mau. Em julho, a razão
emprego/população caiu de 58,6% para 58,4%.
Na realidade, a percentagem de
americanos em idade de trabalhar que têm empregos tem estado, há 35 meses,
abaixo dos 59%.
A seguir está um gráfico da razão
do emprego em relação à população nos Estados ao longo dos últimos 10 anos:
A área cinzenta do gráfico
representa a última recessão, tal como definida pela Federal Reserve. Como se pode ver, a
percentagem de americanos em idade de trabalhar com um emprego caiu
drasticamente de aproximadamente 63% no princípio de 2008 para um pouco mais de
59% quando a recessão terminou (?).
Mas a “taxa de emprego” continuou
caindo ainda mais... E finalmente chegou ao fundo com 58,2% em Dezembro de
2009.
Desde então, tem permanecido muito
firme. Não caiu abaixo dos 58% e não subiu acima dos 59%.
Isto é muito estranho, porque após
outras recessões desde a IIa. Guerra Mundial este número saltava fortemente para
o nível anterior (63% a 64%), mas desta vez isto não aconteceu.
No essencial, tudo se parece como
se 4% da população dos Estados Unidos em idade de trabalhar houvesse sido
removida permanentemente da força de trabalho.
A boa notícia nisto tudo é que as
coisas, pelo menos, não têm ficado piores durante os últimos dois anos.
Muito embora as coisas estejam
más, tivemos um período de relativa estabilidade.
A má notícia é que a “taxa de
emprego” não tornou a subir apesar das tomadas de empréstimos e gastos sem
precedentes do governo federal e apesar da temerária impressão de papel-moeda
pela Federal Reserve.
Considerando quão desesperadamente
o governo federal e a Federal Reserve
têm tentado estimular a economia, eu realmente esperava ver a “taxa de emprego”
subir agora pelo menos um pouquinho.
Infelizmente isso não aconteceu e,
agora, a economia dos EUA está rapidamente se encaminhando para mais uma
recessão.
Mas Barack Obama vai fazer
“mágicas & ginásticas” com isso durante alguns dias e falar acerca de quão
maravilhoso é que a economia haja criado “163 mil novos empregos" em
julho/2012.
Do que ele NÃO vai falar é acerca
dos milhões de americanos que estão desempregados por tanto tempo que já nem são
“contados” mais nos números oficiais do desemprego.
Mas aquelas pessoas realmente
existem e sofrem. Muitas delas começam a perder seus benefícios de desemprego e
realmente não sabem o que vão fazer. O texto seguinte é uma notícia recente no
USA Today:
Desde Junho/2012,
quando perdeu abruptamente o seu cheque semanal de desemprego no valor US$312,
Lauri Cullinan esgotou as suas poupanças, procurou comida no Exército de
Salvação e acende velas para poupar eletricidade.
Se não puder
encontrar um emprego ainda este mês, comentam seus preocupados vizinhos em Royal
Oak, Michigan, será expulsa do seu apartamento, uma perspectiva impensável para
a senhora de 52 anos, que até a perda do seu emprego como chefe de escritório
dois anos atrás, desfrutava um estilo de vida classe média.
“O que vou fazer se
ficar sem casa?” pergunta Cullinan, que aguentou o desemprego por um ano e meio.
“Não consigo compreender isso”.
Pode-se imaginar enfrentar uma
situação assim? O que faria se fosse lançado à rua?
Quando se somam todos os
americanos em idade de trabalhar, mas sem emprego nos Estados Unidos de hoje,
chega-se a mais de 100 milhões.
Algumas pessoas acusaram-me de
mentir acerca desse número, mas ele é realmente verdadeiro.
Há mais de 100 milhões de
americanos em idade de trabalhar que agora não estão empregados.
E mesmo quando se tem um emprego
isso não significa que se esteja bem. Como escrevi ontem, apenas 24,6% de todos
os empregos nos Estados Unidos de hoje são bons empregos.
O custo de vida continua subindo
muito mais depressa do que os salários. Muitas famílias estão tendo tempos
difíceis só para pagar o básico. O padrão de vida inflacionado que todos nós
desfrutávamos há tanto tempo começa a desaparecer.
Um número crescente de jovens está
vivendo com os seus país bem além dos 18 anos porque não há suficientes bons
empregos e é assim nesta nossa economia. Se puder acreditar, 14% de todos os
americanos na faixa dos 20 aos 34 anos estão vivendo em casa com os seus pais neste
momento.
Mas veremos muito mais disso
quando a economia ficar ainda pior. “Famílias multi-geracionais” tornar-se-ão
muito comuns e isso não é necessariamente mau. Talvez venha a dar a algumas
famílias oportunidade de estabelecer alguma intimidade...
Enquanto isso, muitas das nossas,
outrora grandes, cidades continuam a apodrecer e decair a um ritmo estarrecedor.
Hoje, vi um relatório que discutia como a cidade de Detroit se tornara um local
de despejo de cadáveres.
Quão triste é isso?
Detroit - que foi outrora invejada
pelo mundo inteiro – é, hoje, um lugar onde vítimas de assassinato são
despejadas.
Todas estas considerações são
indicativas do quanto decaímos.
Mas as coisas estão em vias de
ficarem muito pior; de modo que deveríamos realmente ser gratos pelo período de
relativa estabilidade que estamos desfrutando neste exato momento.
O colapso econômico a longo prazo
que estamos agora experimentando irá acelerar-se.
Finalmente, mesmo a altamente
manipulada “taxa de desemprego” oficial irá elevar-se acima dos dois dígitos.
Quando isso acontecer, a cólera e
a frustração que neste país ferve sob a superfície vai explodir.
Vamos esperar o melhor, mas
devemos nos preparar para o pior.
_______________________
O artigo original, em inglês, pode ser lido em: “The
Employment Rate In The United States Is Lower Than It Was During The Last
Recession”
Esta tradução foi extraída de Resistir e
ligeiramente adaptada pela redecastorphoto
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