29/8/2012, Wu Zhong
(editor de “China”), Asia Times Online
SUN WUKONG
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
HONG
KONG – Sinais recentes sugerem fortemente que o Partido Comunista Chinês (PCC)
está pronto a marcar a data para a realização do congresso nacional que
selecionará os principais líderes do país para a próxima década.
Governantes da China comemoram sucesso nas Olimpíadas |
Dia
17 de agosto, o presidente Hu Jintao e todos os outros oito membros do Alto
Comitê do Politburo encontraram-se em Pequim com os atletas chineses que
participaram das Olimpíadas de Londres, para cumprimentá-los pelas 38 medalhas
de ouro, 27 de prata e 23 de bronze. É notícia que extrapola, em muito, a
página de esportes.
Hu Jintao |
Depois
da recepção, na noite de 31 de julho, que marcou o 85º aniversário da fundação
do Exército Popular de Libertação (EPL), foi a primeira vez que os nove homens
mais poderosos da China apareceram juntos, em público.
É
sinal de que os encontros informais, de feriado, entre governantes atualmente no
poder e os que já passaram pelo poder na China, que acontecem no resort
de Beidaihe, já podem ser dados por concluídos, para esse ano. (Não há quem não
saiba na China que todas as mais importantes políticas nacionais chinesas são
definidas e modeladas em Beidaihe, por mais informais e “de feriado” que sejam
aqueles encontros).
No
início de seu primeiro mandato, Hu cancelou, uma única vez, o encontro anual em
Beidaihe; no ano seguinte, o encontro voltou a acontecer. Líderes anteriores,
sobretudo o predecessor de Hu, Jiang Zemin, ainda conservam muito ativa
influência no governo chinês, são ouvidos e desejam ser ouvidos nas principais
questões do partido e do estado.
Xi Jinping |
Esse
ano, o encontro em Beidaihe foi ainda mais importante, porque ali se decidiram
os candidatos a compor o novo Alto Comitê do Politburo, que serão oficialmente
confirmados pela Assembleia do 18º Congresso Nacional do Partido Comunista da
China. Também foi preparada uma lista curta de candidatos a compor o Politburo,
de 25 membros; a lista normalmente inclui alguns nomes a mais, para que o
Congresso do Partido selecione.
O
encerramento do encontro em Beidaihe significa que já há consenso quanto à
composição do novo principal corpo de líderes do Partido Comunista da China.
Dado que esse é o principal item da agenda do 18º Congresso do PCC, já se espera
que o congresso seja marcado para breve – a imprensa em Hong Kong prevê que
aconteça entre 22 de setembro e 25 de novembro. (...)
Li Keqiang |
O
governo da municipalidade de Pequim, onde o congresso do PCC acontecerá, já
anunciou a criação de um corpo de alta segurança, especial para o evento, para
impedir incidentes indesejáveis durante o evento. Segundo a imprensa chinesa, a
polícia de Pequim já está recolhendo a abrigos os mendigos, pedintes e moradores
de rua. O serviço de bombeiros de Pequim já começou a inspecionar, duas vezes
por dia, os locais onde acontecerá o Congresso, os hotéis onde se hospedarão os
deputados, centros de imprensa, aeroportos e estações ferroviárias.
Em
resposta ao descontentamento popular, Pequim aumentou o empenho no trato das
questões que mais enfurecem os chineses. O Premiê Wen Jiabao e outros
governantes têm repetidamente prometido que o governo não afrouxará os
macrocontroles destinados a esfriar o mercado privado, apesar de economistas
exigirem que Pequim ponha fim, de vez, aos tais controles, para aumentar o
investimento no mercado imobiliário que pode estimular o crescimento.
Yu Zhengsheng |
Pequim
também apertou o cerco contra casos de corrupção e crimes em geral, sobretudo os
que envolvem altos funcionários. Semana passada, uma corte em Hefei, capital da
província de Anhui, manteve a suspensão da pena de morte contra Gu Kailai,
esposa de Bo Xilai, presidente do Partido em Chongqing e caído em desgraça. É
sinal claro de que o PCC decidirá em breve sobre o modo de punir o próprio Bo.
No
final da semana passada, a imprensa chinesa noticiou que o ex-ministro de
Serviços Ferroviários, Liu Zhijun, seria julgado ainda antes do Congresso,
acusado de receber grandes propinas em projetos de trens de alta velocidade, e
por manter encontros com mulheres oferecidas como “suborno sexual”.
Em maio,
Liu perdeu os direitos de membro do PCC. E em diferentes planos
locais, vários funcionários corruptos também estão sendo julgados.
Zhang Dejiang |
Dia
21 de agosto, He Guoqang, atual membro do Alto Comitê do Politburo encarregado
da Comissão Central de Inspeção Disciplinar (CCDI) – principal órgão de
vigilância anticorrupção – revelou que o partido tomará medidas para aprimorar o
“sistema anticorrupção”.
Pequim
também tomou medidas severas para impedir que se alastrassem os boatos sobre
mudanças na liderança superior do Partido, temerosa de que os boatos semeiem
confusão na sociedade e prejudiquem a indispensável atmosfera “harmônica”. Mas
os boatos continuam.
Pouco
depois de concluídos os encontros desse ano em Beidaihe, a imprensa de Hong
Kong, que nunca perde de vista a China, noticiou diferentes versões do que se
estima que venha a ser a composição do novo Alto Comitê do Politburo.
Li Yuanchao |
Diz-se
que se formou um consenso em Beidaihe, no sentido de reduzir o número de membros
do Alto Comitê do Politburo do PCC, dos atuais nove, para sete. Não é anômalo,
porque não há qualquer delimitação quanto ao número de membros. Hoje são nove,
mas houve tempos em que foram cinco, depois sete. O único cuidado é que seja
número ímpar (para não haver empates).
Em
minha pessoal opinião, a formação abaixo é a mais provável.
O
vice-presidente Xi Jinping, 59, e o vice-premiê Li Keqiang, 57,
permanecem no Alto Comitê do Politburo; os demais sete membros aposentam-se no
Congresso desse ano. Xi deve ocupar o posto de Hu como supremo líder da China; e
Li deve substituir Wen, como premiê. Os outros cinco membros do Alto Comitê do
Politburo devem, muito provavelmente, ser os seguintes:
-
Yu Zhengsheng (67), atual presidente do Partido em Xangai e membro do Politburo, provavelmente substituirá Wu Bangguo na presidência do Congresso Nacional do Povo (o Parlamento chinês);
-
Wang Qishan Zhang Dejiang (66), atual vice-premiê, presidente do Partido em Chongqing e membro do Politburo, provavelmente substituirá Jia na presidência do Congresso Político Consultivo do Povo Chinês (principal corpo de assessoramente e aconselhamento do país); -
Li Yuanchao (61), membro do Politburo e atual diretor do Departamento de Organização Central do PCC, provavelmente será vice-presidente, substituindo Xi;
-
Wang Qishan (64), atual vice-premiê e membro do Politburo, provavelmente substituirá Li Keqiang como vice-presidente executivo, encarregado de supervisionar os negócios econômico-financeiros do país;
-
Wang Yang (57), atual presidente do Partido em Guangdong e membro do Politburo, será provavelmente encarregado de supervisionar a disciplina partidária e a aplicação da lei, assumindo as pastas hoje ocupadas por He Guoqiang e Zhou Yongkang.
Wang Yang |
Essa
parece ser a formação mais provável, porque mostra distribuição equilibrada de
poder. Dos sete, Xi Jinping, Yu Zhengsheng e Wang Qishan são princelings
[descendentes de famílias de grandes revolucionários na história chinesa
recente]. Yu e Zhang Dejiang são conhecidos como homens do grupo de Jiang Zemin.
Li Keqiang, Li Yuanchao e Wang Yang são conhecidos como do grupo de Hu porque,
como Hu, ascenderam dentro do Partido, desde a União da Juventude Comunista
Chinesa.
Estrutura
equilibrada de poder é o melhor que pode acontecer ao governo chinês e à China.
A “política do líder forte” é passado, enterrada com Mao Tse Tung e Deng
Xiaoping.
Sob as atuais circunstâncias,
governo que manifeste posições só de um grupo poderia não durar (como no Japão)
e dificilmente favoreceria a estabilidade, sobretudo num país gigante, como a
China.
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