(I)
Departamento de Estado dos EUA: declaração surpreendente?!
17/8/2012, Departamento de
Estado dos EUA
“Sentencing of Nabeel Rajab”
Traduzido pelo pessoal da Vila
Vudu
O
governo do Bahrain assumiu o compromisso de respeitar a liberdade de expressão e
de reunião e esperamos que cumpra o compromisso. Estamos profundamente
preocupados com a condenação, por uma corte bahraini, de Nabeel Rajab, a três
anos de prisão, acusado de conduzir “reuniões ilegais”. Esperamos que o veredito
e a sentença sejam reconsiderados em julgamento da apelação, sem demora.
Contamos com que o governo do Bahrain considerará todas as opções existentes,
para bem encaminhar a solução desse caso. Acreditamos que todos têm um direito
fundamental de participar de atos pacíficos de protesto. Temos repetidamente
solicitado ao governo do Bahrain que tome medidas para construir confiança
dentro da sociedade bahraini e inicie diálogo significativo com a oposição
política e a sociedade civil. Punições excessivas por expressão pacífica – nesse
e noutros casos – não contribuirão para esses esforços e só servirão para
dividir ainda mais a sociedade bahraini..
(II) Tudo isso, só porque a
liberdade de expressão da empresa Twitter & Co. é
sagrada!
22/8/2012, MK
Bhadrakumar*, Indian Punchline
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
O
press-release distribuído na 6ª-feira pelo Departamento de Estado em
Washington [leia acima], sobre a “Condenação de Nabeel Rajab” foi uma surpresa.
Dava a impressão de que os EUA estariam afinal rompendo seu silêncio monolítico,
para condenar a horrenda folha corrida de crimes cometidos por seu mais íntimo
aliado no Golfo Persa – o Bahrain.
Mas
em todos os casos, sempre seria totalmente impossível que os EUA estivessem
começando a pressionar a favor de “mudança de regime” no Bahrain, onde os EUA
mantêm abrigada a sua 5ª Frota Naval.
Assim
sendo, por que o tal press-release? Por que precisamente Rajab, quando há
vastas quantidades de xiitas brutalmente assassinados por lutar a favor de
reformas no Bahrain, sem que os EUA jamais tenham movido uma palha em sua
defesa?
O xis
da questão é a empresa Twitter.
Nabeel Rajab |
O
“crime” pelo qual Rajab foi acusado e condenado é ter distribuído mensagem pela
Twitter, empresa norte-americana de
microblogs, em que denunciava crimes do todo poderoso e autocrático
primeiro-ministro do Bahrain apoiado pelos sauditas. Por ter escrito um
twit, foi condenado a três anos de prisão, antes mesmo de seus advogados
terem acesso a ele. E Rajab tem mais de 100 mil seguidores, que o acompanham
pela página mantida pela empresa Twitter.
A
questão é que várias empresas norte-americanas que mantêm redes e páginas de
ativo contato social estão tendo papel cada dia mais ativo e crucial, como
ferramentas de divulgação e propaganda das políticas dos EUA para o Oriente
Médio. Portanto, a mensagem do Departamento de Estado ao Bahrain significa
exclusivamente: “Não toquem na Internet”.
Na mesma linha, aliás, o Wall
Street Journal já se encarregou de mandar bem claro recado também à
Índia, [2]
só
porque os rapazes do Ministério de Assuntos Internos da Índia, ao que se sabe,
pediram ajuda aos norte-americanos para rastrear gente que anda distribuindo
informações falsas pelas redes sociais, que perturbam a harmonia e a paz da
sociedade indiana.
Santa
ingenuidade!
Notas dos
tradutores
[1] Para saber quem é e
vê-lo falando, ver na redecastorphoto
transcrito e traduzido para o português: 8/5/2012, “Assange:
4º. Programa - entrevista com Nabeel Rajab e Alaa Abd El-Fattah”; “The
World Tomorrow”, Russia Today, vídeo
e entrevista em inglês.
Ver também: 19/8/2012, redecastorphoto, “Julian
Assange, agosto/2012 - Discurso da Embaixada do Equador, Londres”
(Transcrito e traduzido para o português).
[2] 22/8/2012, The Wall Street Journal, Margherita Stancati e Tom Wright em: “U.S.
Calls on India to Respect Internet Freedom” [EUA conclamam a Índia a
respeitar a liberdade da Internet].
MK
Bhadrakumar*
foi
diplomata de carreira do Serviço Exterior da Índia. Prestou serviços na União
Soviética, Coreia do Sul, Sri Lanka, Alemanha, Afeganistão, Paquistão,
Uzbequistão e Turquia. É especialista
em
questões do Afeganistão e
Paquistão e escreve sobre temas de energia e segurança para várias publicações,
dentre as quais
The
Hindu, Asia Online e Indian Punchline. É o filho mais
velho de MK Kumaran (1915–1994), famoso escritor, jornalista, tradutor e
militante de Kerala.
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