5/7/2012, Jürgen Todenhöfer, ARD (Alemanha),
prog. Weltspiegel , 18’52
8/7/2012,
publicada por Voltaire
Net – (em inglês)
Entrevista
transcrita e traduzida pelo pessoal da Vila Vudu
Jürgen Todenhöfer: Sr. Presidente, membros da oposição
e políticos ocidentais têm dito que o senhor é o principal obstáculo à paz na
Síria. O senhor estaria disposto a renunciar à presidência, sendo essa condição
para a paz e para pôr fim ao banho de sangue?
Presidente Bashar
al-Assad: Não posso
fugir ao desafio que a Síria enfrenta hoje.Hoje a Síria enfrenta um desafio à
própria nação. O presidente não pode fugir. Por outro lado, ninguém pode
permanecer na presidência sem apoio popular. A resposta à sua pergunta não pode
vir de mim. Tem de vir do povo sírio, essa resposta tem de ser resposta pública,
que venha em eleições. Eu posso decidir concorrer ou não concorrer a eleições,
mas não posso decidir ficar na presidência ou deixá-la. Essa é decisão que cabe
ao povo sírio, em eleições.
Jürgen Todenhöfer: O senhor ainda tem maioria de apoio
popular na Síria?
Presidente Bashar
al-Assad: Se eu não
tivesse apoio popular, não poderia permanecer na posição onde estou. EUA estão
contra mim, o ocidente está contra mim, muitos poderes e países regionais estão
contra mim. Se o povo estivesse contra mim, já não estaria na posição
em que estou.
A resposta é sim, claro que tenho apoio popular. Porcentagens
não sei, nem interessam. Mas não há dúvida de que, para permanecer na
presidência da Síria, na situação que a Síria enfrenta hoje, sim, é claro que
tenho apoio popular.
Jürgen Todenhöfer: Assisti a algumas demonstrações
pacíficas, mesmo em Homs. Não é legítimo que as pessoas exijam mais liberdade,
mais democracia, menos poder nas mãos de uma família que governa o país, menos
poder para os serviços secretos?
Presidente Bashar
al-Assad: Para
responder corretamente, temos de corrigir essa pergunta. Na Síria não há
“família que governa o país”. Temos Estado na Síria, temos instituições, talvez
não instituições ideais, mas temos Estado e não há “família que governa o país”.
Temos Estado na Síria. Isso, quanto à pergunta. Agora, posso responder à
primeira parte de sua pergunta: é claro que aqueles manifestantes têm direito
legítimo de se manifestar. Mas não é verdade que os manifestantes só peçam
‘liberdade’. A maioria dos manifestantes legítimos pedem reformas, maior
participação no poder e no governo. Essas reivindicações são legítimas,
evidentemente, em qualquer lugar do mundo. Mas a maioria do povo sírio não está
nas manifestações. Mas, sim, claro, as manifestações são legítimas.
Jürgen Todenhöfer: A pergunta que todos estão fazendo
no ocidente e em seu país é quem matou os milhares de vítimas civis inocentes
que morreram nesse conflito? A oposição culpa o senhor.
Presidente Bashar
al-Assad: Para
saber quem matou, é preciso saber antes quem foi morto. Não há como descobrir o
criminoso sem saber quem é a vítima. A vasta maioria dos mortos são apoiadores
do governo. Como seria possível ser assassino e vítima, ao mesmo tempo? A
maioria das vítimas eram apoiadores do governo; e outra grande parte das demais
vítimas é gente inocente que estão sendo assassinados por vários diferentes
grupos na Síria.
Jürgen Todenhöfer: O senhor concorda que muitos, ou,
pelo menos, uma certa porcentagem desses civis vítimas, foram mortos pelos
serviços de segurança do seu governo? O senhor teria essa porcentagem?
Presidente Bashar
al-Assad: Não,
claro que não. O que temos é um Comitê que está investigando essas mortes. Até
aqui, sobre os crimes investigados, os nomes que já temos, as vítimas foram
assassinadas por gangues, diferentes tipos de gangues, da al-Qaeda, grupos
extremistas, criminosos e grupos de criminosos procurados pela polícia há anos.
Jürgen Todenhöfer: O senhor está dizendo que os
rebeldes, que o senhor chama de terroristas, mataram mais civis que as forças de
segurança?
Presidente Bashar
al-Assad: Não.
Estou dizendo que mataram mais agentes das forças de segurança e soldados, que
civis que apoiam o governo.
Jürgen Todenhöfer: Mas falando exclusivamente de civis.
Os rebeldes mataram mais civis que as forças de segurança, ou as forças de
segurança mataram mais civis?
Presidente Bashar
al-Assad: Como eu
disse, as vítimas que há nas forças de segurança e no exército são em número
muito maior que o número de vítimas que há entre civis.
Jürgen Todenhöfer: O senhor diz que há investigações
sobre membros das forças de segurança que podem ter matado civis inocentes. E
desses, alguém foi punido?
Presidente Bashar
al-Assad: Sim.
Vários estão presos e vários estão sendo julgados por outros crimes.
Jürgen Todenhöfer: Quem cometeu o massacre de Houla,
onde mais de 100 pessoas foram brutalmente assassinadas, entre elas muitas
crianças?
Presidente Bashar
al-Assad: Gangues
de criminosos de fora da cidade, não da cidade, que atacaram a cidade e as
forças da lei daquela cidade. E mataram muitas famílias, como você diz, e muitas
crianças e mulheres, e, de fato, as duas famílias que foram assassinadas eram
apoiadoras do governo. Não eram da oposição.
Jürgen Todenhöfer: Ouvi, de moradores de Houla,
sobreviventes das famílias que foram atacadas e mortas, que os atacantes usavam
uniformes militares do exército sírio. Por que usavam uniformes
militares?
Presidente Bashar
al-Assad: É prática
que já se observou muitas vezes. O Comitê de investigação sabe que isso
acontece: eles produzem vídeos e distribuem vídeos, vídeos falsos, onde aparecem
homens fardados com nosso uniforme militar. Esses, ao que se sabe, assassinaram
aquelas famílias.
Jürgen Todenhöfer: O senhor está dizendo que é
estratégia dos rebeldes?
Presidente Bashar
al-Assad: Sim, é.
Fazem isso sempre, desde o início. E não só em Houla, mas em vários pontos.
Jürgen Todenhöfer: Quem são esses rebeldes, que o
senhor chama de terroristas?
Presidente Bashar
al-Assad: São uma
mistura, um amálgama de al-Qaeda, outros extremistas, não necessariamente
ligados à al-Qaeda, além de criminosos que a Polícia procura há muito tempo
(traficantes e contrabandistas de drogas vindas da Europa e que transitam pela
Síria, além de outros, muitos dos quais condenados e foragidos da Polícia. É uma
mistura de coisas diferentes.
Jürgen
Todenhöfer: Quantos
seriam esses que lutam contra o governo?
Presidente Bashar al-Assad: Não sei lhe dizer. Calculam-se em milhares.
Presidente Bashar al-Assad: Não sei lhe dizer. Calculam-se em milhares.
Jürgen Todenhöfer: Quantos? 20, 30?
Presidente Bashar
al-Assad: Não posso
lhe dar números, porque não há números precisos.
Jürgen Todenhöfer: O senhor diria que todos esses
rebeldes são terroristas?
Presidente Bashar
al-Assad: Depende
do ato que pratiquem. Se atacam e queimam e destroem, sim, fazem terrorismo em
termos definidos na lei. Mas há muita gente implicada nos atos e que não são
criminosos, por diferentes razões. Às vezes, a razão é o dinheiro (porque são
pagos); às vezes, porque são ameaçados; às vezes movidos por algumas ideias ou
ilusões delirantes. Nem todos são terroristas. Essa é a razão pela qual muitos
foram absolvidos, quando aceitaram entregar as armas.
Jürgen Todenhöfer: O governo sírio encontrou homens da
al-Qaeda, entre esses já foram presos?
Presidente Bashar
al-Assad: Sim, sim.
Dezenas deles. [JT: De que países?] Acho que quase todos vinham da Líbia
e da Tunísia.
Jürgen Todenhöfer: O senhor chegou a ter contato com
esses prisioneiros? Com algum deles?
Presidente Bashar
al-Assad: Sim.
Jürgen Todenhöfer: Com intérprete?
Presidente Bashar
al-Assad: É claro.
Jürgen Todenhöfer: Qual é o papel dos EUA, nesse
conflito?
Presidente Bashar
al-Assad: São parte
do conflito. Oferecem o guarda-chuva e o apoio político àquelas gangues, para
romper a ordem, desestabilizar Síria.
Jürgen Todenhöfer: O que o senhor está dizendo é que os
EUA garantem o apoio político aos rebeldes, que o senhor chama de terroristas
matam civis. É isso? [BA: Exatamente isso.] Nesse caso, o senhor está
acusando o governo dos EUA de ser, pelo menos, parcialmente responsável também
pelo assassinato de civis na Síria. É isso?
Presidente Bashar
al-Assad: É
exatamente isso. Se você assegura qualquer tipo de apoio a terroristas, você é
cúmplice. Se você garante aos terroristas armamento, dinheiro e apoio político
(apoio na ONU, qualquer tipo de apoio), a implicação é que você é cúmplice dos
terroristas,
Jürgen Todenhöfer: O senhor sabe que os políticos
ocidentais veem a mesma situação de modo diferente do seu [BA: Sei.] e
que estão discutindo hoje uma intervenção militar na Síria. Como seu governo
reagiria? O senhor retaliaria, contra países ocidentais?
Presidente Bashar
al-Assad: Não se
trata de retaliação. Trata-se de defender nosso país. É nosso dever e é nosso
objetivo. Em nenhum caso se cogita de retaliar contra alguém, seja quem for.
Jürgen Todenhöfer: E a Síria está preparada para um
ataque desse tipo?
Presidente Bashar
al-Assad: Bem...
[semisorriso] Preparados ou não preparados, teremos de defender nosso país. Mas,
sim, estaremos preparados.
Jürgen Todenhöfer: Se, para o senhor, os EUA são parte
do problema, por que não negocia com eles? Por que não convida Mrs.
Hillary Clinton para que venha a Damasco? Por que o senhor não dá o primeiro
passo?
Presidente Bashar
al-Assad: A Síria
nunca fechou suas portas a país algum, nem a nenhum funcionário de nenhum
governo que deseje ajudar a resolver o problema pelo qual estamos passando na
Síria, desde, é claro, que sejam sérios e honestos. Mas [os EUA] fecharam todas
as portas. Seja como for, não há problema conosco: no instante em que decidirem
negociar, estamos preparados para ajudar.
Jürgen Todenhöfer: O senhor estaria preparado para
dialogar com Mrs. Hillary Clinton? Para andar com ela pelas ruas de
Damasco, para mostrar-lhe a hospitalidade síria e atual situação nas ruas da
cidade?
Presidente Bashar
al-Assad: Já lhe
disse que não fechamos portas, nunca fechamos porta alguma, nem aos EUA nem a
qualquer outro país. Não falo especificamente de Mrs. Clinton ou de
qualquer outro funcionário do governo dos EUA. Sempre negociamos. E já andamos
pelas ruas de Damasco com outros funcionários, como você lembrou. E, sim, claro,
podemos fazer novamente, claro.
Jürgen Todenhöfer: Passemos, por favor para a situação
interna na Síria. As negociações com grupos da oposição é opção realista? Ou o
senhor entende que esse conflito terá de ser objeto de disputa armada até o
final, por amarga que seja a luta?
Presidente Bashar
al-Assad: Verdade é
que em qualquer caso, o diálogo é necessariamente a primeira opção estratégica.
O diálogo é indispensável. No mínimo, para confirmar que nada será possível
fazer pela via pacífica. Mas, mesmo com diálogo, se o diálogo não funciona ou se
você é atacado por terroristas, você é obrigado a combater o terrorismo. Você
não decidir que só vai dialogar, que não vai responder nem vai defender-se,
enquanto terroristas continuam matando seu povo e armando exércitos inimigos.
Jürgen Todenhöfer: E o senhor não poderia dialogar com
os que não são terroristas?
Presidente Bashar
al-Assad: Dialogamos no verão passado. E
repetimos nosso convite, alguns deles aceitaram, conversamos e a oposição
apresentou candidatos às eleições, concorreram e hoje têm representantes eleitos
no Parlamento. Semana passada apresentaram portfólios ao governo.
Jürgen Todenhöfer: Mas só tiveram 2% dos votos nas
eleições...
Presidente Bashar
al-Assad: Isso,
perdoe, não é nossa culpa [risos]. Não poderíamos ter dado a eles também os
votos. Não criamos o governo.
Jürgen Todenhöfer: O senhor estaria disposto a
conversar também com a oposição em [Hexa?]?
Presidente Bashar
al-Assad: Dissemos
que conversaríamos com qualquer um.
Jürgen Todenhöfer: O senhor aceitaria negociar com os
rebeldes, se depuserem armas?
Presidente Bashar
al-Assad: Sim, e já
conversamos. Os que depuseram armas foram julgados, vários foram absolvidos e,
hoje, vivem vidas normais, sem problema algum.
Jürgen Todenhöfer: O senhor estaria disposto a negociar
com qualquer um, desde que deponham armas.
Presidente Bashar
al-Assad: Claro. As
conversas começaram antes de eles terem deposto armas. Fizemos todo o possível,
até alcançar um bom resultado.
Jürgen Todenhöfer: E quanto ao plano de Kofi Annan?
Fracassou?
Presidente Bashar
al-Assad: Não. Kofi
Annan continua fazendo, até aqui, um trabalho difícil, sim, mas bom trabalho.
Está encontrando muitos obstáculos, mas não deve falhar. É excelente plano.
Jürgen Todenhöfer: Qual é o principal obstáculo?
Presidente Bashar
al-Assad: O
principal obstáculo é que muitos países não desejam que o plano de Kofi Annan dê
certo e funcione. Por isso dão apoio político e continuam a fornecer armas e
dinheiro aos terroristas que operam dentro da Síria. Querem que o plano
fracasse.
Jürgen Todenhöfer: Quem envia armas para seu país? Qual
é o país que envia armas?
Presidente Bashar
al-Assad: Ainda
não encontramos provas concretas, mas há muitas indicações, indícios, que
apontam, posso dizer-lhe, principalmente, para Arábia Saudita e Qatar, quanto ao
fornecimento de armas contrabandeadas para a Síria. Quanto ao apoio logístico,
os indícios apontam para a Turquia [Jürgen Todenhöfer: E os EUA?] Pelo
que sabemos até aqui, eles têm garantido apoio político. [Jürgen
Todenhöfer: Equipamento de comunicação?] Há alguma informação sobre isso,
exatamente. Mas não comentei esse aspecto, porque ainda não temos informação
concreta, completa, que confirme isso e que eu pudesse mostrar-lhe.
Jürgen Todenhöfer: E sobre a ideia de Kofi Annan, de
um governo de unidade, constituído por grupos de oposição, inclusive o Partido
Baath.
Presidente Bashar
al-Assad: Você está
falando do plano da Conferência de Genebra. Sim. Já temos esse governo na Síria.
Já há membros do partido Baath no Parlamento e participando do atual governo.
Mas é preciso critérios: como se define “oposição”? Podem ser dezenas de
milhares, centenas de milhares ou milhões de partidos de ‘oposição’. Todos terão
de participar necessariamente do governo? Conforme o número... e se não se
define o que seja ‘oposição’, que ‘oposição’ seria essa, criada por força de
lei? Não há democracia que opere assim. A democracia exige critérios e exige
mecanismos. Para mim, o mecanismo tem de ser as eleições. Você representa uma
posição, concorre em eleições, obtém votos, ganha lugar no Parlamento, pode
participar legitimamente do governo. Mas, se você ‘se chama’ ‘oposição’, mas não
tem votos, não consegue representação no Parlamento, você representa o quê? Você
mesmo? Que sentido há nisso? Tivemos eleições parlamentares na Síria, há dois
meses.
Jürgen Todenhöfer: Por exemplo, a oposição
[ininteligível] que participou das eleições... O senhor aceitaria que
participasse de um governo de transição, interim, digamos, temporário...
Presidente Bashar
al-Assad: Se
aceitarem nossas leis, nossas regras, se não cometerem atos criminosos, se não
facilitarem as vias para que a OTAN ou qualquer outra potência externa ataque a
Síria, sim, por que não? Eles também têm direito de participar de eleições, se
atenderem às condições que os demais partidos também atendem. Não vejo por que a
oposição teria de ser banida do país.
Jürgen Todenhöfer: Um homem como Ghalioun, o presidente
do Conselho Nacional Sírio...
Presidente Bashar
al-Assad: Não é
questão que se possa resolver em geral, para todos. Não é questão de nomes. É
questão de princípios para todos. Os dossiês policiais terão de ser examinados.
Se não se encontrar indício de que tenham cometido crime, nada os obriga a viver
fora da Síria, nada os impedirá de concorrer às eleições. Aplica-se a todos.
Jürgen Todenhöfer: Senhor presidente, quando o senhor
pensa no que aconteceu aos líderes de Egito e Líbia. Quando o senhor pensa nas
imagens que todos viram pela televisão... O senhor não teme por sua família?
Presidente Bashar
al-Assad: Estamos
falando de coisas diferentes, de situações diferentes. O que aconteceu a
al-Gaddafi foi selvageria. Não importa o que tenha feito, não importa quem tenha
sido. Com Mubarak a situação foi diferente. Mubarak foi julgado. Qualquer
cidadão que tenha assistido ao julgamento pela televisão pode ter pensado:
queria eu, estar naquela posição, vivendo como ele está vivendo. Para entender o
que há a temer, é preciso diferençar essas duas histórias. É tudo completamente
diferente. Não há qualquer semelhança entre o que houve no Egito e o que está
havendo na Síria. O contexto histórico é completamente diferente, o tecido
social é diferente, e nossa política sempre foi diferente. Se não se podem
comparar esses destinos, não há o que temer. Talvez, no máximo, alguma emoção de
piedade, ou de lástima por algum destino pessoal mais trágico.
Jürgen Todenhöfer: O senhor enfrenta uma oposição dura,
seu país enfrenta uma luta dura, há rebeldes e o senhor sabe o que esses
rebeldes fazem e são capazes de fazer. Repito, então minha pergunta: o senhor
não teme pela sua família?
Presidente Bashar
al-Assad: Nada
importa mais, na vida de um homem, que viver conforme suas convicções. Claro que
pode haver discordâncias, pode haver quem discorde de você, opiniões diferem.
Mas se você trabalha para proteger o povo, por que temer? Há centenas de
vítimas. Imagine se houver milhares, dezenas de milhares de vítimas? Esse, sim,
é o problema a resolver.
Jürgen Todenhöfer: Para terminar, qual é sua proposta
para o final desse conflito? Volto à pergunta inicial: o senhor entende que
tenha de lutar essa luta até o fim?
Presidente Bashar
al-Assad: Temos de
chegar a uma solução, que tem dois eixos. Em primeiro lugar, não podemos aceitar
o terrorismo. Esse é um eixo. Temos de combater o terrorismo. Quanto a isso não
há discussão. A realidade na Síria é que há alguém matando civis, matando
inocentes, matando mulheres, matando crianças, matando seus soldados, matando
policiais, matando todos. Temos de combater os terroristas, se não aceitam
dialogar. O outro eixo é construir um diálogo político com componentes
diferentes, para, simultaneamente, poder promover reformas. Em todo esse
processo, o povo resolverá quem serão seus representantes
Jürgen Todenhöfer: Não há meio para que as reformas
venham um pouco mais depressa.
Presidente Bashar
al-Assad: Esse é um
critério muito subjetivo. Parecerão mais lentas para uns, rápidas demais para
outros. Você acha que a reforma é rápida, eu acho que é lenta... É critério
muito subjetivo. Reformas são coisas que se faz o mais depressa possível, sem
pagar preço caro demais em cada etapa, porque sempre há efeitos colaterais, que
não podem ser tão severos a ponto de inutilizar a reforma. Isso não depende de
mim, nem do governo, nem do Estado e é processo que tem de ser encaminhado
conforme o ditem as circunstâncias objetivas na Síria.
Jürgen Todenhöfer: E como, senhor presidente, o senhor
espera ver seu país dentro de dois anos?
Presidente Bashar
al-Assad: Tenho de
ver a Síria, em dois anos, mais próspera. Mais prosperidade implica melhores
condições econômicas e melhores condições em geral, em todos os campos. Para
tudo isso, é indispensável construir, imediatamente, o que a Síria menos tem
hoje e do que mais precisa: segurança. Sem segurança, não há como sonhar com
prosperidade.
Jürgen Todenhöfer: Muito obrigado, senhor presidente,
por essa entrevista.
MUITÍSSIMO obrigado pelo trabalho e pela tradução desta excelente entrevista.
ResponderExcluir