quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Essa festa não era para nós

Em 1984, durante a campanha das Diretas Já, estava no Ginásio do SESC em Belém e diante da empolgação de alguns setores estudantis, que falavam em colocar um milhão de pessoas nas ruas, ouvi da boca de Tancredo Neves: calma gente, o povo só vai com a gente até um determinado ponto.


Depois da Ditadura Civil/Militar, quando a elite brasileira teve que colocar o serviço sujo nas mãos dos militares, era preciso voltar ao antigo esquema, refazer o pacto por cima.

Toda aquela conversa mole de Diretas Já, volta da democracia, já estava bem costurada e com os seus limites bem demarcados.

A festa não era para nós. Não era para o PT, a CUT, o MST e outros penetras. Definitivamente, não era para LULA ser presidente, para o PT ser governo.

Tudo o que estamos vivendo hoje, é a indigestão para as elites desse prato que desandou. A raiva que eles têm do PT, do LULA, do Zé Dirceu, do MST, da CUT, dos sindicatos... É a raiva da derrota, é a vontade de vingança.

O que todos nós precisamos compreender é que nada está ganho, nada está resolvido. A Guerra nunca acabou. Vencemos muitas batalhas, batalhas importantes, mas a Guerra continua. O mundo do dinheiro, da grana fácil, está cercado no mundo inteiro. Milhões de pessoas em todos os países começam a entender que a miséria não é um dado da natureza.

Não é um dado que determina quem vai ficar no lado dos 1% que têm tudo e quem vai ficar do lado dos 99% que vivem na precariedade cada dia mais humilhante.

O PT, a CUT, o MST, têm sido bons navios de guerra, mas as seguidas batalhas que vencemos colocaram o Brasil e o seu povo num outro patamar histórico. É esse o dilema que vivemos, será que nossa armada está atualizada para as novas batalhas?

O poder econômico e material das elites é infinitamente maior que o nosso, felizmente somos muitos e temos alguns grandes companheiros do nosso lado. Temos também a criatividade e a inteligência que sempre fazem a diferença nas lutas dos pobres. LULA é o melhor exemplo.

Mas agora o avanço está exigindo novos tipos de armamento, novas estratégias, alianças mais dinâmicas e firmes. As moléculas precisam de mais calor entre elas, mais agitação e entrosamento. O caldo tem que ferver, mas não pode entornar pra cima da gente.

O nosso governo, o PT, a CUT, o MST, Sindicatos, movimentos sociais, redes sociais, militantes, listeiros, blogueiros... Precisam compreender a necessidade de novas e mais firmes alianças, precisam articular e conversar mais.

A Luta é de todos.

Que nenhum desses agentes imagine ou se iluda que pode ganhar essa guerra fazendo tréguas ou concessões para as elites. Nós só temos uma alternativa: é continuar avançando.

A responsabilidade do PT e do nosso governo é enorme nesse processo. A máquina eleitoral do PT é importante e necessária, mas o partido não pode achar que isso é tudo. O PT não pode esquecer de onde veio, o PT e o governo não podem continuar fingindo que a questão da comunicação é um problema jornalístico e/ou dos jornalistas.

Todos os nossos navios precisam ter uma fala clara e orgânica para o povo. Precisamos urgente de um aparato de comunicação que comunique nos dois sentidos e seja capilar. Precisamos de rádios, jornais de bairros, jornais de ônibus, TV pública e de bairros, internet com banda larga e barata, escolas e pontos de cultura interligados, jornais nas feiras, uma grande agencia de noticias de esquerda produzindo a nossa agenda e o nosso conteúdo.

Mão na massa gente, o resto é chororô.

Enviado por Beatrice 
Autor: Adauto Melo

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