domingo, 16 de setembro de 2012

O atual impasse na Síria: Entrevista com Haytham Manna’ (Parte 2/5)


1/6/2012, Bassam Haddad entrevista Haytham Manna’, Jadaliyya
Transcrição traduzida pelo pessoal da Vila Vudu

Ver também:

Intervention, Resistance, Transformation, and Exit in Syria: Interview with Haytham Manna’ (Part 2)


Bassam Haddad (BH): Tratemos agora das questões da resistência, da questão palestina e da relação que mantêm com a posição de rejeitar intervenção externa. Há inúmeras razões pelas quais alguém pode opor-se a uma intervenção vinda de fora. Qual é sua posição na questão da oposição à intervenção externa, dos que dizem que o objetivo [verdadeiro] da intervenção pelas forças ocidentais é atacar grupos e estados considerados como a base da resistência pró-palestinos na região? [Pergunto-lhe isso] principalmente porque há razões de vários tipos pelas quais alguém pode opor-se a uma intervenção e a oposição, no caso da Síria pode não implicar qualquer tipo de apoio ao regime autoritário. Por outro lado, há também os que se tornaram menos críticos contra o regime Assad pelo fato de ele também se opor a qualquer intervenção; e por crerem que a intervenção, em todos os casos, incluiria um tipo de conspiração. Essa posição gera riscos novos, presentes e futuros. Qual sua posição, dado, especialmente, que o senhor sempre se opôs a qualquer intervenção externa e continua a opor-se?

Haytham Manna' (HM): No início de maio de 2011, cerca de uma semana depois que o exército entrou em Dar'a, o cenário foi terrível. Meu pai morreu por falta de medicação. Perdi vários amigos e muita gente ou emigrou ou fugiu. Meu irmão fugiu, mas foi encontrado e martirizado. Vivi uma situação pessoal muito difícil. Mas, em termos de luta política, lancei o que chamei de “trindade fundamental”, para que não perdêssemos completamente o rumo.

A “trindade fundamental” é: contra a intervenção estrangeira; contra armas e violência; e contra o sectarismo. Muitos me acusaram de estar sendo excessivamente teórico, excessivamente frio, de reagir “sem o coração”. Mas os movimentos começaram a adotar essa abordagem da “trindade fundamental”. Inclusive a Fraternidade Muçulmana, no início do levante. Estive num programa de televisão com o poeta Rawi, no qual ele declarou que “nós adotamos essa trindade”. Mas, depois, mudaram de posição; muita gente mudou de posição. No começo, Ghalyoun [Burhan Ghalioun, presidente reeleito do Conselho Nacional Sírio; renunciou em maio-2012 (NTs)] e todos adotaram a “trindade”.

Nos mantemos firmes na “trindade”, por duas razões. A primeira tem a ver com a questão nacional, questão muito sensível na Síria, e que está em pauta desde a minha infância. Temos uma batalha pela frente. Desde cinco anos de idade, todos os sírios ouvimos a expressão “Síria natural”. A “Síria natural” estende-se até Gaza. Aprendemos na escola. Fomos educados assim. Os sírios nunca fomos educados na direção de que a Síria deveria incorporar ou ocupar a Palestina. Mas, sim, fomos educados para saber que qualquer afronta ou ataque aos palestinos sempre seria como uma adaga cravada às costas das causas sírias e árabes. Seria portanto impossível, para os sírios, tratar com frieza a questão palestina, ou agir como se os sírios nada tivéssemos a ver com os palestinos ou a causa palestina. A segunda razão é a questão das Colinas de Golan. Até hoje há um milhão de sírios que foram expulsos do Golan e permanecem deslocados. O ocidente e todo o mundo está permanentemente sacrificando essas pessoas... E por quê? Para dar casas a cerca de 18 mil colonos ilegais? Isso é crime de guerra. É um crime continuado. Manter um povo sob ocupação é crime de guerra. E há completo silêncio, completa cumplicidade internacional sobre isso.

Temos também a questão do Líbano. Por exemplo, tenho uma irmã que jamais se interessara antes por política, até que começou o levante em Dar’a. Hoje é militante engajada. Deu a casa onde morava a uma família expulsa da própria casa no sul do Líbano e mudou-se para Dar’a. Não perguntou quem eram, o que fariam da casa. Deu a casa porque entendeu que era seu dever. Para ela, a resistência é parte da vida, da existência, da cultura. Não é possível separar o cidadão de seus direitos básicos, porque os direitos individuais e os direitos dos povos são inter-relacionados. As duas coisas vivem na memória coletiva.

Alguns indivíduos, alguns grupos e vários veículos da imprensa-empresa, sim, com certeza tiveram papel importante na operação de destruir essa consciência. Dou um exemplo. Apenas três semanas depois de iniciado o levante em Dar’a, a rede Al-Arabiyya noticiou várias vezes que haveria elementos do Hezbollah lutando em Dar’a [aliados ao exército de Assad]. Sinceramente... Quem acreditaria nisso?! Nós conhecemos os libaneses e conhecemos os sírios! Noticiaram até que haveria atiradores treinados que nem falariam árabe, o que provaria que vinham do Irã e de outros lugares. A mídia fez isso. E foi o começo do processo pelo qual lutas regionais infiltraram-se na mobilização dos sírios. Chegou a tal ponto que muita gente que sempre apoiou a resistência, ao mesmo tempo em que lutava contra o autoritarismo e a corrupção, passou a atacar a resistência. Esse processo continua ativo, até hoje.

Hoje já há um hiato entre o que é manifestação cívica e o que é manifestação nacional. Os campos separaram-se – e isso foi efeito do que fizeram a imprensa coordenada, vários grupos regionais e, sim, muitos sírios. De um modo ou de outro, conseguiram criar uma situação na qual a resistência e a rejeição à resistência são usadas como ferramentas que uns e outros usam como bem entendem. No caso do regime, a resistência está sendo usada para reforçar suas credenciais nacionalistas.

Todos sabem que o Hamás não precisa do governo sírio para ser legítimo na Palestina. Todos sabem também que o Hezbollah não precisa da Síria para ser legítimo no Líbano. A raiz da legitimidade do Hezbollah está no Líbano. A partir dessa legitimidade, o Hezbollah pode decidir se apoia ou não outros regimes, inclusive a ditadura síria. Mas esse apoio não compromete a legitimidade do Hezbollah como cabeça da resistência. Estamos em luta e a luta não raramente obriga a fazer alianças menos... recomendáveis.

Consequentemente, a primeira batalha que o Movimento de Coordenação Nacional teve de fazer, desde o primeiro momento, foi construir elos compreensíveis entre o movimento de cidadãos e a causa nacional. Absolutamente não somos inimigos da resistência – é exatamente o contrário. Se o regime autoritário ofereceu salas e escritórios à resistência, nosso regime democrático tem de oferecer bases à resistência. Esse é o primeiro ponto.

O segundo ponto – e muito importante – é que estamos fazendo nossa luta a partir de manter boas relações com os estados vizinhos, sem qualquer tipo de preconceito. Não nos interessa trocar o Irã pela Turquia, ou a Turquia pelo Irã. Temos vizinhos que não escolhemos nem poderíamos escolher, que estão aí, por circunstâncias que não controlamos. Você pode trocar de esposa, se se divorciar. Mas não pode trocar o país que está do outro lado da fronteira. Portanto, temos de ter relações amistosas com os países vizinhos, relações equilibradas. Não estamos aqui para fazer guerra a favor dos interesses de um ou de outro. Não somos revolucionários alugados a um ou outro projeto. Se o ocidente sabota o programa nuclear iraniano, que ninguém diga que a sabotagem é feita “graças à Síria”, ou pelos cidadãos ou pelos mártires sírios. Nenhum mártir sírio esteve nas ruas ou foi às ruas pensando em “conter” o programa nuclear iraniano. Os mártires sírios foram e estão nas ruas para derrubar o regime autoritário. Não pode haver qualquer confusão entre esses alvos. Se os sírios forem envolvidos em guerras por procuração, será sempre contra a vontade dos sírios. O preço a pagar será a vida da revolução síria.

Nosso programa sempre foi esse. E a batalha é dificílima. Por isso, precisamente, a imprensa-empresa sempre falou tanto sobre a presença de estrangeiros. Mas que estrangeiros? Se se examina, vê-se que é gente vinda de al-Ramadi no Iraque, sejam iraquianos, ou sauditas com documentos iraquianos. Também há líbios e gente de outros estados do Golfo. Encontramos cadáveres de egípcios e de maghrebinos. Infelizmente, entraram islamistas e jihadistas na Síria. Mas os jornais aqui só falavam de combatentes do Hezbollah, que não estavam aqui.

Uma questão é que nós nos opomos à presença de não sírios na nossa luta contra o autoritarismo, e não importa de onde venham. Estamos pedindo exatamente o contrário: queremos fronteiras controladas. Estamos pedindo que árabes e não árabes que estejam na Síria possam deixar o país em segurança, porque haverá luta e eles não terão qualquer proteção legal, não conhecem o país, não estarão obrigados a obedecer ao cessar-fogo, se se chegar a algum acordo, nem haverá como obrigá-los a obedecer a qualquer acordo a que se consiga chegar. Os estrangeiros que estão na Síria são hoje risco incontrolável e podem servir como combustível para grandes incêndios, à menor fagulha. Devem deixar o país. Como já dissemos várias vezes: voltem para o local de onde vieram. Vocês aumentam os riscos que pesam contra a revolução síria e não tem papel algum a desempenhar aqui. Prova disso é que sabemos quem são os responsáveis por várias explosões, nas quais as vítimas foram, na maioria, sírios.

Uma segunda questão é que temos de ter uma política síria equilibrada. Não romperemos laços nem com a Rússia nem com a China, para nos deixar escravizar às relações só com os EUA. Não. Teremos relações internacionais e relações econômicas ponderadas e equilibradas. Se os japoneses são os melhores quadros em termos de tecnologia que trabalham hoje na Síria, colaboraremos com o Japão. Ninguém dirá à revolução síria o que pode fazer e o que não pode fazer. Esse aspecto é fundamental.

O lócus primário, básico, do sucesso da revolução civil democrática síria radica em construir capacidade para tomar decisões soberanas. Temos de ter capacidade soberana para tomar decisões. Não podemos ceder nossa independência a quem deseje nos dizer com quem negociamos e como negociamos. Se conseguirmos isso, obteremos depois outras formas secundárias de independência. Se sacrificarmos essa primeira independência, pagaremos o preço de perder todas as independências que queremos ter.

BH: Há os que dizem que já não há revolução síria. Que se transformou, de um levante contra o autoritarismo, em outra coisa. Dizem que a revolução síria foi sequestrada, e que, em termos simples, foi convertida em algo sinistro. Como um sírio – hoje, de fato, como qualquer ser humano – consegue extrair algum sentido, alguma coerência da situação que se vê hoje na Síria? A revolução foi sequestrada e o regime sobrevive? Como é possível conciliar essas duas situações? Render-se é inaceitável, mas é como se a revolução estivesse de mãos atadas. Até quem vive fora, que nada poderia fazer em qualquer caso, está preocupado com o que se vê acontecendo na Síria, e têm a impressão de estar paralisados: ninguém pode aprovar o que está acontecendo lá, mas ninguém tampouco pode apoiar a alternativa que vê. A situação parece ser de, para apoiar a revolução, ter-se de apoiar a intervenção externa.

HM: Há várias lições que se aprendem da história. A primeira é que revoluções são movimentos espontâneos, terremotos que brotam de dentro da sociedade. Mesmo assim e apesar disso, uma revolução também é um processo de acumulação, e o que a sociedade acumula se torna recursos do povo. Por exemplo, o medo de antes não voltará à Síria. Outro exemplo: o conceito de obediência e a velha ordem não poderão ser reconstituídos. Também não poderá ser reconstituída a noção de rendição a decisões tomadas por outros. Essas questões tiveram papel importante. [Interrupção]. Há aí conquistas, realizações, das quais não será possível retroceder, nem na consciência coletiva nem por decreto.

O segundo conjunto de questões tem a ver com mecanismos de transição e com quem estará envolvido na transição. Ninguém mais está falando do que se pode chamar de “a velha ordem”. A velha ordem acabou. Já comentei que nem os principais defensores da velha ordem conseguem defendê-la.

Um terceiro conjunto de questões tem a ver como nível social interno de análise. Algumas transformações fundamentais não podem ser desfeitas. Centenas de milhares de sírios são hoje recém-chegados ao mundo político, ao mundo da consciência cívica. Antes, sentiam como se nada tivessem a ver com o mundo político e alguma consciência política. Só pensavam sobre quem estava chegando para visitar a família e os amigos. Nada os mobilizava. Hoje, essas centenas de milhares de sírios, queiram ou não, estarão dando forma a uma nova visão política do próprio país. Esse horizonte político é, em primeiro lugar e principalmente, horizonte interno; foi forjado dentro da mobilização social, não fora dela. Em segundo lugar, esse horizonte político não incluirá nenhum tipo de marginalização, a marginalização de ninguém. Esses são os fatores e os elementos que nos dão confiança.

Resta sempre, ainda, a questão da transição. Acredito que a transição, hoje, por causa da intervenção externa, está convertida em muito mais do que o povo poderia arrancar pela violência. Essa é a importância de fazer cessar todas as formas de violência. Essa é a razão pela qual estive em Moscou e em Pequim. Viajei para encontrar pessoas que possam pressionar as autoridades sírias para que interrompam definitivamente a solução militar de ‘'segurança'’. Isso é essencialmente importante. Há 13 meses, a violência só aumentou. É preciso que a violência retroceda, que volte, pelo menos, a um nível “normal”, para que os sírios possamos voltar a falar de revolução.

Revolução não é carregar armas ou matar soldados. Revolução é uma mudança na moralidade, na conduta e nas instituições. Tudo isso requer que recuperemos a paz. Sem paz, só os rifles falam. Nesse caso, procurar um representante político é procurar um senhor da guerra. Hoje, um senhor da guerra é muito mais útil para um pesquisador ou para um jornalista que deseje entender a situação, do que algum comentarista político. Claro que muitos, nos cargos de poder, não foram e não estão corrompidos, poluídos pelo autoritarismo e pela corrupção. Há os que são legítimos, honestos servidores públicos. Esses, serviram ao estado, não ao regime. Muitos desses serão naturalmente parte do processo de mudança. Como poderemos selecionar as capacidades dos sírios, que existem em diferentes locais, para que tenhamos um período de transição, sob governo unificado? Na minha opinião, essa é a melhor solução a encaminhar agora, para sairmos da situação em que estamos, com um mínimo de perdas.

BH: Como se fará isso, sobretudo com as divisões que há? Há gente que já desistiu e já não apoia o levante sírio. Ninguém consegue ver metas claras a apoiar, mesmo que muitos se oponham tanto ao regime de Assad quanto à intervenção externa. E muita gente está nessa posição dupla, embora, sim, a maioria pareça estar fora, não dentro da Síria. Em termos práticos, o que pode fazer um sírio que já não concorde com a trajetória do levante, considerando-se a situação que temos hoje?

HM: Entendo perfeitamente o que você diz e concordo integralmente. Muita gente afastou-se do levante inicial, depois que apareceram as armas. Mas nenhum desses, até agora, levantou alguma bandeira branca, de rendição. Nenhum desses passou a defender a ditadura. Ninguém, sequer, abraçou o pacote de reformas práticas que o regime propôs. De um modo ou de outro, a maioria mantém-se no campo do projeto de mudança democrática. Hoje enfrentamos uma situação em que esse projeto foi obstruído. Portanto, é possível desbloquear a situação e remover a obstrução que há hoje à frente do projeto. Por isso tantos apoiaram tão fortemente o plano de Kofi Annan.

Muitos grupos, a maioria dos sírios que apoiam o Plano Annan ainda estão tentando encontrar algum modo para chegarmos a uma solução política. Os que se opõem ao Plano Annan, inclusive grupos do nosso campo, ainda não perceberam o que significará o fracasso do Plano Annan. Não se discute hoje um programa para mudança democrática não violenta. O único “programa” que se discute é a guerra civil. Mas temos de discutir um programa pacífico de mudança democrática, comprometido com a não violência da revolução. A única garantia que resta para salvar a unidade da Síria é a não violência.

BH: Há os que ouvem o que o senhor diz e respondem que não poderá haver solução política enquanto existir o regime de Assad. Dizem que o regime não tem interesse algum em partilhar o poder. Que, por isso, o levante converteu-se em luta armada; o que levou a nada, porque o regime é mais forte. O senhor fala de solução política e, simultaneamente, diz que o regime está praticamente acabado. Como o senhor reconcilia essas duas ideias? Por que o regime cometeria suicídio, a menos que seja forçado a isso?

HM: Não, não vejo assim. Creio que, de certo modo, há um percurso “darwiniano : partes que já não têm qualquer função tendem a sumir. O problema é com a função “ditadura” que não tem como sobreviver, e desaparecerá. A autoridade está equilibrada sobre uma fonte de instabilidade, que pode derrubar todo o sistema. O que quero dizer é que o Estado sírio pode ser destruído, se persistir a ideia de que a solução militar ainda pode levar a alguma saída. Na solução militar não haverá vencedor: nem o regime vencerá, nem a oposição vencerá. Temos de lembrar de uma coisa: foi a violência que levou à crise de confiança na revolução, pela sociedade síria. E a violência também provocou afastamento entre a autoridade e a sociedade. Esse é o fundamento de por que é tão importante parar a violência. É a causa pela qual temos de nos opor à violência. A violência não contribui para os objetivos de quem deseje ter algum papel na Síria do futuro. Não ajuda ninguém.

Gostaria de dizer uma coisa: não há um único sírio, independente da posição, que tenha algo a ganhar com o enfraquecimento da Síria, ainda maior do que o muito que a Síria já foi enfraquecida. O enfraquecimento da Síria só significa que nos tornaremos prisioneiros da “ajuda” internacional e das forças não democráticas dos Estados do Golfo, os quais, o que mais desejam, é uma vastíssima crise fiscal na Síria. Por isso, precisamente, empenharam-se tão pouco em construir um cessar-fogo. Quanto mais fraca a Síria, mais forte o papel desses atores externos. Temos de nos empenhar muito em manter a Síria forte.

Essa é a causa pela qual, desde que lançamos o Corpo de Coordenação Nacional para Fortalecer a Mudança Democrática, sempre falamos em uma Síria civil, democrática e forte. Todos sabemos que uma Síria fraca nos relembrará o Sudão antes do governo de Omar al-Bashir.

Temos de obter mudanças que acolham noções de desenvolvimento, despertar, e estado de direito. Temos de poder nos orgulhar da revolução síria, que ela seja exemplo a seguir por outros povos. Por isso é indispensável construir solução política. No que tenha a ver com violência e capacidade humana, há uma questão econômica. A solução política pela qual lutamos é filha de outras experiências. Quanto mais se marginaliza a solução política, mais sectária e mais extremista resulta a revolução.

Quem teria algo a ganhar com mais extremismo e retórica cada vez mais sectária? É possível construir a Síria com extremismo e sectarismo? Não acredito. Por isso acredito tanto no Plano Annan, independente do nome que receba. É importante no que tenha a ver com a questão fundamental. Essa questão é por fim à violência em nome de dar ao discurso político o lugar que ele tem de ocupar. Só depois disso se poderá cogitar de uma maioria síria que seja contra a volta da violência, venha sob a forma que vier.

[Continua]

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