terça-feira, 18 de setembro de 2012

Monteiro Lobato, Um Gênio, Um Brasileiro




O que está, realmente, por trás da perseguição à memória e à obra de Monteiro Lobato?


Inventam-se formas de fazer publicidade do racismo contra brasileiros. Uma lástima. Pior, um arranjo que envolve uma instituição que tem como finalidade a luta pela extinção do racismo, sendo uma delas uma Secretaria do Governo, todos sustentados pelos impostos pagos pelos pobres, e negros.

Pergunta-se, ainda uma vez, por que essas instituições não promovem ações contra o Estado e seu racismo institucionalizado? Um jovem servidor público negro perdeu seu emprego por ter ofendido um Ministro do Judiciário com sua presença, quando à espera do uso de um caixa eletrônico. Alguma instituição decidiu processar o Ministro? Na Líbia, cidadãos negros estão sendo mortos e perseguidos por nazi-sionistas internacionais e não conheço nenhuma manifestação das instituições contra o genocídio organizado em defesa de uma raça.

José Bento Monteiro Lobato
Os livros escolares, secularmente, adestram as crianças para o racismo e preconceito, elogiando heróis-genocidas e mantendo na ignorância das revoluções da resistência, negando conhecimento da vida e obra de nossos heróis nacionais, índios, negros e mestiços.

O que está, realmente, por trás da perseguição à memória e à obra de Monteiro Lobato?

Nas DEZENAS de obras nas quais a criança, o jovem e o adulto têm a possibilidade de conhecer a mitologia, a filosofia dos povos, as lendas, a história e o folclore nacional, a ciência, a antropologia, enfim, a todo o leitor poderá abrir as portas ao conhecimento e, portanto, à liberdade que a verdadeira cultura promove.

As Instituições são remuneradas para lutar contra o racismo, ao desconhecer a obra, limitam-se a cumprir as ordens da estrutura racista de poder, no qual, a premissa é manter o brasileiro na ignorância do trabalho desenvolvido por seus irmãos, seus iguais, seus heróis nacionais e, no caso de Monteiro Lobato, um gênio da literatura mundial, gerado em terras brasileiras.

Uma prova da perseguição e condenação das obras de Monteiro Lobato. O precioso livro “A ONDA VERDE O PRESIDENTE NEGRO” não é citado, aliás, esconde-se esta obra como o mapa de um tesouro.

Algumas frases encontradas no livro explicam a condenação dos capitães do mato a serviço da institucionalização do racismo:

No conteúdo da ONDA VERDE, Monteiro Lobato analisa e destrói toda a fantasia da exploração das terras paulistas, um grito em favor da natureza e da verdade, jamais citado pelos autodenominados verdes:

A região era todo um mataréu virgem de majestosa beleza.

Rasgara-o a facão o bandeirante antigo, por meio de picadas; o bandeirante moderno, machado ao ombro e facho incendiário na mão, vinha agora, não penetrá-lo, mas destruí-lo.

Desfez em decênios a obra prima que a natureza vinha compondo desde a infância da terra.

Nada mais soberbo – e nada desculpa tanto o orgulho paulista – do que o mar de cafeeiros em linha, postos em substituição da floresta nativa.

Nada lhe detém a ofensiva irresistível... nem a mentalidade altista, loucamente esbanjadora, do fazendeiro.

A propriedade, cria-se hoje, como outrora, pela conquista do mais forte, pela espoliação levada a cabo pelo mais audacioso, pelo mais despido de escrúpulos.

Mas surge o grileiro e tudo se transforma... terras legitimamente, legalmente “apropriadas”. Ao partir para o sertão ele deixou em casa, na gaveta, os escrúpulos da consciência. Vem firme, vem “feito” como um gavião. Opera as maiores falcatruas; fabrica firmas, papéis, selos; falsifica rios e montanhas; falsifica árvores e marcos; falsifica juízes e cartórios; falsifica o fiel da balança de Temis; falsifica o céu, a terra as águas; falsifica Deus e o Diabo. Mas vence. E por arte dessa obra-prima de malabarismo, espoliando posseiros ou donos, sempre firmados na gazua da lei, os grileiros expelem das terras, num estupendo parigato, todos os “barbas ralas” que ali vivem parasitariamente, tentando resistir ao arranque da civilização.”

Responde o café:

- Minha forme está acima da moral, e eu só conheço as leis do meu apetite.

Ora, se mudarmos os cafezais por plantações de soja, milho e algodão transgênicos, o assunto é o mesmo, o grilo foi transformado em agronegócio e a falsificação depende ainda dos negócios da instituição dentro do Congresso e nas lutas perdidas por tradição nos tribunais dos latifúndios.
Na mesma obra, ao tentar explicitar os mecanismos do GRILO, Monteiro Lobato afirma que o grilo é o “viveiro onde se fermenta a aristocracia dinheirosa de amanhã.”

As velhas fidalguias da Europa entrocam no banditismo dos cruzados. Ter na linhagem um facínora encoscorado de ferro, que saqueou, queimou, violou, matou à larga no Oriente, é o maior padrão de glória de um marquês na França. Ter entre os avós um grileiro de hoje vai ser o orgulho supremo dos nossos milionários futuros. Matarás, roubarás, são os mandamentos de alto bordo do decálogo humano, eternos e irredutíveis...

GRILO É UMA PROPRIEDADE TERRITORIAL legalizada por meio de um título falso; grileiro é o advogado ou “águia” qualquer manipulador de grilos; terras “grilentas” ou “engriladas”, as que têm maromba de alquimia forense no título.

O grileiro é um alquimista. Envelhece papéis.

Não há exagero no cálculo de três milhões, sabendo-se que há grilos de 200, 300 e 400 mil alqueires – territórios equivalentes à metade da Bélgica, quase a Saxônia, e tamanhos como antigos ducados e principados alemães.

... Jeca Tatu aprenderá nela a perdoar com generosidade o erro dos fracos e a punir com dureza o crime dos fortes. E aprenderá ainda a mover-se, a correr, a nadar, a ser homem com H maiúsculo em todas as situações da vida.

O Brasil de amanhã não se elabora, pois, aqui. Vem em películas de Los Angeles, enlatado como goiabada. E a denominação yankee vai se operando de maneira agradável, sem que o assimilado o perceba.

O Presidente Negro

Nesta obra, que mereceria um simpósio para discussão, Monteiro Lobato mistura conhecimento científico, a política eugenista dos americanos, exportada à América Latina, e a vitória sempre anunciada da raça branca contra uma população negra cujos cérebros perderam a capacidade do pensamento individual e solidário.

E como a denúncia de racismo contra a memória de um dos maiores brasileiros, tem por desculpa educação, verifique-se que o ano da ficção é 2228, todavia, a política da escola hospício continua em todos os continentes e tem a pretensão da imortalidade.

A criança tinha na América de 2228 uma importância capital. Toda a vida do país girava-lhe em torno. Era a criança, além do encanto do presente, o futuro plasmável como a cera. Os maiores gênios da raça se consagravam a estudá-la, para com tão dúctil matéria prima ir esculpindo a obra única que apaixonava o americano – o Amanhã... Sua Majestade Baby era o Luiz 14 do século.

... A raça branca, afeita à guerra como a última ratio da sua majestade, desviava-se da velha trilha e impunha um manso ponto final étnico ao grupo que a ajudara a criar a América, mas com o qual não mais podia viver em comum. Tinha-o como obstáculo ao ideal da Super-Civilização ariana que naquele território começava a desabrochar, e, pois não iria render-se a fraquezas de sentimento.

A raça ferida na fonte vital pendeu sobre o peito a cabeça como a planta a que opodador estrangula a circulação da seiva. Ia passar. Estéril como a pedra, iria extinguir-se num crepúsculo indolor, mas de trágica melancolia.

E passou...

Monteiro Lobato, um Gênio

Monteiro Lobato é um gênio que está além de quaisquer acordos judiciais. Nem os denunciantes – que evidentemente desconhecem sua obra- tampouco os julga-dores que, na origem, pertencem à tradicional aristocracia ariana nascida do engodo e da ignorância, têm direito, cultura ou competência para julgar sua obra. As verdades ali contidas não podem ser aprisionadas em tempos processuais, tampouco em políticas de alienação das massas, ou suas palavras podem ser manipuladas fora do tempo e do contexto.

Esse processo contra sua memória nada mais é do que uma das facetas do arianismo psicopata que têm como finalidade manter essa artificial supremacia branca, tão nefasta ao afastar os brasileiros do espírito de solidariedade, sob a fachada do racismo, como se nada mais houvesse a fazer do que macular a honra de um sábio brasileiro que, por sua obra, denúncia com seu silêncio iluminador, os atores desse circo montado como seres imbecilizados e imbeciliza-dores.

Monteiro Lobato está além, muito além do Sítio do Pica-pau Amarelo.

A moto-serra-caneta tenta derrubar sua árvore do conhecimento, mas Lobato sobrevive apesar da perseguição dos capitães do mato de todas as raças, de todos os matizes e de todas as instituições.

3 comentários:

  1. (comentário enviado por e-mail e postado por Castor)

    Apoiado! Tia Anastácia é um modelo de Negra brasileira, correta e educadora perspicaz. Não há o mínimo preconceito étnico ou social na obra do notável escritor. Estão malucos, sô?! Não é por aí que se desfiam os problemas do nosso País: é na desigualdade gritante do seu povo!

    Abraços do
    ArnaC

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  2. Olá,
    Quero deixar aqui meus apreço e apoio a este blog que reputo como um dos poucos a trazer uma visão mais ampla e universal dos fatos. Em se tratando de Brasil, é uma raridade esta perspectiva.
    Continuem com o excelente trabalho.

    Marroni

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    Respostas
    1. Prezado Marroni
      É que nós descobrimos que o verdadeiro inimigo da DEMOCRACIA é o jornalismo praticado pela imprensa-empresa. Aí resolvemos escolher nós mesmos nosso próprio jornalismo... Tá dando certo até agora.
      Abração
      Castor

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