sábado, 9 de julho de 2011

A guerra da OTAN contra civis líbios

Franklin Lamb

9/7/2011, Franklin Lamb, Countercurrents.org
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Trípoli, Líbia: Anoto aqui, rapidamente, cinco casos em que a OTAN atacou civis líbios, dentre os casos de ataque a civis que a população de Trípoli mais comenta nos últimos dias.

13/5/2011: Uma delegação de líderes muçulmanos que vieram a Breda para diálogo pacífico com outros religiosos do leste da Líbia foi atacada à 1h da manhã no hotel em que estavam hospedados, por duas bombas MK 82. 11 morreram no local; 14 ficaram gravemente feridos. A OTAN alegou que, no mesmo prédio, funcionaria um “Centro de Comando e Controle”. Todas as testemunhas e o proprietário do hotel negaram veementemente que o hotel abrigasse qualquer tipo de “Centro”. Entrevistei pessoalmente o líder da delegação, Xeique Khalad Ali, três vezes, para obter detalhes. Ele está hospitalizado, recuperando-se de ferimentos por estilhaços na perna direita e confirmou o que disseram outras testemunhas. A OTAN ofereceu-se para indenizar as famílias dos feridos.

20/5/2011: Na madrugada desse dia, oito mísseis atingiram a casa de Khaled Al-Hamedi, onde estava sua família, com vários parentes. 15 pessoas foram mortas, entre as quais a esposa de Khaled, grávida; sua irmã e três de seus filhos. A OTAN alegou que a casa fora bombardeada porque ali haveria algum tipo de instalação militar. Testemunhas, vizinhos e fontes independentes negam que ali algum dia tivesse havido qualquer tipo de instalação militar, ou que algum dia tenham visto movimentação de soldados na propriedade.

Final de junho/2011: Na estrada principal a oeste de Trípoli, um ônibus do transporte público com 12 passageiros foi atacado por um míssil TOW. Todos os passageiros morreram. A OTAN alegou que os ônibus das linhas de transporte público estariam sendo usados para transportar pessoal militar. Jornalistas estrangeiros, inclusive eu, que usamos o transporte público, nunca vimos soldados nos ônibus nem em Trípoli, Não se vêem tanques, blindados nem qualquer tipo de veículo militar na cidade. A polícia local continua a fazer a segurança das cidades e comitês de cidadãos fazem a segurança interna dos bairros e subúrbios.

6/6/2011: Às 2h30 da madrugada, o complexo central administrativo do Alto Comitê para a Infância, no centro de Trípoli, a dois quarteirões do hotel onde estou hospedado, foi atacado por 12 bombas/foguetes. O complexo abrigava o Centro Nacional de Assistência a Crianças com Síndrome de Down, com todos os seus setores de estatísticas; a Fundação para a Mulher com Doenças Incapacitantes; o Centro para Crianças com Problemas de Locomoção e o Centro Nacional de Pesquisas do Diabetes.

16/6/2011: A OTAN bombardeou um hotel privado no centro de Trípoli, Matou três pessoas e destruiu um restaurante de Shisha.

Segundo os médicos do Hospital Central Sirte e o Grupo de Advogados Líbios, que representam as vítimas das atrocidades da OTAN, e que apresentaram breve relatório dia 8/7/2011, há inúmeros hospitalizados, feridos nos ataques da OTAN.

O número de feridos civis vem aumentando entre 5% e 20% por mês naquele hospital; os casos de diabetes não controlada e pressão anormalmente alta aumentaram 300% entre 15 de fevereiro e 15 de junho, comparados os anos de 2010 e 2011.

O número de abortos espontâneos também aumentou dramaticamente na Líbia, segundo o Prelado da Igreja Católica na Líbia, Giovanni Innocenzo Martinelli, um dos líderes religiosos mais conhecidos e respeitados nesse país onde 99,5% da população são muçulmanos sunitas. Esse Prelado informou a visitantes que em um dia, no Hospital Verde em Trípoli, imediatamente depois dos bombardeios da OTAN em meados de março, houve 50 casos de abortos espontâneos, com 40 mães mortas. Esses números foram confirmados por mim dia 5/7/2011, em entrevista com o Dr. Mohamed Milhat, cardiologista do Centro Médico Líbio-Britânico. O Dr. Milhat confirmou o expressivo aumento de pacientes com sintomas relacionados ao estresse.

A história julgará a OTAN e seus comandantes por seus crimes. Que cada cidadão, em cada país-membro da OTAN, trabalhe para pôr fim a essa missão de guerra ilegal e ajudar a proteger a população civil da Líbia.

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