15/9/2013, Tlaxcala (artigo e
vídeo)
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Bruce
Springsteen e a banda E Street Band
iniciaram a parte final do tour 2013 Wrecking Ball com um show de 29
canções, em três horas e 10 minutos na Movistar Arena em Santiago, Chile, na
5ª-feira (12/9/2013) à noite.
Foi
o primeiro de quatro shows na América Latina, que terminará no Rock in
Rio, dia 21/9. A única vez que Springsteen tocou na América do Sul foi em
setembro de 1988, quando fez três shows.
Apresentou
sua lista padrão de sucessos, mas outra vez começou com uma surpresa.
Acompanhado só por Nils Lofgren no violão acústico e Curt Ramm no trumpete,
Bruce cantou em espanhol, uma canção escrita por Victor Jara, intitulada
“Manifiesto” [Manifesto]. A seguir:
Foi
uma das últimas composições de Jara, antes de ser assassinado no golpe de
Pinochet contra o Chile, em setembro de 1973. Victor Jara foi cantor chileno,
professor, diretor de teatro, ativista político e membro do Partido Comunista do
Chile.
Na
manhã de 12/9/1973, Jara foi preso, com milhares de outros, e levado para o
Estádio [de futebol] Nacional do Chile (rebatizado “Estadio Víctor Jara” em
setembro de 2003). Nas horas e dias seguintes, muitos daqueles detidos foram
torturados e mortos pelos militares golpistas. Jara foi brutalmente espancado;
teve as mãos e costelas quebradas. Prisioneiros políticos no mesmo local
contaram que os torturadores zombaram, dizendo que Jara tocasse violão para
eles, quando jazia no chão com as mãos quebradas. Jara cantou-lhes versos de
“Venceremos” (hino da coalizão Unidade Popular). Ouça a seguir:
Dia
16/9/1973, Jara foi assassinado a tiros de metralhadora, seu corpo foi jogado
numa estrada nos arredores de Santiago. Encontrado e recolhido a um necrotério,
encontraram-se no cadáver 44 balas.
Dia
3/12/2009, afinal se fez o funeral oficial, no “Galpón Víctor Jará”, em frente à
“Plaza Brasil”. Jara foi homenageado por milhares de pessoas. Seus restos
mortais foram re-sepultados no mesmo local em que fora sepultado em 1973. Dia
28/12/2012, um juiz chileno ordenou a prisão de oito ex-oficiais do Exército por
participação no assassinato de Victor Jara. O mesmo juiz expediu mandato
internacional de prisão para mais um deles, Pedro Barrientos Núñez, acusado de
atirar contra a cabeça de Jara, numa sessão de tortura. Barrientos vive na
Flórida, e as autoridades dos EUA até agora têm-se recusado a cumprir a ordem de
prisão.
Dia
4/9/2013, o Centro pela Justiça e Transparência deu entrada em processo de
acusação contra Pedro Barrientos numa corte dos EUA, em nome da viúva e filhos
de Victor Jara. O CJT acusa Pedro Barrientos pelos crimes de detenção
arbitrária; tratamento cruel, desumano ou degradante ou castigo de prisioneiro;
execução extrajudicial; e de crimes contra a humanidade, nos termos do Estatuto
Contra a Tortura
[Alien
Tort Statute (ATS)]; e de tortura e morte, nos termos Lei de Protecão às
Vítimas de Tortura [orig. Torture Victim
Protection Act (TVPA)], todos crimes ligados à morte de Víctor Jara. A
queixa-crime acusa Barrientos como perpetrador direto do crime de assassinato de
Víctor Jara, e como comandante, e colaborador indireto de outros crimes
cometidos no Estádio Nacional do Chile.
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