terça-feira, 3 de setembro de 2013

Rebatizar a “Primavera Árabe” não oculta os preconceitos dos EUA

China: Comunismo e Confúcio

11/5/2013, People’s Daily Online, Pequim
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu


Com a escala da guerra já em expansão, o número de mortos subindo, dissemina-se a ideia de que a guerra síria alcançou o ponto mais crítico. Com a atenção fixada nas rápidas modificações da situação de guerra, muitos parecem ter esquecido que, nos primeiros dias, a tragédia síria chegou a ser vista no ocidente como extensão da “Primavera Árabe”.

Hoje, o tiroteio em Damasco já fez sumir do radar mundial a difícil situação na Tunísia, na Líbia, no Egito – campos principais da “Primavera Árabe”.

Mas quando a atitude cega, de só ver a ação em torno, dá lugar ao pensamento racional, vê-se claramente a evolução do processo da “Primavera Árabe” – e uma tendência à guerra aberta aparece logo à vista, bem clara.

Por isso os círculos ideológicos nos EUA trataram logo de rebatizar como “guerra civil na Síria” o que em outros locais foi a tão popular “Primavera Árabe”. E assim a realidade tornou-se afinal novamente transparente.

Há duas considerações que explicam o rebatizamento da “Primavera Árabe”, agora chamada “guerra civil na Síria”: primeiro, que, no calor da hora, uma “revolução” sempre se parece mais a uma tempestade, que a alguma “primavera”. Todos aqueles países continuam em tumulto, com as respectivas economias em frangalhos.

Segundo, que reconstruir a ordem não é coisa fácil. Quem perca a direção do desenvolvimento só gerará em torno de si caos em grande escala. 

Mapa da Primavera Árabe
(clique na Imagem para aumentar)
Uma página árabe na internet lembrou em artigo, há alguns dias, que o nome “Primavera Árabe” dado ao torvelinho por que passam a Ásia Ocidental e o Norte da África mostra que os EUA ainda tentam controlar a “campanha” e conduzi-la na direção de alguma democracia de modelo norte-americano (quando então a “primavera” estaria desabrochada em maduro e feliz verão). E esse impulso, que tem raízes num preconceito ideológico, impediu que os países ocidentais mantivessem a compostura e a decência.

Servir-se das mídias sociais e de resoluções da ONU para derrubar governos de estados soberanos, ou tomar partido em guerra civil em terra distante são impertinência e autoindulgência à mentalidade de “salvadores” do mundo.

Os EUA e países ocidentais podem seguir adiante, ou voltar atrás, no erro de tentar mudar o nome da Primavera Árabe. Mas o Norte da África e a Ásia Ocidental não têm forças para, sozinhos, inverter a própria maré revolucionária. E as pessoas que morreram nessa sempre uma só e longa revolução terão morrido por nada.

A explosiva Primavera Árabe divide o mundo...
As grandes potências possuem força extraordinária. Usada adequadamente, essa força pode beneficiar o mundo. Mas se essa grande força perde o rumo, causará grandes problemas, e, mesmo, grandes desastres.

O custo desastroso da guerra afegã, da guerra do Iraque, o torvelinho na Ásia Ocidental, no norte da África e na Síria obrigará os povos a ver que fingir que elas não existem e atropelar as normas que governam as relações internacionais é absolutamente intolerável.


Agora, as grandes potências podem deixar de lado o orgulho e o preconceito e apoiar os países nas regiões, para que escolham, com independência, o sistema político e o modo de desenvolvimento que desejem; devem oferecer ajuda para que resolvam a crise política. Essa é a única via para escapar dos problemas que se criam quando se supõe que bastaria mudar o nome do problema.

2 comentários:

  1. Texto importantíssimo, que pode estar passando batido porque a tradução do chinês quase sempre resulta num texto de sabor estranho demais em português. De inicio as pessoas podem ter dificuldade em atinar com o que está sendo de fato dito.

    Pena - pois a perspectiva trazida pelo texto é fundamental!

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    Respostas
    1. Foi traduzido da versão do People's Daily em inglês feita na China...Eles não devem ter feito um trabalho tão ruim...

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