13/9/2013, [*] MK Bhadrakumar, Indian Punchline
Traduzido pelo
pessoal da Vila
Vudu
Entreouvido
no Bar da Pregassorta na Vila Vudu:
É impressionante. Ninguém, até agora, em tooooooda a “imprensa” do Brasil, com
tantos e tantos e tais “especialistas” e demétriosmagnollis & coisa e tal e
tooooooooda a USP inteirinha, além dos williamswacks e dos boriskassois &
zivisgvelders & sionistas adjuntos, conseguiram sequer começar a perceber a
EXTENSÃO da derrota do governo Obama e do “ocidente”; nem – e muuuuuuito menos –
a importância de a Síria e o Irã não se terem deixado destruir pelos EUA.
“Resistência”, teu nome é Síria e Irã e Hezbollah. É impressionante.
Im-pres-si-o-nan-te. A esquerda mundial, se não morreu, está desmaiada (de
cagaço ou de espanto, sabe-se lá!).
Lembrei
com nostalgia uma canção que andou nas paradas de sucesso de música
country nos EUA nos anos 70s, East Bound and Down [ap. “Rumo leste
e pé na tábua”] – escrita para o filme “Agarra-me se puderes” [orig. Smokey
and the Bandit, 1977]. Vídeo a seguir:
Caso estejam ocupados demais para
assistir ao YouTube, anoto aqui alguns versos da canção: “Rumo leste e pé na
tábua, carregar [o caminhão] e cair na estrada/Faremos o que eles dizem que é
impossível./O tempo é a curto e a estrada é longa./Para o leste! E o xerife que
coma poeira”. [1]
É
bom resumo do que deve andar na cabeça hoje atribulada dos xeiques do Golfo
Árabe, obrigados a aceitar o silêncio boquiaberto e catatônico do presidente
Obama e o cavalo-de-pau que deu na tal de “ação limitada” contra a Síria. O Washington Post publica hoje matéria
interessante, de Beirute.
Evidentemente,
a mudança de regime na Síria é questão existencial para as monarquias sunitas no
Golfo Pérsico, que sabem que, se Bashar Al-Assad permanecer no poder é altamente
provável que, mais dia menos dia, ele os fará experimentar as vinhas da ira, por
terem destruído seu belo país – sobretudo o rei Abdullah da Arábia Saudita, que
humilhou a Síria publicamente, até agora ainda sem resposta.
O
colapso do projeto de mudança de regime na Síria será gravíssima derrota para a
Arábia Saudita, com toda a estratégia construída para toda aquela região à base
da divisão sectária já começando a ruir, e ante a imperiosa urgência de terem de
recomeçar do zero, se recomeçarem, dessa vez contra o Irã.
Ali Shamkhani |
Mas,
sim, o Irã ajudará a Arábia Saudita a mudar de barco, como Riad percebeu, com a
recente indicação do
Vice-Almirante, Ali Shamkhani ao posto de representante do Supremo Líder
no Conselho Supremo de Segurança Nacional.
Para
não esquecer: há apenas dez anos, Shamkhani foi condecorado, precisamente pelo
rei Abdullah, por serviços prestados na promoção de boas relações entre o Irã e
os sauditas. O almirante, dedicado amante da paz, servia então como Ministro da
Defesa no gabinete do presidente Khatami, serviço que exerceu com notável
facilidade durante oito longos anos sem interrupção.
Já
que falamos disso, observam-se mudanças interessantes de alinhamento dentro da
estrutura de poder no Irã. Ainda não se conhece o novo papel que caberá ao
Conselho Supremo de Segurança Nacional na formulação das políticas iranianas.
Mas
a matéria do
Washington
Post é
excessivamente unilinear. Os persas e os xeiques sunitas vivem às turras, mas
podem remendar – sem qualquer ajuda externa – as feridas que se inflijam
mutuamente.
Há
sobejas razões para preocupação, entre os xeiques. Por outro lado, até onde
podem ir, para saltar fora da órbita de influência do ocidente? Tanto quanto
consigo pensar, o fator mais importante são os invisíveis fios de
nylon
que
atam os xeiques ao sistema financeiro ocidental. Os xeiques estão comprometidos
demais. Demais. Além disso, não sobrevivem sem o guarda-chuva de segurança dos
EUA.
Tudo
isso considerado, é muito parecido, sim, com os versinhos de
Smokey
and the Bandit.
Os xeiques já partiram rumo leste, e na maior correria.
O príncipe coroado Mohammed bin Zayed Al Nahyan dos EAU e Vladimir Putin |
O príncipe coroado dos Emirados
Árabes Unidos, Al-Nahyan, estava em Moscou na 5ª-feira, trabalhando para
construir “uma nova ponte” nas relações. Foi recebido pelo presidente
Vladimir Putin como “amigo antigo e confiável” – apesar de os Emirados
Árabes Unidos estarem apoiando os rebeldes sírios.
Na 2ª-feira, chega a Moscou o
Ministro das Relações Exteriores do Egito Nabil Fahmi, em
visita de trabalho; logo no primeiro dia, quando Sergey
Lavrov estará acabando de chegar de volta da maratona com o secretário de Estado
Kerry, em Genebra.
Mas
o que mais chama a atenção, é a visita de Estado que
o rei do Bahrain, Hamad Bin Isa Al-Khalifa faz à China
no
fim de semana, e que coincide em parte com outra visita de Estado de governante
árabe, o rei da Jordânia,
Abdullah I Bin Al Hussein.
As duas visitas coincidem com a
cerimônia de abertura da Exposição China-Estados Árabes de 2013, em Yinchuan, no
domingo, à qual estará presente um membro do Politburo chinês, Yu
Zhengsheng, Presidente da Comissão Nacional do Comitê Central do Partido
Comunista da Chinês e que, para alguns, é um dos nomes a ser
acompanhados como futuro alto governante da China.
Nota dos tradutores
[1]
Orig. East bound and down, loaded up and truckin’, / We’re gonna do what they
say can’t de done. / We’ve got a long way to go and a short time to get there. /
I’m east bound, just watch ol’ “Bandit” run.
___________________
[*] MK
Bhadrakumar foi diplomata de
carreira do Serviço Exterior da Índia. Prestou serviços na União Soviética,
Coreia do Sul, Sri Lanka, Alemanha, Afeganistão, Paquistão, Uzbequistão e
Turquia. É especialista em questões do Irã,
Afeganistão e Paquistão e escreve
sobre temas de energia e segurança para várias publicações, dentre as
quais The
Hindu, Asia Times Online e
Indian Punchline. É o filho mais velho
de MK Kumaran (1915–1994), famoso escritor, jornalista, tradutor e militante de
Kerala.
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