Foi
Israel! Foi Israel mais uma vez!
31/8/2013, [*] Craig
Murray,
Traduzido
pelo pessoal da Vila
Vudu
A charada dos Troodos
está decifrada: Troodos não interceptou coisa alguma, pela suficiente razão de
que aquele telefonema não existe: o Mossad inventou. A “prova” que John Kerry
exibiu é o mais sujo dos truques. E mais crianças poderão agora ser explodidas
em pedaços por ataque massivo dos mísseis dos EUA. Nada disso tem qualquer
coisa a ver com intervenção humanitária. É só, mais uma vez, os EUA agindo como
cambonos de Israel.
Posto de ciberespionagem da Inglaterra/EUA nos Montes Troods em Chipre |
O
posto de escuta da inteligência britânica nos Montes Troodos em Chipre é,
pode-se dizer, a instalação britânica mais importante, mais valiosa e mais
efetiva, que fornece inteligência aos EUA, na parceria EUA/Inglaterra. As agências de
interceptação de comunicação – a britânica GCHQ e a NSA - Agência de Segurança
Nacional dos EUA – partilham entre elas toda a inteligência que obtêm (como a
CIA e o MI6). A Agência Nacional de Segurança dos EUA valoriza enormemente a
contribuição que recebe de Toodos. Ali se monitora todo o tráfego por rádio,
satélite e micro-ondas de todo o Oriente Médio, do Egito e Leste da Líbia até o
Cáucaso. E praticamente todo o tráfego telefônico nessa região do mundo feito
por micro-ondas é, em alguns momentos, também recebido em Troodos.
Troodos
é base excepcionalmente efetiva – a joia da coroa da inteligência britânica. A
capacidade e eficiência, além do alcance vastíssimo são, sim, impressionantes.
Os EUA não têm nada instalado no Oriente Médio que se compare à Troodos.
Devo
dizer que estive lá, visitei todas as instalações e fui informado sobre
capacidades e operação, quando comandava o serviço britânico em Chipre, no
início dos anos 1990s. Tudo isso são fatos, nenhuma especulação.
John Kerry |
Portanto,
é muito esquisito, para dizer o mínimo, o que John Kerry anda dizendo, que teria
tido acesso a comunicações interceptadas, de militares e autoridades do governo
sírio, que estariam organizando ataques com armas químicas, se essa informação
interceptada jamais chegou ao conhecimento da Comissão Conjunta da Inteligência
Britânica.
Por
um lado, a explicação é simples. A prova interceptada foi oferecida aos EUA pelo
Mossad – como já fui informado por minhas fontes, muito bem localizadas dentro
da comunidade de inteligência de Washington. Informação recebida de terceiros
não é automaticamente distribuída para a inteligência britânica – e Israel
prescreve que não seja.
Mas
a questão da qual ninguém conseguirá escapar é a seguinte: o Mossad não tem
instalações de captação sequer comparáveis às instalações britânicas em Troodos.
Se tivesse existido a tal conversa telefônica, ela teria sido necessariamente
capturada em Troodos – e teria sido imediatamente distribuída dali, dada a
importância crucial daquela informação.
É
absolutamente impossível que aquela comunicação não tivesse sido capturada em
Troodos... e só tivesse sido capturada pelo Mossad. A única possibilidade seria
que se tratasse de conversação feita por telefone “comum”, não protegido, de
fiação aérea: é praticamente impossível, por várias razões, a mais óbvia das
quais é que já não há fiação operante naquela área, nem aquele nível de comando
a usaria para esse tipo de contato.
Israel, via MOSSAD, sempre comandando os governos(?) dos EUA |
Israel
inúmeras vezes já se envolveu na guerra civil síria, com inúmeros ataques
ilegais à bombas e mísseis, há vários meses. Essa atividade absolutamente ilegal
dos israelenses – que já matou muitos civis, inclusive crianças – tem levado a
condenações eloquentes e repetidas, em todo o ocidente.
O
que aconteceu agora é simples: Israel ofereceu “inteligência” aos EUA para
“ajudar” os EUA a associarem-se aos bombardeios e ataques de mísseis israelenses
contra a Síria.
A
charada dos Troodos está decifrada: Troodos não interceptou coisa alguma, pela
suficiente razão de que aquele telefonema não existe: o Mossad inventou tudo. A
“prova” que John Kerry exibiu é o mais sujo dos truques. E mais crianças poderão
agora ser explodidas em pedaços por ataque massivo dos mísseis dos EUA. Nada
disso tem qualquer coisa a ver com intervenção humanitária. É só, mais uma vez,
os EUA agindo como cambonos de Israel.
_______________________
[*] Craig Murray é autor, radialista e ativista
dos direitos humanos. Nasceu em West Runton em outubro de 1958 e foi educado na Sheringham Primary and Paston Grammar.
Formou-se na University of Dundee, em
1982, com o título de MA 1ª Classe em História Moderna. De 1982 a
1984, foi Presidente da Dundee University
Students Association.
De 1984 a 2004 prestou serviços no Commonwealth Office como membro do
Serviço Diplomático do
Reino Unido em várias
partes do mundo.
Foi embaixador britânico no
Uzbequistão desde agosto de 2002 a outubro de 2004 e Reitor da
Universidade de Dundee 2007-2010. Em 2005, nas eleições gerais do
Reino Unido, assume como sub-secretário de Relações Exteriores britânico na
gestão de Jack Straw, como candidato independente, conquistando 2.082
votos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Registre seus comentários com seu nome ou apelido. Não utilize o anonimato. Não serão permitidos comentários com "links" ou que contenham o símbolo @.