quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Resposta ao Blog Democracia & Política


Pela propaganda política democrática de democratização (contra o jornalismo-que-há)


Vila, 
Alguns de seus conceitos fazem sentido. Contudo, este blog não tem como objetivo a propaganda política, nem competência para isso. Relatamos os fatos acima como fatos, e não como propaganda. Para aprender propaganda política, um bom caminho é ler as linhas e entrelinhas da “grande” [sic] mídia brasileira. Ela é PhD nessa área psicossocial.
Maria Tereza 
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Dado que, ao responder pelo blog, obtivemos, de resposta da empresa Blogger, um “noreply" e, no Blog Democracia & Política , só o espaço de umas poucas palavrinhas, a resposta terá de ir por aqui, contando com que chegue ao destino, empurrada nos braços da multidão. A conversa até aqui aparece no final dessa mensagem e no blog. Então, lá vai:

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Resposta da Vila Vudu corroborada pela redecastorphoto:

Companheiro do Blog Democracia & Política:

NÃO. NÃO. NÃO. Perdoe a ênfase, por favor, mas o que você escreveu está ABSOLUTAMENTE ERRADO.

A ideia de que algum “jornalismo” seria o contrário de “propaganda”, e de que “propaganda” seria algo indesejável, algo que se deve evitar, é o coração do asneirol de que vivem as ilusões liberais dos “sem política” -- e como sempre completa um dos nossos – “e também sem-noção”.

A mídia brasileira como qualquer jornalismo-empresa é EMPRESA. Como empresa, o jornalismo/mídia visa ao lucro, não a algum ideal de bem informar ou de formar opiniões democráticas. A ideia de que haveria fato além do fato narrado também é viciada pelo mesmo ideário “jornalístico”. Explico com um exemplo: 

-- o fato "mensalão" nunca existiu no mundo real. Mas o fato "mensalão" foi criado no e pelo jornalismo-empresa, pq interessava ao jornalismo-empresa no específico caso do jornalismo-empresa no Brasil, a partir da eleição do presidente Lula. Então, o fato foi noticiado por quem o construiu, quero dizer: foi posto em formato de notícia e implantado na discussão social.

Esse foi o antisserviço antissocial de que são autores diretos a jornalista Renata LoPrete e a empresa FSP para a qual aquela jornalista presta serviços, e o deputado Roberto Jefferson, que fez o que fez pq precisava de uma bomba atômica para escapar da acusação de ladrão, por ter dado sumiço a uma mala cheia de dinheiro que não se sabe (ainda) quem entregou a ele, com dinheiro a ser entregue ao partido dele. E tão bem foi inventado o fato "mensalão" e tão firmemente foi implantado no  mundo, como se existisse, que já, embora JAMAIS TENHA ACONTECIDO, é hoje, até, objeto de um processo judicial, com réus pré-condenados e pré-executados e tudo! O impossível aconteceu.

O jornalismo SEMPRE CRIA o fato que lhe interessa e, em seguida, SEMPRE o implanta na discussão social, mediante, dentre outros recursos, a REPETIÇÃO INCANSÁVEL, sempre da mesma narrativa, à qual sempre se vão acrescentando "novos detalhes" para manter ligada a atenção geral.

Cabe, é claro, a quem se oponha e deseje resistir aos FATOS que o jornalismo-empresa cria e implanta, construir também os OUTROS FATOS que lhe interesse construir, e implantá-los na discussão social.

Não é preciso ser comunista para saber disso há muito tempo: a imprensa liberal TAMBÉM sabe disso.

Por isso, a imprensa liberal sobrevive há tanto tempo em todo o mundo: porque, embora venda ar engarrafado -- porque TODA A IMPRENSA-empresa vive de vender ar engarrafado, com a única diferença de que o ar engarrafado que a imprensa progressista vende é ar engarrafado que pode ser um pouco mais democrático e pode ser também ar engarrafado de ativa DEMOCRATIZAÇÃO -- a imprensa liberal dá alguma voz às vozes minoritárias.

Assim se faz a boa imprensa que há ainda em alguns países, mas que NUNCA houve no Brasil, nem por uma semana. 

Que TODOS OS FATOS que se implantam (que são “pautados”, no jargão de jornais e jornalistas) na discussão social são CONSTRUÍDOS com o material da realidade circundante momentânea, é evidentemente o único fato que sobrevive ao jornal de ontem: comunistas e liberais JÁ SABEM que todos os fatos são construídos.

Vê-se hoje, por exemplo, que a Rede Globo já está, até, pré-construindo o fato “julgamento do mensalão”, com chamadas antecipadas para o fato que só será fato daqui a alguns dias!

Então, assim como o jornalismo de esgoto que se vende no Brasil a consumidores (que, no Brasil, são necessariamente ELEITORES) constrói os fatos que mais lhe interesse construir, É OBRIGAÇÃO dos que se oponham à visão de mundo dos jornais-empresa que há no Brasil e desejem resistir contra aquela visão de mundo, CONSTRUIR TAMBÉM OS FATOS QUE NOS INTERESSEM. A isso a gente aqui chama de PROPAGANDA POLÍTICA DEMOCRÁTICA DE DEMOCRATIZAÇÃO.

Na sua preocupação de fugir da pautação da mídia-lixo, golpista, conservadora, reacionária e BURRA que há no Brasil, você esquece que, enquanto você se limita a responder a (e mesmo que se dedique a criticar!) o que aquela mídia escreve, VOCÊ AINDA ESTÁ PRESA NA PAUTAÇÃO QUE AQUELA MÍDIA ESTÁ IMPONDO.

Por isso nós dizemos que criticar o grupo GAFE (Globo-Abril-FSP-Estadão) é perda de tempo e é contraproducente: o grupo GAFE sabe que, enquanto a blogosfera só fizer esculhambar o que eles noticiam, a blogosfera CONTINUARÁ pautada por eles... e nenhuma mudança acontecerá.

Novidade começará a haver, isso sim, quando a blogosfera aprender a SAIR DA PAUTAÇÃO do grupo GAFE e se dispuser a começar a aprender a fazer propaganda política democrática de democratização (que é o que o Coletivo de Tradutores da Vila Vudu e a redecastorphoto tentam COMEÇAR A APRENDER, fazendo o que lhe dá na telha e analisando os resultados. Colhemos a dica-slogan de um grupo aí que milita na internet e que ensina: “Você não gosta da mídia? Seja a mídia!” -- o que se tornou possível, para os muitos, com a internet).

Por incrível que pareça, cada vez que escrevemos o que aqui estamos escrevendo para vocês, o blogueiro responde “Não fazemos propaganda!”. Como se fazer propaganda fosse alguma espécie de coisa-feia, não ética ou não democrática.

Fazer propaganda democrática de democratização é suuuuuuper limpo, ético, belo, bom e justo e moral (além de ser suuuuuuper democrático e além de ser DEVER dos democratas e DIREITO dos que não têm voz e contam conosco, como alto-falantes solidários).

O difícil, nessa discussão, é que, para que a discussão avance, é indispensável DETONAR a ideologia (falsa, engambelativa) dos discursos de legitimação do jornalismo-que-há. E isso é MUITO difícil.

Detonar a ideologia dos discursos de legitimação do jornalismo-que-há é difícil, pra começar, porque esse papim de legitimação do jornalismo-que-há é ideologia; quer dizer, é uma verdade que só vale(ria) (precariamente!) num pequeno campo da realidade, mas que é apresentada como se fosse verdade universal sempre.

E é difícil, também, porque o discurso de legitimação engambelativa, que legitima o jornalismo-que-há, está plantado bem fundo na ideologia liberal sem luta política, sem-política (“e sem-noção”) que é um dos pilares do neoliberalismo.

Prá complicar o resto, o jornalismo é também profissão, quer dizer, é ganha-pão dos jornalistas, que, no modelo empresarial do jornalismo-que-há só têm emprego nas empresas jornalísticas. Então, os jornalistas são treinados para acrescentar conteúdo pessoal existencial humano àquela ideologia completamente desumana e engambelativa. E acrescentam.

De fato, a única saída progressista que há, para os jornalistas profissionais é eles entenderem que o único jornalismo possível, em sociedade radicalmente democrática e democratizada será, precisamente, o que nós chamamos de propaganda política democrática de democratização.

Justamente porque é a única saída de revitalização democrática do jornalismo-morto, essa única saída que há é quase automaticamente FECHADA quase sempre, com o recurso ao argumento ideológico engambelativo segundo o qual haveria um jornalismo-do-bem, em luta contra a propaganda-do-mal (e em luta, também, contra um jornalismo-do-mal, sempre apresentado como uma parte do jornalismo, quando é, por definição e história, não uma parte, mas TODO o jornalismo liberal que alimenta os lucros do jornalismo-empresa).

Se você examinar sua resposta, verá que foi exatamente o que você tentou fazer -- sem nem perceber o que estava fechando: fechar a saída para a propaganda democrática de democratização, reproduzindo o discurso e a ideologia do jornalismo-que-há.

Essa discussão é longa e difícil. Mas nosso coletivo assumiu o compromisso de JAMAIS deixar sem resposta alguma resposta que REPRODUZA o discurso falso, fajuto, engambelativo de legitimação do jornalismo-que-há. Então, respondemos sempre, o mais dedicadamente que se consiga.

Contamos sempre com a possibilidade de que o nosso empenho consiga, pelo menos, arranhar a superfície da carapaça ideológica em geral. Somos, aqui, comunistas leninistas, maoístas e outros -istas do campo comunista e políticos e democráticos e de democratização. E trabalhamos contra o jornalismo e a favor da propaganda política democrática e de democratização. Somos muitos e trabalhamos pácas. Só a luta ensina.

[assina] Coletivo Vila Vudu de Tradutores 

3 comentários:

  1. Prezados companheiros do "Coletivo Vila Vudu de Tradutores"
    Realmente, vejo que fui infeliz no meu comentário. Preocupada com a síntese, percebo agora que me expressei mal na resposta e transmiti ideia incoerente com o que eu mesma penso. Por leitura erradamente rápida do seu comentário no meu blog, julguei que era um "conservador" irônica e sutilmente criticando minha postagem sobre FHC e o “à vistão”, rotulando-a depreciativamente de mera propaganda política dissociada dos fatos reais. É comum receber comentários de demotucanos (disfarçados em elogios iniciais) para, no conteúdo, defenderem as posições da direita e da “grande” mídia.
    Concordo plenamente com os conceitos do comentário desse Coletivo aqui expressos no “Redecastorphoto”. Somente ainda não estou convencida de que não devemos criticar matérias da imprensa. Não me sinto capaz de já seguir sua sugestão e somente “construir também os OUTROS FATOS que me interesse construir, e implantá-los na discussão social”. Tento aprender a fazer propaganda política democrática de democratização. Porém, penso que criticando, apontando erros, haja o efeito colateral nesse sentido apontado por esse Coletivo.

    Por fim, enfatizo que não há divergência entre nós. Comprova isso a admiração que tenho pelos textos traduzidos e comentados pelo “Vila Vudu” e publicados no ótimo “Redecastorphoto”. Essa admiração está comprovada nas centenas de reproduções em meu blog de trabalhos desse Coletivo e do blog “Redecastorphoto”, o qual consta da minha lista de “Recomendamos”
    Maria Tereza (democracia&política)

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    1. Tereza/Eugênio,o nome do jogo é "Sair da Pautação" da imprensa-empresa ou do "jornalismo-que-há". Se nem tentarmos construir fatos que os coloque na defensiva não teremos feito NADA. Teremos feito apenas uma "oposição" liberal consentida. Criem, inventem, busquem, catem, xinguem e façam algo que provoque reação, qualquer reação; nesse instante VOCÊS estarão (e nós também) PAUTANDO a imprensa-empresa e não sendo pautados. E isso só se consegue por tentativa & erro. Nós estamos tentando e precisamos de ajuda... Abração

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