sexta-feira, 5 de agosto de 2011

“A lavagem das calcinhas voadoras”

Raul Longo curtindo o Sambaqui

Raul Longo

Tive o privilégio de conhecer alguns gênios do Brasil. Mesmo que a meu ver não tão reconhecidos quanto merecem, foram e são o que alimenta a alma desse país, o que lhe dá identidade perante o mundo, o que o traduz a todos os que minimamente se disponham a compreendê-lo.

Nesses que conheci a genialidade se manifesta através do que temos de fundo: o cerne da cultura e da magia de nossa gente. De Mário Schenberg à Gilberto Gil, cada um deles transcendia sua ascendência étnica pela brasilidade, como se neles o ser brasileiro seja a soma do que há de mais notável e essencialmente humano em cada cultura, em cada história, em cada povo dos continentes desse planeta.

Talvez por isso mesmo em todos eles se confundisse a compenetração, a profundidade, a seriedade, com a irreverência de um bom humor permanente, indissolúvel mesmo em momentos mais difíceis, ainda que fizessem medo nos momentos de irritação, como é o caso de Tom Zé que não queiram vê-lo indignado com eventuais idiotices e pobre do idiota que se arrisque.

Para minha estranheza, o gênio de Tom Zé sempre foi apontado como o mais irreverente entre os demais que conheci. Mas nunca tive capacidade de demonstrar quanto em verdade é dos mais sérios gênios brasileiros. Para fazê-lo teria de comparar e demonstrar um a um e isso só eles mesmos, talvez, teriam condições, pois é necessário ser um gênio para explicar a outro e, evidentemente, não é o meu caso.

Agora dei sorte. Me enviam esse vídeo que talvez alguns interpretem como um esculacho, mas os que atentarem para a construção do discurso do Tom Zé no decorrer desse vídeo, talvez percebam a constância e seriedade de propósitos em cada um de seus aparentes absurdos, seja no show do Rio de Janeiro ou na área de serviço de seu apartamento.

E a beleza da crua poesia em homenagem às mulheres que faz esse filho de Irará que na adolescência foi o idílio de minha amiga Ilda Paixão, por razões que também sobejamente se explicam neste vídeo.

Na próxima encarnação quero nascer Tom Zé!


Depois da chuva de calcinhas voadoras no Rio de Janeiro, Tom Zé volta para SP e faz a cerimônia de consagração!

câmera: André Hime
edição: Huila Gomes

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Registre seus comentários com seu nome ou apelido. Não utilize o anonimato. Não serão permitidos comentários com "links" ou que contenham o símbolo @.