terça-feira, 21 de setembro de 2010

Obama, ao Movimento Tea Party: “Respondam com objetividade: O que vocês querem?”

O presidente Lula do Brasil não é o único presidente democraticamente eleito e celebridade mundial que começa a ultrapassar a barreira da chamada “mediação” pela imprensa comercial, para falar diretamente aos seus eleitores e adversários. Ao mesmo tempo, a imprensa comercial pode estar sendo forçada, pela necessidade de não se afastar demais do seu público consumidor, a ouvir mais respeitosamente, de fato, os “dois lados” do mundo e da opinião pública.


2ª-feira passada, assessores de comunicação da Casa Branca desmentiram calorosamente matéria publicada no New York Times que noticiava que o governo Obama estaria prestes a lançar ataque direto e frontal ao Movimento Tea Party, agora que a campanha eleitoral para as eleições de novembro entra na reta final. Não há qualquer plano nessa direção, repetiram insistentemente vários dos assessores do presidente Obama. Imediatamente, o Times baixou o tom das notícias sobre o assunto.


No mesmo dia, contudo, em programa televisionado ao vivo pela CNBC, o presidente Obama deu a impressão de que, sim, parece disposto a “chamar às falas”, diretamente, o Movimento Tea Party. Para começar, acusou diretamente os membros do Movimento Tea Party de “falarem no vazio, sem qualquer objetividade”.


“Se há preocupação sobre a paisagem política e econômica, se estão zangados”, disse Obama, “a preocupação e a zanga estão mal direcionadas, se se concentram contra mim”.


“O problema que tenho constatado em boa parte da discussão e em algumas dessas reuniões do Tea Party” – disse Obama – “é que muitos erram ao identificar os culpados. Já disse e torno a dizer, que nós tivemos de tomar medidas de emergência, no ano passado. Mas a maioria dos economistas explicarão a vocês que aquelas medidas não são nosso principal problema de longo prazo. Os nossos principais problemas de longo prazo são esses dos quais tenho falado e já falei hoje. Tivemos duas quedas de arrecadação, por cortes de impostos, das quais ainda não nos recuperamos. A população dos EUA está envelhecendo. Todos precisam de melhores serviços públicos, num momento em que a arrecadação de impostos caiu dramaticamente.”


“Assim sendo, é hora de o Movimento Tea Party começar a falar claramente, objetivamente. Respondam objetivamente: o que planejam fazer? Já chega de repetir “reduzam os gastos públicos”. Digam, claramente: exigimos que o governo diminua a pensão dos veteranos, que corte serviços públicos. Reivindiquem claramente “Aumentem os impostos!”. Até agora, só ouvi – e tenho prestado muita atenção ao outro lado – que a oposição cortará gastos e cortará impostos. Que cortarão 4 trilhões de dólares, do orçamento, só em impostos cortados, e que isso feito, num passe de mágica, tudo estará resolvido e dará certo. Calma. Essas coisas não acontecem por mágica. São escolhas difíceis."


Como o presidente Lula do Brasil, Obama sempre obtêm seus melhores resultados, quando enfrenta diretamente as questões dos adversários (por exemplo, quando falou numa reunião de Republicanos em Baltimore, no auge da campanha pela aprovação da reforma da Saúde pública; ou, no caso do presidente Lula do Brasil, no comício de Juiz de Fora, semana passada). E, apesar de os jornalistas da CNBC serem flagrantemente simpáticos ao presidente, as melhores respostas de Obama vieram quando os representantes do business e os Republicanos anti-Obama mais o pressionavam.


Obama convocou diretamente o Movimento Tea Party e concluiu, com um daqueles seus sorrisos de um trilhão de dólares (contraparte made in USA da invencível simpatia das covinhas, nas risadas do presidente Lula do Brasil): “Todos os norte-americanos somos saudavelmente antigoverno. Está no nosso DNA.”


escrito pelo Coletivo Vila Vudu, com informações do Huffington Post 20/9/2010