quinta-feira, 30 de setembro de 2010

OS INTOCÁVEIS

(A “margem de erro” das pesquisas é a “margem de lucro” dos institutos)

Laerte Braga

A má fé jornalística da REDE GLOBO (jornais, rádios, tevê e revistas) e da FOLHA DE SÃO PAULO não tem limites. Vale dizer, a falta de escrúpulos é total. Pior, é assumida. Apostam na capacidade de mentir, enganar e se fazerem acreditados.

Uma espécie de anestesia coletiva aplicada sobre pessoas de boa fé. Incautos.

O jornal O GLOBO estampa em sua manchete de primeira página hoje, 28 de setembro que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, perdeu a maioria absoluta no Parlamento daquele país.

O que é maioria absoluta, digamos, em doze? Sete, metade mais um. O que é maioria de dois terços em doze? Oito, se na elementar de conta de doze dividido por três temos quatro, quatro mais quatro oito, logo, dois terços.

O partido de Hugo Chávez elegeu noventa deputados, os partidos de oposição cinqüenta e nove deputados, sete cadeiras estavam ainda indefinidas e partidos de esquerda contrários a Chávez elegeram dois deputados. Logo, cinqüenta e nove, mais sete, mais dois, resultam em sessenta e oito.

Chávez tem a maioria absoluta, não perdeu as eleições. Não significa que a oposição não tenha avançado, claro, até porque optou por não disputar as eleições parlamentares anteriores à deste ano.

O óbvio, ao dizer que Chávez perdeu a maioria absoluta a REDE GLOBO mente e o faz de forma deliberada.

Desinforma, torce a informação, serve a interesses outros que não os que devem caracterizar, ou ser o pilar de um veículo de comunicação, de um grupo de comunicação.

O INSTITUTO DATAFOLHA divulgou uma pesquisa em que aponta que Dilma Roussef caiu, Arruda Serra permaneceu estável e Marina da Silva subiu. A manchete do jornal FOLHA DE SÃO PAULO afirma que cresce a possibilidade de segundo turno, Dilma cai em todas as regiões do País e Marina sobe.

O golpe do João-Sem-Braço, mas que tem um propósito, um objetivo, o de seduzir determinada parcela do eleitorado e de uma forma traiçoeira, bem ao estilo da empresa que edita o jornal e à época da ditadura emprestava seus caminhões para a desova dos corpos de presos políticos (crime de opinião, de exercício do direito de livre expressão que tanto defendem) assassinados nos porões da tortura.

É simples. O DATAFOLHA joga a margem de erro de dois por cento ou pouco mais para cima no caso de Marina, mantém o que vem fazendo com José Arruda Serra e joga a margem de erro para baixo no caso de Dilma.

“A MARGEM DE ERRO DAS PESQUISAS É A MARGEM DE LUCRO DOS INSTITUTOS”
Ulisses Guimarães.

Os números do INSTITUTO VOX POPULI são diferentes. Vão dizer que é a metodologia. Tanto o IBOPE, quanto o DATAFOLHA, no início da campanha, atribuíam vantagem a Arruda Serra e ignoravam o crescimento de Dilma já detectado pelo SENSUS e pelo VOX POPULI. Como esse crescimento fosse de tal ordem num dado momento deu uma guinada em seus números e aceitaram a realidade.

Atitude de espera, compasso de espera, até que outro braço da extrema-direita no Brasil entrasse em cena. GLOBO, VEJA, FOLHA DE SÃO PAULO, no denuncismo inconseqüente e irreal, o teatro montado num cenário capaz de afetar a candidatura de Dilma Roussef.

É a forma de agir de máfias, nunca fizeram diferente. De quadrilhas, não varia, é sempre a mesma.

Nesse quadro existe um dado de extrema importância. O papel de Marina da Silva. Joga no lixo sua história. Passou quase sete anos como ministra no governo Lula e agora, cooptada por setores do empresariado se presta a um crescimento artificial, sabe que não é real e se coloca como pilar da candidatura de José Arruda Serra na tentativa de levar as eleições para o segundo turno.

Não é propriamente só lamentável. É falta de caráter. Mudança brusca e absoluta no suposto bom mocismo da moça. É coadjuvante no cenário e naturalmente haverá uma compensação para isso. Se der certo um tanto, se der errado, um tanto também, afinal cumpre o seu papel de parecer uma flor sendo um escorpião.

Esse tipo de golpe é tão antigo e pior, em determinadas circunstâncias consegue atingir seu objetivo.

Em 1960 Tancredo Neves e Magalhães Pinto, PSD e UDN respectivamente, disputavam o governo de Minas. Pau a pau, sem exigência de maioria absoluta de votos, ou domicílio eleitoral, ou fidelidade partidária, Magalhães percebeu que Tancredo venceria o pleito.

Foi ao PSD comprou os compráveis, lançou a candidatura alternativa de Ribeiro Pena, dividiu o partido e venceu as eleições. Ribeiro Pena foi presidente de bancos estatais no governo Magalhães, a tal compensação. A campanha foi financiada pelo BANCO NACIONAL, o mesmo que, há poucos anos, deu um trambique imenso na praça lesando milhares de clientes.

Ribeiro Pena foi apresentado ao eleitorado de Minas como o PSD puro, honesto, decente, etc e tal.

Bandido lato sensu, só isso. Que nem aquela história clássica do matador que mata e depois vai rezar pela alma do falecido.

É o papel de Marina da Silva nessas eleições. Você imaginar que a candidata é uma coisa e ela não ser candidata a nada que não um futuro promissor a partir do esquema de José Arruda Serra.

E melhor dizendo, do esquema que Arruda Serra representa.

Ou como diz Plínio de Arruda Sampaio, “você passa sete anos no governo Lula e depois vem falar do governo? Você não aprendeu foi a pedir demissão”.

Em linguagem direta, falta de vergonha, caráter.

A guerra que a mídia privada deflagrou para tentar levar as eleições para o segundo turno e lá tentar de todas as formas eleger José Arruda Serra não tem cheiro de liberdade de expressão, mas de canalhice.

E até domingo, dia da eleição, toda a sorte de trapaças será tentada.

São os “intocáveis”.  

Querem o eleitor votando em Marina da Silva para tentar eleger Arruda Serra.