sábado, 25 de setembro de 2010

OS VÂNDALOS

JUIZ DE FORA NÃO É CURRAL DE ITAMAR


Laerte Braga


Aécio Neves, Antônio Anastasia (inventor do fator previdenciário), Itamar Franco e um monte de candidatos a deputado federal ou estadual, cabos eleitorais, puxa sacos (Marcelo Siqueira, ex-deputado de um mandato só comprado com dinheiro da COPASA), Suely Reis (operadora junto com Vitor Valverde do caixa dois da Prefeitura de Custódio Matos/Bejani – a quadrilha que governa a cidade), a fina flor da bandidagem tucano/DEM/PPS tomou a principal rua da cidade mineira de Juiz de Fora, sábado, dia 25, na tentativa desesperada de garantir por aqui votos capazes de manter intacto o esquema corrupto que governa Minas.

Uma criança de doze anos teve arrancada de suas mãos uma bandeira com o nome da candidata Dilma Roussef. De forma violenta e brutal.

São os democratas.

O ex-presidente Itamar Franco, patético e caquético em sua desesperada tentativa de chegar ao Senado, com aquela história que sou pobre, não tenho nada, imagina e trata a cidade mineira de Juiz de Fora (Zona da Mata, cerca de 700 mil habitantes, menos de 200 quilômetros do Rio, pouco mais de 200 quilômetros de BH) como seu curral eleitoral.

Não mete a mão no bolso de ninguém. Mas é só um projeto pessoal. Nada além disso. Toda a empáfia do topete, neste momento, é apenas uma tragicômica e desesperada tentativa de chegar ao Senado pelas mãos de Aécio Neves.

E cercado de... Putz! Como tinha bandido no evento. Vale o lugar comum, “se gritar pega ladrão não sobra um meu irmão”.

A forma autoritária, violenta (a bandeira arrancada) imobilizou a secretária Suely Reis, que chamada de ladra por pessoas revoltadas com o ato de um dos esbirros do atual governo da cidade (o prefeito é um pilantra, um milhão por mês de propina que divide com o anterior, Bejani). Sequer reagiu. Sabe que é.

Não se pode aceitar esse tipo de campanha, nada tem de democrática. E nem de cívica como gostam de dizer. Estava mais para rave diurno, festas regadas a droga e capitaneadas por um DJ pra lá de Bagdá.

Ao jogar sua história no lixo, foi um excelente prefeito, derrotou oligarquias, um presidente equilibrado num momento difícil, ao tentar voltar ao Senado engolindo todos os sapos possíveis, Itamar trata a cidade e os seus cidadãos como gado num festival de autoritarismo e pior, cercado de políticos da pior espécie.

Quando Benedito Valadares ameaçou ficar contra Getúlio o presidente disse ao seu interlocutor, o que fora levar-lhe a notícia. “Guampada de boi manso”.

Supunha-se que Itamar fosse um touro. É boi manso. Arrasta-se aos pés de Aécio e leva consigo estranhas figuras que nada têm a ver com o que ex-presidente busca aparentar ser.

Se aceita é cúmplice. Por omissão ou o que seja, mas é cúmplice.

Há um episódio que ilustra bem isso. A personalidade ou a falta de do ex-presidente.

Quando Tancredo candidatou-se a presidente da República, em 1984, Itamar, rompido com o então governador de Minas, disse que não iria dar-lhe apoio, pois seu compromisso era com as eleições diretas.

Aquele negócio de atirar no verde para chegar ao vermelho.

Começa a campanha (eleições indiretas) e num dado momento a vitória de Tancredo estava líquida e certa. Itamar procura Hélio Garcia, que havia assumido o governo de Minas com a saída de Tancredo e pede um encontro para anunciar que vai votar em Tancredo.

Tancredo o recebe, em menos de dois minutos, no aeroporto da Pampulha, aperta a mão de Itamar e diz-lhe o seguinte – “obrigado senador, mas o senhor me desculpe eu tenho um compromisso em Brasília”. Itamar engoliu o topete e pediu os sais.

Lambe os passos de Aécio nesse momento. Lambeu nos últimos oito anos.

Não é justo que Juiz de Fora seja tratada como curral eleitoral.

Que a democracia dessa gente arranque uma bandeira de outro candidato, no caso uma candidata, das mãos de uma criança.

É o Brasil que querem, que imaginam. Estão acostumados a isso. Agem como donos do eleitorado.

A cidade que já teve momentos históricos desde a campanha legalista de Rui Barbosa, viveu hoje um dia de “burgo podre” como dizia Tancredo Neves ao referir-se àqueles lugares controlados por coronéis.

No caso o coronel Itamar Franco.

E não pode ser outra coisa que não burgo podre uma cidade governada por Custódio Matos, operador de Eduardo Azeredo no mensalão. Parceiro de Bejani na grana da Queiroz Galvão.  

Há quem diga que, no último minuto o ex-presidente vai anunciar apoio a Marina da Silva naquela característica hipócrita do falso moralismo.

Arruda Serra não veio. É que ontem foi à missa numa cidade do interior de São Paulo e revoltou os fiéis que criticaram o padre por ter se referido a ele como “futuro presidente”.

“Aqui não é lugar disso” disse uma senhora ao sair da igreja (portal IG).

Nem Juiz de Fora é curral de Itamar ou quem quer que seja.