quinta-feira, 29 de julho de 2010

6·25 전쟁 (A Guerra da Coreia)

quinta-feira, 29 de Julho de 2010

Neste quente Verão de 2010, enquanto Informação Incorrecta trabalha com ritmo reduzido (sim senhor, altura de pré-ferias), comemoram-se 60 anos da Guerra das duas Coreias (6·25 전쟁 em coreano).

E na altura em que Kim Jong Il ameaçar usar armas nucleares contra as exercitações conjuntas da Coreia do Sul e dos Estados Unidos, vamos lembrar as principais etapas do conflito com um artigo de Limes:

Sessenta anos após a Guerra de Coreia

Sessenta anos passaram desde a Guerra da Coreia e as duas repúblicas estão ainda sem uma trégua formal. As recentes celebrações em memória do conflito ficaram afectadas pela delicada situação regional e obrigam a uma re-leitura da guerra para compreender as razões da actual tensão na área.

Talvez poucas pessoas sabem isso, mas a Coreia do Sul e Coreia do Norte estão (ainda) em guerra. Assim ficaram desde o trágico 25 de Junho de 1950, quando o exército da Coreia do Norte invadiu o Sul, para depois ser repulsa, com altos e baixos, mais uma vez até à linha de fronteira do paralelo 38º. As Coreias continuam oficialmente em guerra porque nunca foi assinado um tratado de paz, apenas um armistício, que no dia 27 de Julho de 1953 estabeleceu a situação como ela é agora: o facto de sessenta anos após do conflito ainda o tratado não existir é uma indicação clara de como a questão coreana esteja longe de ser resolvida.

Após sessenta anos re-percorrendo as etapas do primeiro conflito desde a Segunda Guerra Mundial não parece fácil, especialmente à luz das recentes tensões entre as duas Coreias. Não que nos últimos anos tivessem faltadas oportunidades para fazer crescer a tensão entre as duas repúblicas, mas o recente naufrágio duma corveta da Coreia do Sul, certamente "pintou" politicamente a celebração dos sessenta anos de conflito, uma das grandes catástrofes do século XX.

A Guerra da Coreia teve lugar entre 1950 e 1953 e foi de uma certa forma um conflito que marcou a ruptura entre a Segunda Guerra Mundial e os posteriores confrontos militares. Novos factores tinham emergido no mundo entre 1945 e 1950, como o nascimento das Nações Unidas e da NATO, enquanto os principais vencedores da Segunda Guerra Mundial (Truman e Stalin) tinham ficado firmemente no comando das próprias nações. Entretanto, a situação no Extremo Oriente permaneceu complexa e delicada. A China tinha-se tornado comunista (1949) e o Japão foi tinha entrado na órbita pró-ocidental. A Coreia, como a Alemanha, manteve-se dividida em duas partes: após ser liberada do Japão, no Norte (onde chegaram os Russos) tinha tomado forma um regime comunista, enquanto no Sul (liberado pelos norte-americanos) um regime nacionalista pró-ocidental tinha prevalecido.

As escaramuças de fronteira não faziam prever o desejo do ditador norte-coreano, Kim Il Sung, de reunificar o País com a força; na verdade, muito imprudentemente, os Americanos não tinham armado o recém nascido exército sul-coreano, enquanto o Norte estava a ser fortemente equipado pelos Russos. Em 25 de Junho de 1950, obtido o apoio de Estaline e Mao, o exército de Kim Il Sung atacou o Sul, desencadeando o primeiro conflito pós-guerra. Aproveitando da ausência do delegado soviético no Conselho de Segurança das Nações Unidas (medida de protesto contra a presença de Taiwan como membro permanente do Conselho), os Estados Unidos conseguiram fazer autorizar a primeira intervenção militar da ONU; em breve, uma ampla coligação internacional, liderada pelo General MacArthur, contra-atacou o exército norte-coreano, repeli-do quase até a fronteira chinesa. No entanto, a retirada apressada do aliado coreano alarmou Pequim, cujos "voluntários" conseguiram repelir os aliados, até o paralelo 38.

A guerra ficou cristalizada até 1953, quando, após a morte de Stalin e da mudança da administração americana (com a eleição de Eisenhower), foi assinado o armistício que trouxe de volta a fronteira no paralelo nº 38. A Guerra da Coreia, assim, terminou com um retorno ao status quo, e nunca alcançou um tratado de paz formal. O País ficou dividido em duas zonas, em que consolidaram o regime comunista de Kim Il Sung (Norte) e o regime pró-ocidental, que mais tarde evoluiu para a democracia, no Sul.

As consequências geopolíticas da Guerra da Coreia foram importantes, e alguns efeitos ainda são visíveis hoje após sessenta anos de distância. Primeiro, houve o perigo real de uso de armas nucleares, o que felizmente foi impedido por Truman; segundo, foi a primeira guerra que viu a intervenção da ONU, abrindo o caminho para futuras operações militares das Nações Unidas. Os efeitos sobre a Guerra Fria foram importantes: enquanto os Países ocidentais decidiram potenciar (no sentido militar), a Nato, os Estados Unidos ficaram mais próximos do Japão, e também criaram as alianças SEATO e ANZUS que "fechavam" os espaços do sul da Ásia aos Países filo-comunistas. Para estes, a Guerra da Coreia, inicialmente vista como um sucesso fácil, foi prejudicial, começando a corroer a relação russo-chinesa. No entanto, a China confirmou um Estado-tampão entre ela e a Coreia do Sul, e estabeleceu uma forte influência sobre Kim Il Sung. Nos efeitos a longo prazo, a guerra levou à actual divisão da Península Coreana e ao isolamento progressivo do regime norte-coreano autocrático. O sentimento de insegurança em Pyongyang hoje é causa de tensões, com repercussões em toda a região.

Evolução da Guerra da Coreia 1950-1953: Verde: Nações Unidas Coreia do Sul; vermelho: Coreia do Norte China.

Cronologia

Esta é a cronologia da Guerra da Coreia segundo Wikipedia:.

1950
  • 25 de Junho: A Coreia do Norte invade República da Coreia do Sul.
  • 26 de Junho: Início da Guerra da Coreia.
  • 27 de Junho: Forças sul-coreanas abandonam Seul.
  • 29 de Junho: Tropas norte-coreanas capturam Seul.
  • 1 de Julho: Tropas combatentes americanas chegam à Coreia.
  • 3 de Julho: Tropas norte-coreanas capturam Inchon.
  • 7 de Julho: Exército norte-coreano cruza o Rio Kum. Comando das Nações Unidas é criado.
  • 8 de Julho: Tanques T-34 norte-coreanos entram em Ch’onan.
  • 26 de Julho: A Austrália anuncia o envio de tropas para a Guerra da Coreia.
  • 31 de Julho: Batalha de Chinju.
  • 1 de Outubro: Coreia do Sul atravessa o paralelo 38º N.
  • 7 de Outubro: Forças norte-americanas cruzam o paralelo 38°.
  • 8 de Novembro: Batalha aérea utilizando jactos
1951
  • 11 de Abril: General Matthew Ridgway assume o comando supremo.
  • 13 de Setembro: Batalha de Heartbreak Ridge

1952
  • 3 de Janeiro: China e Coreia do Norte rejeitam proposta da ONU.
  • 7 de Maio: General Mark Clark substitui General Ridgway no comando supremo.
  • 23 de Junho: Estados Unidos atacam instalações militares no Rio Yalu.
  • 29 de Agosto: Aviões bombardeiam Pyongyang.

1953
  • 28 de Março: China e Coreia do Norte aceitam proposta da ONU.
  • 26 de Abril: Negociações de armistício.
  • 28 de Abril: Partido Comunista Francês convoca operários para manifestação contra a Guerra da Coreia.
  • 27 de Julho: Armistício é assinado em Panmunjom. Fim da Guerra da Coreia.

Alguns dados:
militares ocidentais mortos: 778.053
militares norte coreanos e chineses mortos: 1.545.822
civis coreanos mortos: 2.000.000 (estimados)


Fonte: Limes , Wikipedia
Tradução, Edição e Comentários: Informação Incorrecta