Continuamos com a segunda parte do artigo sobre o Brasil.
A primeira parte pode ser lida aqui.
Boa leitura.
Brasil no BRICBRIC é um acrônimo usado pela primeira vez por um economista da Goldman & Sachs, Jim O'Neill, para indicar as potências emergentes Brasil, Rússia, Índia e China, que irão condicionar o futuro das relações internacionais por causa dos seus potenciais inexplorados.
No País sul-americano estão cientes da diferença para com Países como a Índia ou a China, por exemplo, no tema dos subsídios ao mercado agrícola, mas estão convencidos de que se pode usar esta plataforma importante para promover questões que unem os interesses dos quatro novos poderes, como, por exemplo, a reforma das finanças globais, o papel do FMI no desenvolvimento econômico, o papel do Dólar no comércio mundial, a reforma das Nações Unidas para promover um mundo multilateral e, em geral, aumentar a voz dos Países em desenvolvimento nas arenas globais onde são tomadas decisões que afetarão todo o planeta.
Já no último G20 de Londres (Abril 2010) os Países do BRIC insistiram muito na reforma dos mecanismos de voto das instituições financeiras de Bretton Woods, e obtiveram a criação dum fundo internacional (livre de dogmas neoliberais) que favorece uma rápida assistência financeira aos Países bem administrados, mas afetados pelo declínio das exportações ou a falta de crédito.
Desde 2003, o comércio entre esses quatro Países aumentou 500%, o que explica porque atualmente geram 65% do crescimento global, o que representa a esperança mais concreta da recuperação da economia capitalista global.Alianças
Como vimos, o Brasil está desenvolvendo uma estratégia de alianças e cooperação que ultrapassam as fronteiras da América Latina, para transformar-se de uma potência regional num player global.
No continente americano, além de ser o principal impulsionador do projeto do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), é também o ponto de referência da integração regional de segurança da Unasul; na verdade, pediu ao recém-eleito presidente da Colômbia, Santos, para pôr de lado as rivalidades e reforçar a integração do sistema de defesa no interesse geral de todos os povos da América Latina.O Brasil também anunciou, por meio do chanceler Celso Amorim, que irá propor aos Países da UNASUL a criação dum Conselho de Paz e Segurança que seja capaz de resolver efetivamente as crises na região, desde os guerrilheiros na Colômbia, até as escaramuças nas fronteiras.O chanceler brasileiro felicitou a Unasul pelo apoio ao presidente boliviano Morales e contra as tentativas de desestabilização liderada pela oposição dos terratenientes (latifundiários) nas regiões orientais.As políticas brasileiras na África ou na América Latina, perseguem o objetivo claro de fazer crescer a própria economia e influir cada vez mais na vida política, nos assuntos econômicos e financeiros internacionais. Obviamente, para que essas metas sejam conseguidas é essencial viver num contexto regional estável.O Brasil está presente agora também na Eurásia, onde é visto como um novo ator internacional, que pode desempenhar um papel de "negociador ativo" no processo de paz do Oriente Médio, como declarado pelo premier da Síria, Assad, e como demonstrado pelo acordo alcançado com a Turquia e o Irã sobre o assunto nuclear persa.Recentemente, renovou a aliança com a Rússia sobre o intercâmbio tecnológico e está implementando um Plano de Ação Estratégico para o desenvolvimento econômico e o comércio, bem como sistemas de pagamento internacionais em moeda local com função anti-dólar.Hoje, o Brasil apresenta-se como um ator autônomo em ambas as realidades, regional e internacional, que pretende tornar-se um ator determinante na sequência duma estratégia específica que vê nas alianças e nas relações bilaterais apenas um instrumento para alcançar o efeito.Mesmo a desdolarização no comércio não persegue objetivos anti-americanos; a prova é a cooperação militar com os Estados Unidos, com quem assinou recentemente um acordo que prevê a cooperação em assuntos técnicos, realização de exercícios conjuntos e intercâmbio de tecnologia e meios militares, bem como o respeito mútuo e a não ingerência nos assuntos internos do outro País.Além disso, embora Lula tenha realçado que o acordo não implica na utilização de bases no Brasil por parte dos EUA, o jornal brasileiro O Estado de S. Paulo publicou recentemente um artigo afirmando que o governo brasileiro começou a negociar com os EUA para instalar uma base americana no Rio de Janeiro, para enfrentar o tráfico de drogas na região, muito semelhantes aos criados em Key West (Florida) e Lisboa.ConclusõesO Brasil é hoje uma das potências emergentes na cena internacional, bem como uma das economias mais vibrantes do planeta.
O seu objetivo é restaurar um mundo multipolar, onde novos equilíbrios de poder são reconhecidos nas instituições internacionais; e para esse fim está desenvolvendo uma série de alianças com os principais intervenientes para alcançar estes objetivos.
Embora possa ser visto em parte como um antagonista dos EUA no curto prazo, a sua contribuição para o crescimento econômico mundial é crucial para superar a estagnação atual e permitir que o sistema capitalista possa sobreviver.
A promoção de relacionamentos horizontais com os Países do Sul do Mundo trouxe muita simpatia e sucessos até agora; a pergunta é: se o presidente do Brasil irá continuar a perseguir políticas que defendem os interesses nacionais e promover o novo status internacional no Brasil ou se os atores internacionais que não gostam da independência da política brasileira possam influenciar a eleição presidencial.
É claro que o Brasil tem crescido muito nos últimos anos e, considerando as alianças tácticas desenvolvidas, parece pouco provável um redimensionamento.
Acabou! Perderam a primeira parte? Ahiahiahiahi. Mas não há crise: fica aqui.
E a terceira? Não há uma terceira parte. O que há é o artigo O Brasil nuclear que podem ler ao clicar aí, diretamente no título do post.
Ipse dixit.
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Fonte: Eurasia
Traduzido, Editado e Comentado por: Informação Incorrecta