Quando vai começar a retirada dos soldados norte-americanos do Afeganistão?
Cedo, já em 2011 afirma o presidente Barack Obama.
D'outro lado, porque esperar?
As forças afegãs foram treinadas pelos instrutores dos Estados Unidos e a Administração não poupou esforços: os resultados não podem senão ser bons.
Os EUA querem deixar um Afeganistão à maneira. Tal como aconteceu com o Iraque...
O jornal britânico The Independent foi espreitar a situação. Fala-se na crescente infiltração de Talibãs nas fileiras do exército e da polícia.
Exagero. Há, sim, algumas arestas ainda para limar, mas a situação é bem controlada.
Mesmo o Pentágono reconhece estes pormenores desagradáveis: mas são, como afirmado, pormenores que não estragam o quadro geral.
Sim, é verdade: um comandante talibã foi capaz de alistar-se nas fileiras do Exército Nacional Afegão e um comandante da polícia foi responsável por diversos ataques realizados com armas improvisadas contra as forças aliadas.
Mas afinal foram presos e é isso que conta.
Menos de um quarto das unidades do Exército e só um sétimo dos polícias são considerados capazes de operar de forma independente porque qualificada como "Capability Milestone 1 (CM1) validação feita pelos Aliados?
Vejam o lado positivo: é sempre um começo.
Há quem diga que os critérios utilizados pela NATO estariam com defeitos ou talvez demasiado optimistas, que os efectivos seriam em número até menor, e que a ideia é não entregar dados que possam desiludir os esforços de bilhões de dólares. Optimismo, isso mesmo: reside aqui a chave do sucesso, optimismo e confiança.
Um relatório da US Special Inspector General for Afghanistan (Sigar) descreve o sistema de formação e avaliação das forças afegãs como "incerto e inconsistente", denuncia como muitas unidades policiais apresentam metade dos agentes positivos no uso de drogas, enquanto inteiros kandak (batalhões do exército) têm apenas59 por cento do pessoal previsto. A média dos militares efetivamente presentes nas unidades não ultrapassa 74%, facto que frustra o aumento oficial das forças afegãs: 236.000 soldados declarados (e pagos), só 34.000 treinados e capazes de conduzir operações militares.
Como responder a estas críticas? Só com uma observação: que confiança oferece um departamento que critica o uso de drogas e cujo nome é "Sigar"? Só isso, não é preciso acrescentar mais nada.
Outros apontam para o fato de 70 por cento dos polícias serem analfabetos: mas quem disse que para combater o terrorismo seja preciso ler e escrever?
É no coração do homem que reside o bem, não no cérebro.
Uma recente pesquisa anti-corrupção no Ministério do Interior do Afeganistão levou à demissão de 20% dos comandantes? É sinal de que as auditorias funcionam.
Prolongadas ausências? Normal, também os Afegãos têm família.
Recrutamento em troca duma percentagem da folha de salários?
Empreendedorismo, esta é a definição correta.
Soldados ou oficiais inexistentes, mas pagos?
É para confundir o inimigo, chama-se tática.
Repetimos: a guerra contra o terrorismo foi um sucesso e em breve os Estados Unidos poderão abandonar o País, conscientes de terem feito o próprio dever e de deixar um Afeganistão mais democrático, mais livre e mais seguro.
Exactamente como aconteceu com o Iraque...
Ipse dixit.
Fonte: The Independent
sugado de Informação Incorrecta