terça-feira, 18 de setembro de 2012

Sayyed Nasrallah, do Hezbollah, uma só voz com a multidão: “Estamos a Teu serviço, Profeta”


17/9/2012, Batoul Wehbe, Al-ManarTV, Beirute (vídeo e fotos)
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu


Sayyed Hassan Nasrallah
Imensa manifestação convocada pelo Hezbollah em protesto contra um filme anti-islamista e realizada na segunda feira foi coroada por uma surpreendente rara aparição em público do Secretário-geral do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, que foi ovacionado pela multidão.

Centenas de milhares de pessoas tomaram as ruas dos subúrbios do sul de Beirute, Dahiyeh, respondendo à convocação de Sayyed Nasrallah, no domingo, para protestar contra filme que insulta o Islã e o Profeta Maomé, em manifestação gigantesca que Sayyed Nasrallah chamou de “Manifestação Gigante de Lealdade ao Profeta Maomé”.

A multidão explodiu em manifestações de alegria, ao ouvir a saudação já conhecida, tantas vezes repetida por Nasrallah: “Ah, o povo mais honrado entre os honrados, o povo mais dignificado entre os dignificados, povo mais purificado dos purificados... Que a Paz esteja com vocês!”. São exatamente as mesmas palavras com que Nasrallah saudou a multidão na abertura da cerimônia comemorativa da vitória na guerra contra Israel, em julho de 2006.

Sua Eminência começou sua fala, que durou menos de 15 minutos, agradecendo a participação de todos naquela manifestação, em que tantos se reuniam para honrar a convocação em nome do Profeta Maomé. Agradeceu também ao Movimento Amal, que convocou seus apoiadores a participar das várias manifestações planejadas, a primeira das quais aconteceu hoje.

Recitando o Capítulo Al-Masad do Santo Corão, Nasrallah disse: “Que pereça o poder de Abu Lahab e que ele pereça também. De nada lhe valerão os seus bens, nem tudo quanto lucrou. Entrará no fogo flamígero (Alcorão 111:1-3)”. [1] Em breve arderá em chamas que queimam, que inflamam. E sua esposa, portadora do combustível... Pelo pescoço dela descerá uma corda bem torcida.

Para que as câmeras de televisão registrassem, Sua Eminência pediu que a multidão repetisse suas palavras – como no “microfone do povo” das assembleias do movimento Occupy Wall Street:

“Oh, Mensageiro de Alá! Meu sangue, minha família, a riqueza e tudo que recebi de Deus são oferendas que faço para Tua dignificação, Tua veneração e Tua honra. Que todo o mundo ouça essas palavras. Profeta, morremos por Ti. Minha alma e meu sangue estão a Teu serviço. Alá é testemunha do que nós dizemos, o sangue dos nossos mártires, as feridas dos nossos feridos, nossas casas demolidas até o chão, todos dão prova de que sacrificaremos tudo, em teu nome, oh, Profeta”.

Depois do “microfone do povo”, Nasrallah continuou: “Todo o mundo deve entender a relação profunda que temos com nosso Profeta. Ainda há quem não entenda e não entenda tampouco a extensão do insulto que nos fazem, em algumas cenas daquele filme. Massacraram Seu Santo Corão, a biografia do Profeta e o Islã, num fragmento de 12 minutos de filme. O que mais podem ter feito no restante do filme?”

Sayyed Nasrallah recomendou que o filme não volte a ser exibido pela Internet e instruiu os libaneses a boicotar páginas de internet que insistam em exibi-lo. “Os EUA têm de entender que a exibição completa desse filme terá consequências perigosas, muito perigosas, e repercussões em todo o mundo”.

“Povos e governantes devem pressionar a comunidade internacional para que aprovem leis nacionais e internacionais que definam como crime qualquer insulto contra nossos profetas e todos os profetas das três religiões planetárias que o mundo conhece” – disse Sua Eminência, falando de cristianismo, islamismo e judaísmo.

“A Ummah islâmica tem o dever de defender o Profeta Maomé. Fracassar nessa defesa é fracassar nos deveres que aUmmah tem com seu Profeta. Fracassar na defesa do Profeta Maomé deixa aberta a porta para futuros abusos”.

Sua Eminência destacou que a manifestação de hoje não é ação isolada, mas o início de uma série de manifestações que devem prosseguir.

“Não admitir ofensas a nosso Profeta é responsabilidade nossa. E digo-lhes que Alá fará chover bênçãos, as maiores bênçãos, sobre vocês, os que amam o Imã Hussein (AS) [2].

Que todo o mundo veja que as nossas multidões, que eles hoje veem no 10º dia do Muharram  [3], estão gritando como uma só voz: “Labayka ya Hussein” (“Estamos a Teu serviço, oh, Hussein”); e que nunca desanimarão na defesa do neto do Profeta Maomé. Que ninguém suponha, nem por um momento, que desistiremos desse combate”. [4]

[Veja imagens e assista vídeo diretamente na Al-ManarTV; não foi possível incorporar o vídeo, pois a emissora não liberou o código.]

Conseguimos, todavia, um vídeo na Russia Today TV, a seguir:





Notas dos tradutores

[1] Santo Corão, 111:001-003, uma profecia corânica, aí em tradução da União Nacional Islâmica onde se lê: “Abu Lahab, veemente opositor do Islã, aparece numa das profecias do Corão que se realizaram”.
[2] Leia sobre o martírio do Imã Houssein no ano 40 da Hégira, após um califado de 4 anos e 9 meses, e evento central do islamismo xiita.
[3] Leia sobre o mês sagrado do Muharram, primeiro do calendário da Hégira. [4]  Aqui parece haver um subtexto que não se alcança, se não se souber que o mês sagrado do Muharram é mês selecionado pelo Profeta para que, durante esse mês os muçulmanos exercitem a tolerância e evitem todo tipo de discussões, brigas e violência em geral. A frase “que eles hoje veem no 10º dia do Muharram”, parece-nos, deve ser interpretada como “nós, que eles aqui veem indignados, ofendidos, mas ainda fazendo um esforço máximo de tolerância e reunidos em manifestação pacífica” [Essa nota aqui fica, à espera de correção mais bem informada]. 

 

Um comentário:

  1. (comentário enviado por e-mail e postado por Castor)

    A visão alcorânica do inferno é mais horripilante que a cristã. Como estamos retrocedendo há 1.000 anos, conviria aos não muçulmanos lerem o Livro Sagrado do Islam. Combinado com os Evangelhos e o Pentatêuco, o leitor entenderá como o Ocidente pentagonal é burro e delinquencial. O livro de Samuel Hutington (O embate de civilizações) - o mesmo scholar que dava uns conselhos ao general Golbery, para "adoçar" o regime de 1964 - se relido agora, não passa de um manual de instruções da nova estratégia pós-soviética do imperialismo. Óbvio.

    Abraços do
    ArnaC

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