segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Colômbia: Carta Aberta do Coletivo “La Pluma”


7/9/2012, Colectivo La Pluma
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Senhor Juan Manuel Santos, Presidente da Colômbia e Comandante Timoleón Jiménez, Comandante das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - Exército Popular (FARC-EP):

Com grande satisfação saudamos o acordo que foi divulgado para a opinião pública pelo governo colombiano e pelas FARC-EP. Confiamos que o processo que se inicia culminará na criação de uma Colômbia em paz, único destino que as futuras gerações merecem.

Reconhecemos o valor do passo dado e a coragem que manifestam os dois lados, ao comprometer-se num processo indispensável ao bem do povo colombiano.

Dada a natureza eminentemente social do conflito colombiano, saudamos esta oportunidade como espaço a partir do qual se gere um verdadeiro diálogo nacional em torno de questões de suma importância para o futuro da Colômbia, questões estruturais e de fundo, intimamente ligadas à paz.

Ante acontecimento de tanta transcendência, é legítimo propor perguntas de suma importância para assegurar o êxito e a representatividade dessa iniciativa.

·       Como se assegurará a participação da sociedade civil e das organizações populares nas negociações?

·       Que mecanismos se estabelecerão para que as consultas e ideais que cheguem à mesa de negociações sejam consideradas com seriedade e deem eficácia ao debate democrático, como é normal numa democracia?

·       Haverá cenários adequados para as contribuições da cidadania, de coletivos, mesas regionais, processos constituintes e outros similares?

·       Que medidas o governo adotará para garantir o direito à oposição e à dissidência durante as negociações?

·       Como efetivamente procederão as autoridades, para que  direito de o povo manifestar-se e pronunciar-se sobre temas como a paz e a guerra – que compete ao povo discutir – não seja equiparado ao “terrorismo” e nenhuma “mão negra” atribua a quem discuta paz e guerra “objetivos militares”?

·       Que medidas serão tomadas para desmontar o paramilitarismo e as milícias privadas a serviço de interesses econômicos e de caciques políticos?

·       Supõem ainda que seja possível negociar em meio ao conflito, como o governo nacional não se cansa de repetir que seria?

·       Não seria mais sensato, para que não se repitam experiências negativas do passado, construir um cessar-fogo bilateral e por prazo indefinido, que comece no instante em que se iniciem as negociações?

Presidente Santos, Comandante Jiménez, acreditamos que essas são inquietações da imensa maioria da população, a mesma que já se manifestou claramente a favor da iniciativa das conversações.

Temos confiança de que nossas inquietações serão ouvidas. Somos muitos os que esperamos que essa oportunidade converta-se no início do caminho que levará à paz e à justiça social.

Temos grandes expectativas investidas no resultado final dessas negociações e sinceramente confiamos no desenvolvimento de um processo pleno de altruísmo, de parte de todos.

Sabemos que os senhores estão plenamente conscientes das altas responsabilidades que lhes cabem. Temos certeza de que saberão responder à altura ao desafio que a história lhes impõe.

Nós, e mais milhões, na Colômbia e em todo o mundo, contribuiremos com tudo que esteja ao nosso alcance para a tarefa de construir um país novo e feliz, em paz consigo mesmo.

Coletivo “La Pluma”, 7/9/2012
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Nota:
Indivíduos e organizações que desejem subscrever essa Carta Aberta devem enviar mensagem ao seguinte endereço: contact@lapluma.net

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