11/9/2012, Peter Lee, Asia Times Online
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Hillary Clinton |
A
secretária de Estado dos EUA Hillary Rodham Clinton esteve recentemente na
China, para o que se espera que tenha sido sua última visita oficial a Pequim.
Encontrou recepção gélida do governo chinês, inclusive da mídia oficial, além do
que parece ter sido um revés pessoal.
A
imprensa que viaja com Clinton agitou-se com o cancelamento de uma reunião
marcada com o próximo presidente chinês Xi Jinping.
Claro.
É possível que as justificativas que circularam entre jornalistas – que Xi teve
um conflito de agenda e/ou dores nas costas – sejam verdadeiras. Xi também
cancelou encontro com o primeiro-ministro de Cingapura, Lee Hsien Loong. [1] Mas o Partido Comunista Chinês
(PCC) pode bem ter decidido que a derradeira visita de Clinton era oportunidade
também derradeira e apropriada para dar-lhe um tranco – e um recado.
Como
secretária de Estado, o normal seria que Clinton se encontrasse com seu
correlato número 1 em Pequim, o ministro de Relações Exteriores Yang Jiechi.
Contudo, dadas inúmeras circunstâncias, históricas (a importância da relação
entre EUA e China; o status especial de Clinton, esposa de um ex-presidente dos
EUA) e circunstanciais (o atual esfrangalhamento das relações entre EUA e China;
o fato de ser a provavelmente última visita oficial de Clinton à China), ela
encontrou-se também com o presidente Hu Jintao e com o premiê Wen Jiabao.
Xi Jinping |
Se
se considera a perspectiva oficial, não há qualquer razão para que Clinton
sinta-se desconsiderada; tampouco, também de uma perspectiva oficial, há
qualquer justificativa para algum encontro oficial entre Clinton e Xi Jinping.
Afinal, Clinton e seu time estão de saída, o que não mudará se o presidente
Barack Obama for reeleito ou se for substituído na Casa Branca por Mitt Romney.
Xi
Jinping, por sua vez, ainda não é presidente da China. O emprego ainda é de Hu
Jintao. Talvez Hu não goste da ideia de os EUA movimentarem-se às suas costas,
já construindo relações com Xi, antes de Hu deixar a cadeira presidencial.
É
possível que a liderança chinesa tenha pressentido que Clinton desejava
encontrar-se com Xi só para acrescentar um item valioso ao próprio arquivo de
contatos – poder dizer que tivera contato com a nova geração de líderes chineses
– pensando já na vida de pós-secretária de Estado e subsequente carreira de
candidata, especialista-dona de think-tank e/ou sócia-assessora de
megaempresas.
Nesse
caso, o PCC pode ter cancelado o encontro com Xi para mandar um recado
(parafraseando o imortal tranco que o falecido senador Lloyd Bentsen dos EUA
aplicou a Dan Quayle, num debate entre candidatos à vice-presidência, há muitos
anos): “Conheci Henry Kissinger. E, secretária Clinton, a senhora não é nenhum
Henry Kissinger”.
Henry Kissinger |
De
fato, Xi Jinping conhece, sim, Henry Kissinger (o qual, aliás, ainda não
morreu). Encontraram-se mais de uma vez. Xi esteve com Kissinger e vários outros
grandes do Departamento de Estado dos EUA, em fevereiro passado, quando de sua
viagem aos EUA. Mas já o conhecia de antes, quando se encontraram os dois, em
encontro reservado, em Pequim, várias semanas antes de Xi viajar, quando a
mensagem a enviar era que a China colheria todas as oportunidades
(significativas) e não deixaria escapar momento (significativo), para promover
relações bilaterais (significativas). [2]
Para
o PCC chinês, Kissinger é símbolo, defensor e advogado altamente considerado de
um relacionamento muito especial entre EUA e China.
Quando
as relações entre a liderança chinesa e o presidente Obama aproximavam-se do
ponto de mais profundo congelamento, depois da desastrosa reunião sobre o clima
em Copenhagen (quando se viu um furioso negociador chinês aos gritos e
balançando o dedo no nariz de Obama, ante o que Pequim interpretara como decisão
cínica dos EUA, de servir-se da China como bode expiatório para explicar o
colapso das conversações), os chineses divulgaram noticiário sobre uma reunião
entre o então vice-presidente Li Keqiang (o mesmo cargo que Xi tem hoje) e
Kissinger em Pequim. Demonstravam assim que a China desejava manter as relações
entre os dois países em espírito de engajamento positivo (significativo). [3]
Mas
Obama decidiu, por razões políticas, econômicas, morais e geoestratégicas (e
talvez por causa da interação pessoal insatisfatória entre ele próprio e os
líderes chineses) que tinha de lidar com Pequim de uma posição de maior força
regional. E boicotou o movimento de imediata acomodação.
O
resto é história, especificamente, o movimento estratégico de “pivô” girado
contra a China por Obama e executado por Clinton.
Robert Zoellick |
O relacionamento da China com os
EUA é agora especial, não só no sentido de que é especialmente difícil e
conduzido pelos EUA de modo especialmente canhestro. O mais assemelhado com
agente ativo de algum relacionamento positivamente especial com os EUA que há
hoje é Robert Zoellick [A],
ex-presidente do Banco Mundial, que hoje trabalha como conselheiro de Mitt
Romney.
Do
ponto de vista de Pequim, o tal movimento de “pivô” já serviu para criar
problemas para a China, especificamente porque liberou aliados dos EUA na
região, que se puseram a requentar velhas questões marítimas.
Ambos,
o Vietnã e as Filipinas, aprovaram leis marítimas para formalizar reações contra
a China, nas reivindicações que faz sobre rochedos e sambaquis no Mar do Sul da
China. O governo do Japão, incitado pelo sinofóbico governador de Tóquio
Shintaro Ishihara, está providenciando para comprar as ilhas Senkakus, de um
proprietário privado.
Os
EUA dançaram de modo muito equivocado em torno da questão de apoiar ou não as
Filipinas e o Japão no discurso segundo o qual haveria aspectos de segurança
envolvidos na negociação pelas ilhas.
É
situação típica para agradar os fãs de intermináveis conversas multilaterais
vãs. Não parece haver qualquer dúvida de que o melhor meio para realmente
encontrar vias de conciliação é Pequim acertar projetos de desenvolvimento, em
separado, com cada um de seus interlocutores nesse assunto, e assim destravar,
de forma tempestiva e razoável, os negócios em torno das pressupostas imensas
riquezas que, como se diz, se esconderiam naquelas ilhas miseráveis.
Nos
dias que antecederam a visita de Clinton – houve alguns feios protestos (que não
foram contidos com especial vigor pelo governo chinês) e incidentes, como o
roubo da bandeirinha do carro oficial do embaixador do Japão num dos viadutos de
Pequim (ação individual, pelo que se sabe, de um isolado cidadão chinês) – bem
claramente o governo da China decidiu que era chegado o momento de dizer aos EUA
que “agora, basta”; que era hora de Washington encolher a língua e pôr fim à
retórica de que seria fiador da segurança nos mares vizinhos à China; e de os
EUA tratarem de impor rédea mais curta aos seus super entusiasmados aliados
em Hanói,
Manila e Tóquio.
A
rede chinesa Xinhua expôs o caso, em matéria escrita de
Washington:
Muitas
das ações dos EUA até agora têm sido contraproducentes, se o objetivo é promover
a paz e a estabilidade na região do Pacífico Asiático, como se vê no fato de a
situação de segurança na região estar em deterioração, sem qualquer melhoria
observável, devido, principalmente, à recente escalada nas disputas por
território no Mar do Leste da China e no Mar do Sul da China.
Washington,
que diz não ter lado preferencial nas disputadas, é culpada, em parte, por
alimentar as tensões, porque, ao que se vê, está fortalecendo partes relevantes
na discussão, para que empreendam ações de provocação contra a China, com vistas
a consolidar ganhos territoriais ilegítimos e imerecidos (...).
Washington
deve a Pequim explicação ampla e convincente sobre as reais intenções de sua
política “de pivô”, especialmente em questões que tocam interesses vitais,
centrais, da China. E os EUA também têm de dar passos concretos que provem que
estão voltando à Ásia como pacificadores, não como criadores de problemas.
[4]
A
visita de Clinton foi marcada por verdadeiro enxame de artigos na mídia oficial
sobre esse tema:
- A
China exige que os EUA trabalhem pela paz no Mar do Sul da
China.
[5]
- Washington
tem de dar passos concretos para promover os laços China-EUA.
[6]
- EUA
devem explicações à China sobre as reais intenções de sua política de pivô
girado contra a Ásia
[7]
- Comentário:
Os EUA que parem de disparar sinais errados contra o Mar do Sul da
China
[8]
Foi
a sóbria rede Xinhua, já começando a adotar o estilo tradicionalmente mais
nacionalista irado do jornal Global Times. E o Global Times, esse,
ora, falou como fala o Global Times:
Não
há vencedores nas estratégias de
contenção [9]
Hillary
aprofunda a desconfiança EUA-China
[10]
Pequim
tem pleno direito de decidir que é hora de verificar se o tom presunçoso e
enfatuado com que os EUA falam do “movimento de pivô girado contra a Ásia” – e
de atacar a China no olho – é ou não acompanhado da indispensável atenção que os
EUA têm de dar às responsabilidades reais que têm na segurança do Leste da Ásia.
Para
a liderança chinesa, o verdadeiro indicador da sinceridade e da serventia dos
EUA a favor da segurança do Leste da Ásia é, provavelmente, o quanto de
influência Washington aplicará sobre Tóquio, sobre os militares e a agenda de
segurança, em geral e, agora, na questão simbólica das ilhas Senkakus.
Há
pelo menos uma razão de peso para que Pequim aceite a continuada presença
militar dos EUA no Leste da Ásia: se os EUA puderem conter a emergência do Japão
no quadro da segurança regional, como ator regional independente, com capacidade
militar e nuclear.
Graças
ao apoio dos EUA a suas demandas para implantar o ciclo completo de produção de
combustível nuclear e um programa espacial, sob vários critérios desnecessário,
o Japão já tem as reservas de plutônio suficientemente enriquecido [para
produzir armas atômicas] e os sistemas de mísseis balísticos de transporte e uso
de armas atômicas necessários para tornar-se grande potência nuclear planetária,
praticamente da noite para o dia.
Numa
interessante análise, a agência The
Associated Press examina a possibilidade bem real de que o Irã talvez tenha
estudado e copiado a estratégia japonesa para posicionar-se como estado nuclear
com arsenal atômico – ou sem arsenal atômico, mas com recursos para converter as
próprias capacidades nucleares, de pacíficas para nada pacíficas, tão
rapidamente quanto seja necessário.
Se
conseguirem conter uma corrida armamentista regional nuclear, e se mantiverem as
Forças Japonesas de Autodefesa suficientemente ocupadas com autodefesa, em vez
de interessadas em projetar poder, os EUA, sim, prestam real, significativo e
importante serviço de segurança (e também no campo econômico) à China e, em
geral, ao Leste da Ásia. [11]
Mas
o movimento pelo qual as ilhas Senkakus estão sendo promovidas a fetiche
político, cultural e de segurança, já está contribuindo para mudar tudo isso.
Até
agora, os governos nacionais japoneses, graças à persuasão, aos incentivos, e à
segurança que obtêm da presença de forças dos EUA, estão mantendo o gênio
militar bem preso dentro da garrafa.
Yoshihiko Noda |
No
momento, o governo do primeiro-ministro Yoshihiko Noda conduz sua dura
competição com Ishihara, para comprar as Senkakus, com uma combinação de
contenção, frustração e desgosto que a liderança chinesa considera muito
gratificante – apesar das fulminações públicas.
Mas
resultados passados não são garantia de desempenho futuro.
Se
Tóquio escapa da coleira ou se, ainda pior, se rompe violentamente as cadeias
que a subjugam aos EUA – no estilo do que faz o governo de Israel – forçando os
EUA a apoiarem o Japão e seus objetivos na região mediante aumento deliberado
das tensões, a utilidade e o valor do papel militar dos EUA no leste da Ásia,
que hoje ainda podem ser percebidos, ficarão significativamente comprometidos
aos olhos chineses.
O
Japão deve precaver-se contra as ambições expansionistas da China, disse Mr. Ishihara, que
agora se voltam para fora, depois de a China conquistar a Mongólia e o povo
uigur e já ter dizimado o Tibete (...). “A China tem declarado que atacará casas
de outros. É tempo de verificar se nossas portas estão bem fechadas em torno de
nossas ilhas” – disse ele. “Antes de vermos o que está acontecendo, o Japão pode
virar a 6ª estrela na bandeira da China. Realmente, não quero que isso aconteça”
(...).
Em
todo o discurso, Mr. Ishihara
referiu-se sempre à China como ‘Cina’ – nome normalmente associado à era
em que o
Japão ocupou a China.
[12]
Shintaro Ishihara e as Ilhas Senkakus |
Ishihara
também defendeu mais dinheiro nacional para o orçamento militar, justificado em
parte por os EUA serem “pouco confiáveis”, pelo menos no que tenha a ver com as
ilhas Senkakus.
Seria
reconfortador se se pudesse descartar Ishihara como velho doido e racista. Mas,
com a geração e a forma mental japonesas da guerra já saindo de cena, a pressão
política para que o país assuma o papel de potência mundial armada, com política
autônoma de segurança – para fazer frente à China –, começa a crescer.
Além
do mais, Ishihara já cuidou de passar à geração seguinte o seu legado
xenofóbico, através do filho Nobuteru.
Uma
teoria diz que Ishihara empenhou-se em promover a compra das ilhas Senkaku para
acelerar o andamento dos passos políticos do herdeiro. Nobuteru é atualmente
secretário-geral do Partido Liberal Democrático, de oposição, e com boas chances
de tornar-se próximo primeiro-ministro do Japão, se conseguir obrar a necessária
quantidade de fraudes intra e interpartidárias. [13]
A
possibilidade de o governo japonês e suas políticas externa e militar estarem,
em pouco tempo, em mãos de reacionários odiadores da China – e com o governo dos
EUA em mãos de neoliberais ou de neoconservadores, nos dois casos indiferentes
às ansiedades chinesas – não é cenário no qual se deva esperar que os chineses
se interessem muito por exercitar algum tipo de moderação cautelar.
A
dura retórica oficial chinesa sobre o “pivô” que Obama fez girar contra a China
é talvez mais do que bota-fora contra a secretária Clinton. Deve ser visto como
tentativa de romper a extrema confusão que envolve tudo que tenha a ver com a
China, na campanha eleitoral dos EUA. E a China faz isso com uma declaração
estridente de que Pequim está muito incomodada com a arrogância, a presunção, o
enfatuamento que cerca tudo que tenha a ver com o “pivô” de Obama, que já levou
os EUA a perderem o rumo e o foco sobre a absolutamente urgente necessidade
regional de os EUA estimularem e recomendarem ponderação e prudência aos seus
aliados, mas, sobretudo, ao Japão.
Fãs
do “pivô” que Obama fez girar contra a China – e conselheiros de qualquer
presidente que assuma o governo em Washington no próximo ano – bem farão se
começarem logo a pensar no pior, caso a nova liderança chinesa decida que melhor
escalar o conflito já, que tarde demais, seja forçando a política dos EUA para a
Ásia a tomar rumo mais favorável à China, seja desalojando de lá as forças
militares dos EUA, enquanto é tempo.
Um
conselho: se alguma crise irromper – e se os EUA desejarem genuinamente
resolvê-la –, melhor não mandar Hillary Clinton a Pequim.
_____________________________________
Notas:
1. China's Xi Jinping cancels Hillary Clinton meeting amid
'tensions', The Telegraph, Sep 5, 2012.
2. China's Xi says to push forward Sino-US cooperation, Gov.cn, Jan 17, 2012.
3. China: Emboldened? Anxious? Or Invincible Zombie Masters?, China Matter, Mar 16, 2010.
4. US owes China convincing explanation of true intentions of its Asia Pivot policy, Xinhua, Sep 3, 2012.
5. China urges US to work for peace in South China Sea, Xinhua, Sep 4, 2012.
6. Washington needs to take concrete steps to promote China-US ties, Xinhua, Sep 4, 2012.
7. US owes China convincing explanation of true intentions of its Asia Pivot policy, Xinhua, Sep 3, 2012.
8. Commentary: US should refrain from sending wrong signals over South China Sea, Xinhua, Aug 5, 2012.
9. No winners in containment strategies, Global Times, Sep 6, 2012.
10. Hillary reinforces US-China mistrust, Global Times, Sep 4, 2012.
11. Iran nuclear denial has Japanese ring, Columbia Broadcasting System, Sep 1, 2012.
12. Ishihara Unplugged: China A 'Thief,' America 'Unreliable', Japan Realtime, May 29, 2012.
13. Ishihara seen as strong contender in LDP race, Yomiuri, Sep 5, 2012.
2. China's Xi says to push forward Sino-US cooperation, Gov.cn, Jan 17, 2012.
3. China: Emboldened? Anxious? Or Invincible Zombie Masters?, China Matter, Mar 16, 2010.
4. US owes China convincing explanation of true intentions of its Asia Pivot policy, Xinhua, Sep 3, 2012.
5. China urges US to work for peace in South China Sea, Xinhua, Sep 4, 2012.
6. Washington needs to take concrete steps to promote China-US ties, Xinhua, Sep 4, 2012.
7. US owes China convincing explanation of true intentions of its Asia Pivot policy, Xinhua, Sep 3, 2012.
8. Commentary: US should refrain from sending wrong signals over South China Sea, Xinhua, Aug 5, 2012.
9. No winners in containment strategies, Global Times, Sep 6, 2012.
10. Hillary reinforces US-China mistrust, Global Times, Sep 4, 2012.
11. Iran nuclear denial has Japanese ring, Columbia Broadcasting System, Sep 1, 2012.
12. Ishihara Unplugged: China A 'Thief,' America 'Unreliable', Japan Realtime, May 29, 2012.
13. Ishihara seen as strong contender in LDP race, Yomiuri, Sep 5, 2012.
Nota dos
tradutores
[A] Em 2007, como vice-presidente do
Fundo Monetário Internacional, FMI, esse mesmo Zoellick criticou a atuação do
Brasil face à Área de Livre Comércio das Américas, ALCA. O presidente Lula
reagiu imediatamente, dizendo que Zoelick, “sub do sub do FMI”, não era
autoridade para criticar decisões soberanas do Brasil. Há matéria (dentre
outras) em que esses fatos são relembrados, em IstoÉ Dinheiro: “Lula,
o Banco Mundial e o Brasil” - Nº EDIÇÃO: 751 | 24.FEV.12 - 21:00 |
Atualizado em 09.Mar.12 - 00:04
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