7/9/2012, Paul Craig Roberts, Institute of Political
Economy
Traduzido
pelo pessoal da Vila
Vudu
Se
convenções de partidos nos EUA merecem nota de 1 a 10 por inteligência e sensibilidade, dou
zero à Convenção Republicana e 1 à dos Democratas.
Como
os EUA seriam “a única superpotência mundial”, se os dois principais partidos
políticos ignoram completamente o que acontece em casa e no
mundo?
Os
Republicanos esperam vencer empurrados por quatro anos de propaganda anti-Obama
e suas máquinas de votar eletronicamente programadas e nunca fiscalizadas.
Durante quatro anos, sem parar, agentes dos Republicanos inundaram a internet
com retratos de Obama em que foi mostrado como ‘cidadão estrangeiro’, não
norte-americano, como muçulmano (e, isso, apesar de Obama ter passado quatro
anos matando muçulmanos em sete países do planeta!) e como marxista (embora
posto no poder pelo lobby israelense, Wall Street e o complexo militar de
segurança!).
A
maioria dos Republicanos votarão contra Obama baseados nessas sandices, apesar
do estranho fato de que nenhuma comissão da Câmara de Deputados controlada pelos
Republicanos jamais aprovou qualquer tipo de investigação sobre o muito mais
estranho fato de os EUA continuarem a ser governados por um estrangeiro,
muçulmano e marxista (além de negro).
Se
Obama não é cidadão dos EUA, por que os cães de guerra daquela muito agressiva
Câmara de Deputados Republicana não capitalizaram o fato que tanto “noticiaram”?
Nada mais fácil que uma Comissão Parlamentar de Inquérito investigar e
determinar se o presidente, afinal, é ou não cidadão dos EUA! Pois, apesar da
propaganda, os Republicanos nada fizeram para capitalizar as loucuras espalhadas
pela Internet por seus próprios agentes contratados.
Convenção Republicana, Eleições EUA, 2012 |
Ou
os Republicanos sabem que disseminam mentiras, ou não querem que o próprio
Congresso declare que Obama é cidadão dos EUA. Ou os Republicanos, depois de
destruir até a última linha a Constituição dos EUA, reduzindo-a a “pedaço de
papel rasgado”, sentem que inventar discussões sobre o pouco que resta da
Constituição, na Segunda Emenda, seria hipocrisia demais, exagero de hipocrisia,
e não querem que o país pense muito sobre questões constitucionais e descubra
que, há muito tempo, os Republicanos tratam a Constituição como letra morta.
Se
os Republicanos já destruíram o habeas corpus, o devido processo
legal, vivem a violar a lei internacional e a lei nacional, ignoram a
independência entre os Poderes e criaram um Cesar imperial, por que os
Democratas não poderiam preferir que os EUA sejam governados por cidadão
não-americano, muçulmano e marxista (além de negro)?
Por
que os Republicanos não levantaram, na Convenção Nacional, a questão de, no
governo Obama, o Executivo ter poder para mandar assassinar cidadãos
norte-americanos, sem qualquer processo legal de julgamento? Não há uma linha,
na Constituição dos EUA, nem na lei ordinária que autorize esse tipo de crime.
Só na não-lei do estado policial de Gestapo a que está reduzido o governo dos
EUA o presidente pode ordenar assassinatos premeditados. Pois... sobre isso os
Republicanos mantiveram silêncio absoluto. Porque essa é a parte do governo dos
Democratas que os Republicanos apoiam e aprovam.
Convenção Democrata, Eleições EUA, 2012 |
Por que os
Democratas não levantaram, na Convenção Nacional, a questão de governos
Republicanos terem levado os EUA a mais de uma guerra, baseados em boatos sobre
o 11/9, sem nunca terem investigado os eventos do 11/9?
Não há nos
EUA um único arquiteto sério, um único engenheiro estrutural competente, um
único físico, um único químico, um único especialista sério em segurança
nacional que tenha engolido sequer uma linha da história que o governo dos EUA
distribuiu sobre o 11/9. Tampouco acreditam sequer numa palavra daquela história
os primeiros a chegar ao local do desmoronamento, nem as testemunhas nem os
sobreviventes.
A
maioria dos especialistas mantêm-se em silêncio, porque é isso ou desaparecem as
verbas de pesquisa nas universidades nas quais têm de trabalhar para viver, ou
somem os projetos de arquitetura e engenharia nos seus escritórios, boicotados
por ex-clientes e excelsos patriotas.
Pois,
apesar de todos esses riscos, 1.700 arquitetos e engenheiros norte-americanos
encaminharam documentação ao Congresso, em que demonstram por que não acreditam
numa linha da explicação oficial sobre o 11/9 e para exigir investigação que
vise a revelar a verdade, não a ‘comprovar’ as mentiras.
Por
que nenhum dos dois Partidos levantou nas respectivas convenções nacionais a
questão de como é possível que alguém ainda espere que a economia dos EUA entre
em processo de recuperação, se as grandes empresas já exportaram, para sempre,
milhões de empregos da classe média, de trabalhadores não qualificados e também
de trabalhadores qualificados e prestadores de serviços. Já faz uma década, no
mínimo, que a economia norte-americana só tem fôlego para criar subempregos,
nenhum deles exportável – empregos domésticos, de atendente de balcão de bar, de
garçonetes e de faxineiros hospitalares.
Sobre
empregos, os dois partidos só repetiram o mais completo nonsense. Os
Republicanos dizem que só criará empregos quem cortar impostos dos ricos. Os
Democratas dizem que só criará empregos quem subsidiar programas de empregos. Os
Republicanos dizem que os programas de empregos dos Democratas só fazem desviar
dinheiro de investimentos lucrativos para enriquecer traficantes de drogas e
donos de bares. Os Democratas dizem que os impostos baixos para os mais ricos só
fazem subsidiar iates, carros exóticos, aviões particulares e relógios de pulso
de 800 mil dólares para o 1% – sendo que a maioria desses bens são produzidos no
exterior.
Nenhum
dos dois partidos políticos jamais admitirá que, quando as empresas
norte-americanas transferem suas fábricas para o exterior, para produzir
produtos para o mercado dos EUA, os americanos são segregados, exilados de toda
a renda associada à produção dos bens e serviços que consomem. A exportação das
fábricas e dos empregos é defendida por esses dois patéticos partidos políticos
que há nos EUA, que a cultuam sob o nome de “livre
comércio”.
De
fato, a exportação de fábricas e empregos é uma espécie de doação, do que um dia
foi o PIB dos EUA, à China, à Índia e a outros países nos quais as empresas
norte-americanos localizam suas fábrica, e onde produzem o que vendem aos
norte-americanos. Enquanto o PIB dos EUA vai-se pelo ralo, engorda o PIB dos
outros países que produzem os produtos que empresas norte-americanas vendem a
norte-americanos endividados. E economistas idiotas propagandistas chamam de
“livre comércio” o que qualquer um vê que é a desindustrialização dos
EUA.
Economista
inteligente – o que é oximoro, mas vá lá – saberia que destruir a renda dos
consumidores, arrancando-lhes os empregos para exportá-los para outros países,
deixa os consumidores sem renda para comprar, sequer, os produtos cuja produção
foi exportada.
Nem
Republicanos nem Democratas veem essa desconexão. Nem Republicanos nem
Democratas podem expor-se ao risco de ver essa desconexão, porque todos,
Republicanos e Democratas, dependem do dinheiro das mesmas megaempresas para
pagar o que custa uma campanha eleitoral conduzida pela televisão; além do mais,
exportar fábricas e empregos para terras distantes faz explodir os lucros das
empresas e, consequentemente, também o valor das ações, os dividendos a
distribuir entre os acionistas e os bônus a pagar aos gerentes e executivos.
Partido político que se oponha a exportação de fábricas e empregos dos eleitores
nos EUA... não arranja dinheiro para campanha eleitoral e não consegue ser
eleito.
Assim,
afinal, se cria um quadro “eleitoral” no qual a “única superpotência mundial”, a
“nação indispensável”, ama, senhora e governadora da “hegemonia mundial” está
caminhando para eleições nas quais nenhum eleitor consegue entender o que
realmente está em jogo nas tais “eleições justas, livres e
democráticas”.
Por
que nenhum dos dois partidos perguntou: Se Washington demonizou e diz que
“isolou” totalmente o Irã, porque, semana passada, havia 120 países reunidos em
Teerã, em reunião do
Movimento dos Não
Alinhados?
A
propaganda de Washington está falhando? Washington já não consegue convencer o
mundo de que países que Washington deseje destruir são “o mal” e merecem ser
destruídos?
Se
a propaganda de Washington começa a fazer água, começa a fracassar também, o
poder hegemônico. Se Washington planeja aliar-se à mais atrasada ideologia
neoconservadora, para assim, tentar manter-se como potência hegemônica, então
Washington também está fracassando. E já não existe a tal “única superpotência”
que os EUA ainda fingem ser.
Especialistas
em política externa, nenhum deles contratado por qualquer dos dois grandes
partidos norte-americanos, já viram que Washington já trocou o “soft
power” pelas mais descaradas mentiras e os mais injustificados ataques
militares contra sete países muçulmanos, o “plano” de cercar a Rússia com bases
de lançamento de mísseis, e de cercar a China com bases aéreas, navais e
quartéis carregados de soldados.
Em
outras palavras, já nem Washington acredita na força moral de Washington. Restam
a força financeira e os exércitos – duas forças sempre insuficientes e que
também fracassarão.
Nem
Republicanos nem Democratas perguntaram por que os EUA estão em guerra contra
os muçulmanos, por
Israel.
Por
que norte-americanos são mandados à guerra, perdem pernas e braços, quando não a
vida, os EUA empobrecem, o déficit de guerra já é impagável, já comprometemos o
futuro de nossos filhos e netos... por Israel?!
A
resposta dos dois partidos é por a culpa pela bancarrota nacional no pouco que
Washington faz pelos norte-americanos mais pobres. A bancarrota dos EUA é culpa
da Seguridade Social, de Medicaid, Medicare, dos bônus de comida, dos
subsídios à moradia, das bolsas de estudo – de qualquer coisa e de tudo que
ajude mais os cidadãos que o 1%.
Em
resumo, a posição política dos dois partidos é clara: se você não é o 1%, você é
descartável.
Nos
dois casos, do Obamacare e do programa Republicano de tíquetes,
descartáveis são os norte-americanos que sofram de doenças terminais. Não
interessam. O que interessa é o equilíbrio orçamental. Velho morto é mais barato
que velho vivo. E mais dinheiro haverá para fazer guerras “de hegemonia” e
reduzir impostos a favor do 1%.
Que
povo, na história do mundo, foi algum dia piormente representado por seus
governos e partidos políticos, que os norte-americanos? O governo, nos EUA,
representa Israel e o 1%. O resto de nós somos
descartáveis.
Vote
em quem votar, seja qual for o Partido ou o candidato votado, quem votar nos EUA
em novembro estará votando a favor de Israel.
E
a favor do autodescarte.
Olha, muito bom o trabalhao de traduções de vcs. Sou leitor diário do blog e sempre reproduzimos artigos no DL ( site da Galiza e países lusófonos, sou um dos colaborados-editores que se tem no Brasil).
ResponderExcluirMas penso que seria interessante sempre dizer quem é o autor. Nem prescisa dizer se é comunista, republicano, etc, mas onde trabalha, que orgão acadêmico é vinculado e etc..
Prezado Sturt
ExcluirNão entendi bem sua questão uma vez que SEMPRE informamos o autor do artigo. Se você se refere aos tradutores faço notar que é um trabalho COLETIVO, sem tradutor determinado (nem todos residem no mesmo país) e que se alternam uns com outros dependendo da língua a ser traduzida. Noto também que a ESCOLHA do texto a ser traduzido também é esforço conjunto. As pessoas do Coletivo de Tradutores da Vila Vudu fazem esse serviço sem qualquer tipo de recompensa financeira. O DL assim como o sítio RESISTIR.INFO e/ou quaisquer outros podem e devem reproduzir textos/traduções deste blog desde que não por meio impresso sob risco de "copyright".
Esperamos ter esclarecido suas questões.
Castor