7/1/2013, Blog 7our, Argélia [excerto]
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Entreouvido
na Vila Vudu: É artigo do começo do
mês, mas, no mínimo, informa mais e melhor que a editoria “Internacional” do
Estadão e os “especialistas” (só rindo!) entrevistados pelo William Waack no
canal GloboNews (desligue JÁ!) e
ajuda a começar ver a confusão em que o “ocidente” se meteu, planejando resolver
tudo à bala e rapidamente... [pano rápido]
Embora
os Jihadistas do norte do Mali partilhem todos o mesmo substrato islamista
radical, esperava-se que o movimento Ansar Eddine (AD) de Iyad Ag Ghaly
mostrasse atitude mais moderada, depois que sua voz passou a ser ouvida no
conflito do Azawad. Era o que se ouvia de vários mediadores internacionais –
coordenados por Argélia e Burkina Faso – nas diferentes reuniões organizadas em
Argel e em Ouagadougou. Mas já se veem na região sinais de concentração de
número grande demais de diferentes correntes Jihadistas, o que
dificilmente deixará de incomodar a “comunidade internacional”.
No
início das negociações, Iyad Ag Ghaly aparecia como o bom interlocutor, que só
tinha reivindicações locais, que jamais tivera qualquer envolvimento com o
terrorismo internacional e que prometia lutar contra os narcotraficantes e o
crime organizado. Havia, até então, um fino traço que o separava de comandantes
do porte de Abou Zeid, chefe da Katiba [milícia] Ibn Ziad da Al-Qaeda no
Maghreb Islâmico (ing. AQIM), ou do veterano Mokhtar Belmokhtar que,
recentemente, separou-se da AQIM e fundou nova Katiba, “Irmãos de
Sangue”.
O
título desse artigo inspira-se num célebre filme western de Sergio Leone
(Il buono, il
brutto, il cattivo, 1966). Como nesse título, estamos
diante de três faces do Jihadismo:
uma que visa a garantir serviços públicos essenciais às populações dominadas,
dentre os quais o principal é a segurança de pessoas e bens; outra é a face da
brulalidade, inclusive o terror de uma justiça violenta e sumária que se
apresenta como a Lei da Xaria; e uma terceira face, da colusão com o crime
organizado e o narcotráfico.
Enquanto
alguns países falam de lançar ofensiva militar estrangeira sem ter esgotado
todas as possibilidades de resolução pacífica, outros interlocutores da
comunidade internacional insistem em que os malienses continuem a explorar todas
as vias de discussão. Mas nem Bamako, nem o movimento Ansar Eddine de Iyad Ag
Ghaly ou o Movimento para a Libertação do Azawad parecem considerar seriamente a
possibilidade de qualquer concessão. (...)
[de
13/1/2012, no mesmo blog]
Desde o início a França desejava intervir militarmente no Mali. A posição
francesa evoluiu ao longo das semanas (“liderar pela frente” à Hollande, ou
“liderar pela retaguarda” à Obama?). Por hora, a França tem o comando das
operações de guerra no Mali. Mas corre o risco de deixar-se iludir por algumas
vitórias militares, para, na sequência, ver-se engolfada num tipo de combate que
não conhece. Com os meios tecnológicos e o apoio norte-americano, pode até
“conter” os jihadistas no curto
prazo, mas, no prazo médio, não tem meios para “conter” a ideologia radical, nem
bloquear o avanço das ideias jihadistas. A chave desses combates está
no Mali: no Mali do norte, do centro e do sul. Good-bye, Afeganistão, alô Mali.
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