Raul Longo |
Escrito e enviado por Raul
Longo
Um
novo correspondente cumprimentou-me pelo humor empregado em uma análise que lhe
fiz sobre o emprenhamento pelo ouvido da mídia britânica ao se deixar engravidar
pela mesma osmose com que nossa mídia engravida o que ainda resta de classe
média brasileira estupidificada (a “crasse mérdia”).
Otimista,
comentei que ao longo dos últimos anos a gravidez prematura e oitiva entre nossa
classe média se reduziu sensível e proporcionalmente à ascensão da miséria
social das décadas anteriores. Mas lembrei que com essa crise internacional a
afetar os rendimentos especulativos das finanças inglesas, a Ilha Britânica tem
importado as barrigas de aluguel que empurram nossa
imprensa.
A "barriga"do Financial Times corroborada pela imprensa-empresa brasileira |
E
assim o Financial Times deixou
crescer o rotundo ventre da notícia sobre a fortuna do Lula. Mesmo reconhecendo
ser modesto o que lhe venderam como aferição dessa fortuna do ex presidente,
agora o FT se vê obrigado a praticar um aborto, caso queira manter a imagem de
casta donzela ludibriada pelo sedutor e irresponsável hacker contratado pela
política de oposição do Brasil, liderada pelo Grupo GAFE – Globo, Abril, Folha e
Estado de São Paulo, que conferiu ao Lula o que Lula nunca
possuiu.
Eliane inspirada |
Expliquei
ao correspondente que os ingleses adquiriram sêmen tão gorado quanto os que
inflam as barrigas de Eliane Cantanhêde, Carlos Sardenberg, Mirian Leitão e
demais donzelas dos peitos caídos da mídia brasileira.
O
correspondente diz ter rido muito, mas achei que seria mais honesto demonstrar
as origens e verdadeiras razões do meu humor, talvez não tão nobres quanto se as
possa imaginar. Contrito, compartilho essas explicações com os demais. Me
desculpem, mas é isso:
Acho
que essa coisa do humor aprendemos quando a ditadura militar transformou o país
num cárcere. Se chorasse apanharia, se desesperasse apanharia, se enlouquecesse
apanharia, se mantivesse a sobriedade apanharia e se risse apanharia também. Daí
muita gente resolveu apanhar rindo. De tanto rir, também houve quem morresse ou
desaparecesse. Não morreram propriamente de rir, mas ao menos morreram rindo. O
que não muda em nada o que há de tétrico na morte em mãos de uma ditadura, mas
pelo ao menos era uma opção e naqueles tempo haviam
poucas.
Sardenberg trabalhando |
Hoje,
sob os tacões da ditadura midiática exercida pelas 4 famílias do Apocalipse Now que nunca chega, mas se
alardeia a cada edição de diários, semanários, mensários e outros bestiários;
mantemos ainda a herança daqueles tempos em que se criou e se desenvolveu os
poderes dessas “famiglias”.
Poderia
aqui tergiversar por analogias e a coincidência do mesmo Francis Coppola que
dirigiu “O Poderoso Chefão” ter dirigido o “Apocalipse Now”, mas fiquemos em
minhas heranças da ditadura.
Digo
herança, mas às vezes me pergunto se não seria uma doença contraída naqueles
tempos? Uma dessas doenças psicossomáticas com as quais se tem de conviver pelo
resto da existência. Uma doença sem cura como a de um meu personagem, baseado em
um amigo real da Bahia. Homônimos, assim como seu modelo o personagem também ri
em momentos de nervoso e é rindo que, no conto, explica para alguém que
testemunha uma briga de capoeira o que nessas ocasiões ocorria ao Jair Dantas
real: “Não gosto de violência e fico nervoso só de ver briga de cachorro. E
quando fico nervoso não consigo segurar a risada”. Depois de desferir uma
pancada num adversário que imaginou aproveitar o momento de distração, o Jair do
conto arremata a explicação pra moça: “Rio de dó”!
Míriam Leitão sorrindo |
Veja
uma coisa: conseguirias imaginar algum governante que cumprisse dois mandatos
sem cometer erro algum, nenhuma falha, fazendo exclusivamente o melhor para um
povo, um município, um estado ou um país? Impossível! Esse super-homem não
existe e é evidente que ao longo de seus 8 anos de governo, Lula cometeu erros,
sim. Mesmo que não intencionais, mesmo que involuntários.
Se
Lula não houvesse cometido nenhum erro, hoje não teríamos qualquer miséria,
nenhum lavrador sem terra, nenhum trabalhador desempregado, nenhum menino sem
escola, nenhum doente sem atendimento ou em atendimento
deficitário.
Evidente
que, nem Lula, nem qualquer outro seriam capazes de em dois ou quatro mandatos
resolver todos esses problemas para os quais se fazem necessárias décadas de
sucessivos bons governos até que, num país desse tamanho e secularmente
espoliado, atinjamos níveis escandinavos. Mas são os problemas que sobraram a
ser resolvidos pelos sucessores do ex-operário.
E
o que deveria fazer sua oposição política que praticamente não mais existe ou a
jornalística que substitui aquela com idêntica incompetência? Como o Lobo Bobo
do clássico da Bossa Nova emprenham desavisadas chapeuzinhos vermelhos da mídia
inglesa, ao invés de conquistar quem mais interessa num processo político
democrático expondo a seus leitores e eleitores como resolverão esses problemas
se reconduzidos ao poder.
Insistem
na inócua e estéril tentativa de convencer que Lula teria feito o que todos os
governos anteriores ao dele fizeram: roubar e permitir roubar o patrimônio e os
recursos financeiros públicos.
FHC por Fraga |
O
que pretendem acusando Lula de ter roubado? O máximo a que conseguem chegar é à
conclusão de um meu vizinho que até 2003 foi antilulista militante por não
confiar na capacidade de um “semianalfabeto” para dirigir sequer grêmio
recreativo. De tanto falarem que o Mensalão foi o maior esquema de corrupção
política da história, desde aquela manipulação da mídia acabou considerando Lula
um gênio, baseando-se na comparação dos 8 anos anteriores ao 2003 quando com
todo o arrecadado pelas maiores privatizações já promovidas no país, o governo
FHC ainda triplicou nossa dívida externa com empréstimos trilhardários ao FMI. E, embora tenha
recebido um fundo de caixa do Tesouro Nacional com significativo salvo positivo,
o entregou com o maior déficit de sua história, deixando o Brasil com a pecha de
um dos maiores riscos de investimento no mundo e com progressivos e alarmantes
índices de aumento de juros, inflação e desemprego.
Se
esse cara pagou as astronômicas dívidas internacionais, repôs os prejuízos,
recuperou grande parte da sucateada infraestrutura, elevou as reservas nacionais
a valores jamais atingidos, resgatou ao país uma imagem internacional que nunca
teve e ainda elevou à classe média a maioria da população miserável, reduzindo o
desemprego a níveis recordes; prefiro um presidente semianalfabeto do que o mais
destacado acadêmico a ocupar o Palácio do Planalto. Agora, se além disso tudo
ainda me provarem que ele roubou, vou criar uma nova igreja, pois mais do que
gênio Lula é um milagre vivo. Algo como seria Jesus se além de repartir o pão,
ainda levasse um saco cheio para casa.
A
lógica do meu vizinho é tão evidente e simples, que por mais mal humorado fosse,
só rindo desses apocalípticos da mídia que tentando ser trágicos insistem
indefinidamente no gênero comédia pastelão.
E
desses que contrataram o hacker para
tentar descobrir o butim do roubo do Lula e acabaram encontrando o contrário do
que procuravam, como acontecia ao Jair, rio de dó!
Fantástico seu texto ,como sempre Raul! Li e cheguei à conclusão de que muitas vezes também rio de dó! Que dó tenho dos que não querem ver e enxergar a verdade!
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