terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Suspense na Venezuela



Publicado em 08/01/2013 por Mário Augusto Jakobskind*

E chegamos a 2013 com grandes expectativas quanto ao desenrolar dos acontecimentos. Nesta primeira semana do novo ano, a doença do Presidente Hugo Chávez ocupou grandes espaços midiáticos. Os analistas de sempre, sobretudo os mais conservadores, não escondem o desejo de ver o Presidente que introduziu o socialismo no século XXI fora de circulação. Alguns mais radicais falam de desligamento dos aparelhos para Chávez morrer e com destaque na mídia conservadora.

Editoriais de algumas publicações da mídia de mercado tecem considerações como se a República Bolivariana da Venezuela fosse uma republiqueta qualquer. Muito pelo contrário, trata-se de um país que, pelo menos desde a ascensão de Hugo Chávez, em 1999, deu saltos em matéria de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), moradias e fim do analfabetismo.

A Constituição da Venezuela vem sendo seguida em todos os seus detalhes e continuará sendo independente de Chávez assumir ou não o governo.

Não tem sentido, portanto, a recomendação do governo dos Estados Unidos sobre respeito à Constituição. A cúpula governamental estadunidense emite opinião como se na Venezuela não se respeitasse a Constituição.

O Vice Presidente Nicolás Maduro, indicado pelo próprio Chávez como seu sucessor, poderá enfrentar uma nova eleição, caso seja necessário.

O conservadorismo tenta “informar” sobre uma suposta divisão política entre e o vice presidente Maduro e o presidente da Assembleia Nacional Diosdado Cabello, reforçando o posicionamento da oposição derrotada nas urnas para Presidente e para os governos de Estado. Como se sabe, os aliados de Chávez ganharam em 30 dos 33 Estados.

Argentina: Clarín resiste à Lei dos Meios e Londres não falar das Malvinas

Nesta primeira semana do ano 13 do Terceiro Milênio, o primeiro-ministro britânico David Cameron reafirmou a posição colonialista negando-se a discutir a questão das Malvinas com a Argentina, território de que o Reino Unido se apoderou à força no século XIX.

De quebra, os meios de comunicação conservadores continuam a cruzada em defesa do Grupo Clarin, que não quer de jeito nenhum se adaptar a Lei dos Meios de Comunicação recorrendo à Justiça. O grupo midiático se nega a reconhecer a legislação aprovada pelo Congresso e que impede a existência de monopólio no setor midiático. Não quer se desfazer de meios de comunicação que controla, como exige a nova legislação para obedecer o critério de proporcionalidade entre os setores midiáticos público, privado e estatal.

A tática do Clarín é muita clara. Apelar à Justiça o quanto puder, para evitar a vigência da legislação e postergá-la até quando for possível, apostando numa derrota eleitoral do atual governo argentino. E a Justiça, dominada pelo conservadorismo, vai aceitando as justificativas do Clarín. Mas chegará um momento, segundo acreditam os analistas do setor, que o veredito final dará ganho de causa ao que foi decidido pelo Congresso e debatido pelo povo por mais de 3 anos.

Cuba: menor índice de mortalidade infantil

No Caribe, Cuba, em 2012, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), matéria esta divulgada pelo jornal Granma, teve o menor índice de mortalidade infantil do continente americano, na frente inclusive dos Estados Unidos e Canadá.

Para se ter uma ideia, no ano passado, o número de crianças mortas até o primeiro ano de vida foi de 4,6 para cada mil recém-nascidos. E tudo isso, apesar do bloqueio que afeta também a área de saúde de Cuba.

Política genocida contra os palestinos

No apagar das luzes de 20012, um fato divulgado pelo Centro Simon Wisenthal segue repercutindo até agora. Este Centro, que tinha por objetivo caçar nazistas acabou se tornando um defensor incondicional da política genocida contra os palestinos praticada pelo governo de Israel. Pois bem, o Centro publicou lista dos que considerou os dez mais antissemitas do mundo, cabendo o terceiro lugar ao cartunista brasileiro Carlos Latuff.

A entidade passou dos limites, porque misturou alhos com bugalhos. Colocou no mesmo nível Latuff, um militante do movimento social e defensor da causa palestina, ao lado de partidos de extrema direita e até de uma torcida de um clube de futebol racista localizado em um bairro de Londres. De quebra, como não poderia deixar de ser, colocou o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, na lista. O mesmo Ahmadinejad que tem boas relações com os judeus iranianos também críticos do sionismo.

Como o sionismo se nutre do antissemitismo, o Centro Simon Wiesenthal tornou-se então parceiro para toda obra do movimento. Está exatamente para isso, já que não tem mais nazista da 2ª Guerra Mundial vivo.

Ao colocar Latuff na lista demonstrou na prática que está no encalço dos que não aceitam a política que vem sendo executada pelo Estado de Israel.

De qualquer forma, todo cuidado é pouco, porque se acontecer algo com Latuff a responsabilidade é dos que o difamam.

Brasil: e o mensalão do PSDB?

Quanto ao Brasil, espera-se que depois de tantos meses do julgamento mensalão os Ministros do Supremo Tribunal Federal julguem os implicados do PSDB no mensalão. Resta saber qual será o comportamento dos meios de comunicação de mercado.
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Mário Augusto Jakobskind* é correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor, entre outros livros, de “América que não está na mídia”, “Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE”.

Enviado por Direto da Redação

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