29/7/2013, [*] MK Bhadrakumar, Indian Punchline
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Hassan Rouhani, presidente eleito do Irã |
A troca de comando em Teerã,
semana que vem, obriga a ver o Irã como o que realmente é naquele volátil
Oriente Médio –
um oásis de estabilidade.
O que torna possível a troca de comando é a legitimidade política do regime
iraniano e sua substancial base social, apesar do inevitável desgaste que lhe
advenha depois de décadas no poder.
Mahmoud Ahmadinejad |
Sabemos
assim que o presidente Mahmoud Ahmedinejad voltará à sua profissão
original, como professor universitário. Quanto
a isso, nenhum problema. A ironia é que a nova universidade propõe nova
especialização, em engenharia nuclear, decisão que, evidentemente, foi aprovada
pelo Líder Supremo, Ali
Khamenei.
O
presidente eleito, Hassan Rouhani está organizando seu gabinete e já
praticamente não há dúvida de que trará de volta Bijan Zanganeh – o velho bruxo,
ex-ministro do todo poderoso ministério do petróleo – para comandar os negócios
novamente – antecipando, presumivelmente, que a indústria precisa ser
modernizada, tecnologicamente atualizada, esperemos que com tecnologia e
investimentos ocidentais, de modo que o Irã possa afinal emergir como grande
exportador, esperemos, para o mercado ocidental.
Ali Akbar Hashemi Rafsanjani |
Evidentemente se vê a mão de
Rafsanjani na reconvocação de Zanganeh? Sim, sim, sem dúvida. A palavra
“pragmatismo” está em todos os lábios, o que explica o alto grau de interesse
entre os países regionais, todos interessados em comparecer à cerimônia de
posse, semana que vem. Representantes de 40 países já confirmaram presença, mas
todos os olhos estão postos em Riad, tentando adivinhar quem representará o
reino na posse, em Teerã – mas o jornal Asharq Al-Awsat
mantém o suspense.
Enquanto
isso, no ocidente, o debate continua.
Em termos gerais, pode-se dizer que já emergiram três linhas de pensamento –
além das previsões catastrofistas de Israel, segundo as quais Rouhani seria
“lobo em pele de cordeiro” (que ninguém está levando a sério).
Há um consenso geral segundo o
qual o evento Rouhani é evento positivo. As surpreendentes revelações, pelo
ex-embaixador da França em Teerã, Francois Nicoulland, segundo o qual o
currículo de Rouhani
como negociador nuclear iraniano
destaca seus talentos e, simultaneamente, descortina
amplas possibilidades para as próximas semanas, no front diplomático.
Bijan Zanganeh |
O
timing do artigo do New York Times é fascinante. Pode-se
praticamente garantir que o governo Obama conhece o conteúdo das revelações
trazidas à luz por Nicoulland.
Mesmo
assim, persistem os Santos Tomás da dúvida nos think-tanks
norte-americanos que insistem que Rouhani
não merece(ria) “confiança”
– signifique o que significar, porque diplomatas não costumam “confiar”
cegamente em ninguém. Andam claramente infelizes, agora que o governo Obama
começa a “engajar” o Irã. Mas essa linhagem de formadores de opinião está
perdendo prestígio. Começam a ser vistos como “o time B” de Israel.
Chama a atenção quanto a isso que
até o Financial Times, que jamais foi amigo do Irã, já tenha publicado
editorial audacioso, introduzindo a ideia de que o Ocidente terá de usar a
imaginação, em vez de continuar a provocar o Irã; que terá de ser racional e
conciliatório nas negociações passo a passo (ideia já proposta, de fato, por
Moscou). E o Financial Times reflete o pensamento
dominante em Londres e Washington.
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[*] MK Bhadrakumar foi diplomata de carreira do Serviço
Exterior da Índia. Prestou serviços na União Soviética, Coreia do Sul, Sri
Lanka, Alemanha, Afeganistão, Paquistão, Uzbequistão e Turquia. É
especialista
em questões do Irã,
Afeganistão
e Paquistão e escreve sobre temas de
energia e segurança para várias publicações, dentre as quais The Hindu, Asia Times Online e Indian
Punchline.
É o filho mais velho de MK Kumaran (1915–1994), famoso escritor, jornalista,
tradutor e militante de Kerala.
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