Publicado
em 23/07/2013 por [*] Mário Augusto
Jakobskind
Mais
uma vez o Rio de Janeiro foi palco de violência provocada pela PM e por
infiltrados em manifestações populares que não têm nada a ver com os jovens
manifestantes propriamente ditos. Desta vez o cenário foi o bairro do Leblon,
nas imediações do prédio onde mora o Governador Sérgio
Cabral.
Como
tem acontecido rotineiramente nos recentes protestos, as televisões cobriram
dando ênfase aos atos de violência protagonizados pelos mesmos infiltrados de
sempre.
A
Rede Globo, presente com seus helicópteros, conseguiu uma exclusiva terrestre de
encapuzados quebrando bancos e saqueando lojas na maior desenvoltura. Para
completar o cenário, barricadas de fogo eram feitas complementando o cenário de
horror. Estranhamente, dando margem a especulações das mais diversas, a Polícia
Militar, que de um modo geral só reprime jovens verdadeiramente manifestantes,
nada fez para evitar a baderna. Se quisessem, até os P2, os agentes da
inteligência da PM, sempre presentes nas manifestações em trajes civis, poderiam
evitar o que aconteceu e teve uma repercussão muito
grande.
Os
meios de comunicação de mercado, no Rio de Janeiro leia-se Organizações Globo,
fizeram a festa em matéria de manipulação da informação. No dia seguinte, o
Comandante da PM, Coronel Enir Ribeiro da Costa Filho, sem a menor cerimônia
informou que estava suspenso um suposto pacto formalizado com a OAB-RJ e Anistia
Internacional para evitar a repetição da violência indiscriminada da corporação
nas manifestações. O militar na prática avisava que a partir de agora a PM
agiria a sua maneira, ou seja, com o uso de armas não letais etc. e
tal.
Os
fatos ocorridos e a postura das autoridades levantam suspeitas segundo as quais
os atos criminosos no bairro do Leblon teriam sido permitidos exatamente para
mostrar à opinião pública como é importante a repressão policial e também
silenciar os críticos sobre a truculência da corporação, que obedece apenas a
voz de comando.
Nesse
sentido, são absolutamente hipócritas as afirmações das autoridades de que
alguns soldados serão punidos por excessos. O comando, leia-se sempre Governador
Sérgio Cabral, Secretário de Segurança, José Mariano Beltrame e o comandante da
PM, Coronel Enir Ribeiro da Costa Filho ficam isentos de qualquer
responsabilidade.
Esse
fato remete ao que analisou a pensadora (ela preferia ser assim denominada do
que filosofa) Hannah Arendt quando cobriu o julgamento do criminoso nazista
Adolf Eichmann, em Jerusalém, para um jornal dos EUA, no início dos anos 60.
Segundo ela, burocratas do gênero do referido criminoso, pessoas comuns e
aplicadas não pensam, apenas obedecem ordens de comando.
O
mesmo raciocínio se aplica aos integrantes da PM carioca, ou seja, fizeram o que
fizeram, ou deixaram de fazer, nas ruas do Rio de Janeiro simplesmente porque
obedeciam a voz de comando.
Esta
é uma realidade que não se deve fugir, por mais que as autoridades digam o
contrário e até ordenem a criação de comissão para investigar os acontecimentos
e se chegar aos infiltrados. Não seria necessária a tal comissão, se os agentes
P2 que participam das manifestações a sua maneira, fizessem algo muito fácil:
localizar os infiltrados.
E
cá entre nós, toda vez que as autoridades querem passar por cima
de contestações e questionamentos, nada melhor do que criar uma comissão, cujos
resultados geralmente são nulos. E por que Sérgio Cabral, ainda mais Sérgio
Cabral, faria diferente?
O
Brasil, sem dúvida, atravessa um momento delicado, com fatos que merecem uma
melhor análise, inclusive a origem dos próprios infiltrados, que na prática
criam um clima de instabilidade. A oposição de direita notoriamente se assanha e
vê a oportunidade de práticas mais ostensivas e duras.
Por
estas e muitas outras, todo cuidado é pouco, porque em fatos históricos
passados, esses mesmos setores foram responsáveis por retrocessos políticos que
infelicitaram o país e nunca abandonaram a ideia de repetir, mesmo como farsa, o
que fizeram em outras oportunidades.
Falta
de comunicação –
O sistema de comunicação do governo Dilma Rousseff é nulo. Por que a Secretaria
de Comunicação não informa que estão sendo construídos 818 hospitais em todo o
país? É importante esta informação sobretudo neste momento em que multidões
estão nas ruas protestando, entre outras coisas contra a deterioração das
condições de atendimento nos hospitais públicos.
Quanto
aos médicos estrangeiros, vale uma observação: em anos passados estiveram no
Estado de Tocantins vários médicos cubanos, que conseguiram reduzir o índice de
mortalidade na região. Os médicos provavelmente não tinham equipamentos mais
sofisticados para o atendimento. Usavam os estetoscópios e assim
sucessivamente.
Por
que não perguntar aos brasileiros que residem no interior ou nas periferias das
grandes cidades se querem médicos estrangeiros no
atendimento?
Em
tempo
- Dois comunicadores da TV Ninja, um espaço alternativo que transmite ao vivo as
manifestações de protesto no Rio de Janeiro foram presos no dia da chegada do
Papa Francisco. A PM de Sérgio Cabral levou para a delegacia do Catete os
comunicadores que informavam pela web a cerca de 10 internautas.
Foi,
sem dúvida, uma afronta à liberdade de imprensa. Onde andará a Sociedade
Interamericana de Imprensa (SIP) para condenar mais este ato de violência do
Governo do Estado do Rio de Janeiro?
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[*] Mário
Augusto Jakobskind é correspondente no
Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da
Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o
Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor, entre outros livros, de
América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE.
Enviado por Direto
da Redação
Acho q a violencia é iniciada pelos vandalos e nao pelos pms ou manifestantes... tem uma galera ali q apenas quer o caos
ResponderExcluirSe foi como vc diz cabe a PM isolar os vândalos (infiltrados)... E PROTEGER os manifestantes. Foi isso que o Mário quis dizer. Mas NÃO foi isso que ocorreu. PMs mal pagos (além da PM ser uma excrescência) e MAL treinados fizeram o que fizeram. TUDO ERRADO. Aliás, a Mídia Ninja mostrou exatamente isso.
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