terça-feira, 30 de julho de 2013

O país vai bem, mas a MÍDIA vai mal

[*] Raul Longo

MILICANALHAS
Nos anos 70 o então ditador Gen. Emílio Garrastazu Médici, compôs sua mais famosa frase: “O país vai bem, mas o povo vai mal”.

Ao exemplo da de outro ditador imposto pelas armas que sustentavam aquele regime, o Gen. João Batista Figueiredo que afirmou preferir “... o cheiro dos cavalos ao cheiro do povo”, a frase de Médici se tornou famosa pela impropriedade de raciocínio a quem pretende governar uma nação.

Estupidez é algo que sempre obtêm grande repercussão no Brasil e Médici se notabilizou como tal por esta absurda afirmação. Quem mais concluiria ser possível um país ir bem se o seu povo vai mal, além de um general brasileiro dos tempos da ditadura militar?

Só mesmo um jornalista como Clóvis Rossi, da Folha de São Paulo, que para comentar das manifestações de junho inverteu a idiotice proferida pelo general, demonstrando que nesta frase a ordem das assertivas não disfarça a estupidez de quem a profere, pois quem além de Rossi poderia afirmar que “O povo vai bem, mas o país vai mal”?

O que é um país para Clóvis Rossi ou para Garrastazu Médici? Como pode um povo ir bem, se o país vai mal, ou vice-versa?

Médici
Garrastazu Médici também dizia que se sentia feliz por não ver, na época, o Brasil incluído nos noticiários sobre os problemas mundiais. Outra estupidez grosseira, pois enquanto os patrões da Folha de São Paulo do Clóvis Rossi emprestavam veículos da empresa para a repressão política do governo de Médici, aqueles mesmos repressores “suicidavam” todo jornalista que ousasse noticiar a realidade brasileira, importunando as fantasias do ditador. Como aconteceu com Vlado Herzog.

O país não ia bem coisa alguma. O “Milagre Brasileiro” decantado pela grande mídia da época logo se confirmou o que nunca deixou de ser: “O Inferno Brasileiro” que levou a vida de milhares de jovens e trabalhadores, enterrou a nação em dívidas externas e promoveu um dos maiores índices mundiais em pobreza e miséria.

Um país só vai bem quando seu povo vai bem. Se o povo vai bem, evolução de serviços prestados à população, da infraestrutura para melhorar a qualidade de vida, o combate a corrupção e demais reajustes para permanente desenvolvimento social, inclusive os políticos, serão consequências da maturidade nacional como um todo: povo e país.

A melhoria no atendimento à saúde da população já era uma providência anterior às manifestações que apenas a legitimaram, derrubando a obstrução da contratação de médicos estrangeiros proposta pelo governo porque o Brasil vai bem. Se o país vai bem é possível ao governo estender e aperfeiçoar o atendimento de saúde a todo o povo brasileiro, mesmo àqueles que não se enquadram nos interesses da categoria formada aqui no Brasil. É o que ocorre com o Reino Unido. Se a crise europeia perdurar e se aprofundar, o governo britânico não poderá mais manter os 40% de estrangeiros que compõem seu corpo médico. Se a Inglaterra for mal, ingleses e irlandeses do norte também irão mal.

E se o atendimento à saúde do brasileiro não melhora, é porque certos políticos se portam mal tornando cada proposta em benefício da saúde da população uma contenda congressual.

O radical projeto do governo para o combate à corrupção, criminalizando-a ao nível de homicídio por motivos fúteis ou estupro, foi formulado há dois anos exatamente porque o Brasil está bem e a compreensão do brasileiro sobre o problema melhorou muito desde o tempo em que corruptos eram eleitos sob o cínico e falso axioma do “rouba, mas faz”. Se nenhum corrupto foi condenado por prática de crime hediondo, é porque no congresso maus políticos sentaram em cima do projeto do governo.

Esses mesmos políticos são os que agora impedem o plebiscito proposto pela Presidenta. Não querem o plebiscito para não permitir que o povo seja conscientizado de que só o financiamento público de campanha eleitoral evitará maiores prejuízos à população e ao país que resultam na ausência de evolução da infraestrutura, na degradação dos serviços prestados à sociedade.

Por exemplo, no que se refere à mobilidade urbana. Para se descobrir porque não se expande e não moderniza, não apresenta novas e melhores opções, bastaria se conhecer o quanto os monopólios de empresas de transporte coletivo investem nas campanhas municipais, atrelando os prefeitos eleitos aos seus interesses em detrimento aos dos eleitores.

E os grupos políticos que impedem profundas e sensíveis melhorias no cotidiano do brasileiro, que se esforçam para que o povo vá mal e com isso o país ir mal para tornar a se locupletar entregando os potenciais nacionais pelo comissionamento dos interesses estrangeiros, são exatamente os apoiados pela mídia.


Apoiados pela Editora Abril, pelos veículos da Editora Globo e emissoras da Rede Globo, pelo jornal O Estado de São de Paulo e pelo jornal Folha de São Paulo para o qual escreve Clóvis Rossi. São apoiados por toda a grande mídia brasileira associada ou afiliada a estas empresas que, com a melhoria da situação do país e do povo na última década, vão mal. Muito mal.

Tão mal que já começam a sonegar importâncias milionárias em impostos. Milionárias? Somando-se as da Rede Globo e de sua afilhada RBS a dívida aos cofres públicos alcança volume bilionário com o qual se poderia investir em melhorias na infraestrutura do sistema de atendimento à saúde, ou no transporte e na mobilidade urbana, em efetivos da Polícia Federal para combater a corrupção e muito mais do que a vã e fútil cogitação do Clóvis Rossi e dos manifestantes de junho possam imaginar.

Eduardo
Guimarães
Mas se o país vai bem porque o povo vai bem e vice-versa, por que as gigantescas manifestações de junho?

Quem responde com muita propriedade, “mostrando a cobra e matando o pau”, é o empresário Eduardo Guimarães. Leia-se atentamente o que ele escreveu para entender porque esses manifestantes, em grande maioria com idade por volta de 20 anos e sem possibilidade de memória de quando país e povo iam mal antes de terem completado 10 de existência, tomaram as ruas dos grandes centros do Brasil.

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[*] Raul Longo - Nascido em 1951 na cidade de São Paulo, atuou como redator publicitário e jornalista nas seguintes capitais brasileiras: São Paulo, Salvador, Recife, Campo Grande e Rio de Janeiro, também realizando eventos culturais e sociais como a “Mostra de Arte Sulmatogrossense”, (Circulo Cultural Miguel de Cervantes/SP), “Mostra de Arte Latinoamericana” (Centro Cultural Vergueiro/SP) e o Seminário Indigenista (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul/CG). Premiado em concursos literários nacionais promovidos pelo Unibanco, Rede Globo e Editora Abril; pelo Circulo Cultural Miguel de Cervantes; e pelo governo do Estado do Paraná. Publicou Filhos de Olorum – Contos e cantos de candomblé pela Cooeditora de Curitiba, e poemas escritos durante estada no Chile: A cabeça de Pinochet, pela Editora Metrópolis de São Paulo. Obteve montagem de duas obras teatrais: Samba/Jazz of Gafifa, no teatro Glauce Rocha da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, em Campo Grande; e Graças & glórias nacionais, no Centro Cultural Vergueiro, em São Paulo. Atualmente reside em Florianópolis, Santa Catarina.

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