domingo, 11 de julho de 2010

Adivinhe quem vem para jantar

GilsonSampaio no domingo 11 de julho de 2010

Segundo dados da FGV sobre credibilidade das nossas instituições, a Justiça ocupa o sétimo lugar e o Congresso vem logo a seguir.

Era um, era dois, era cem… ( com pedido de desculpas a Capinam que começa a sua bela Ponteio, musicada por Edu Lobo, com este verso). Mas é assim que deve ser contado o descaso das duas instituições para com a população.

Escândalos sucessivos são denunciados na midiazinha sem-vergoinha e parece que se referem a um universo paralelo, à outra dimensão. Indignações infladas de hipocrisia e cinismo escorrem mal-cheirosas da boca das autoridades e terminam no mantra de sempre: “Vamos investigar e os culpados serão punidos”. Interesses não tão ocultos e/ou outro escândalo assume a ribalta e oculta o antecessor. Tinha um amigo que dizia uma coisa engraçada sobre as estradas vicinais por onde andava: “A estrada tem tanto buraco, mas tem tanto buraco, que tem buraco no barranco esperando a vez de descer para a estrada, tem uns que até voltam para o barranco”. Assim também acontece com nossos buracos-escândalos. Mas a estrada mantém-se … esburacada.

1 – A foia ditabranda revela mais uma bondade do Senado com o nosso dinheiro.

técnico informática

ensino médio

R$ 16mil/mês

auxiliar de segurança

ensino fundamental

R$ 13,7 mil/mês

analista comunicação social

?????

R$ 18mil/mês

Efraim Morais, senador pelo Demo, foi denunciado por duas estudantes que foram usadas como funcionárias-fantasmas. E não foi só ele. Até agora, não houve punição.

Quantas professoras primárias, policiais, professores universitários, médicos, e profissionais de outros ramos ganham salários semelhantes no mercado ou nas empresas e fazendas dos senadores?

Os gastos do senado atingirão a astronômica marca de R$ 500.000.000,00 (quinhentos milhões de reais/ano). Isto mesmo, meio bilhão de reais sob administração dos nossos ‘nobilíssimos’ senadores.

2 – Salvatore Cacciola, banqueiro e ladrão (desculpem-me a redundância), está prestes a deixar a cadeia beneficiado pelo regime de progressão. Foi condenado a 17 anos por roubo de dinheiro público. Cumpriu 2 anos e 10 meses, depois de ter fugido do país, graças a um providencial habeas corpus do ministro Marco Aurélio de Mello, e ter sido capturado sete anos depois em Mônaco, gozando lua-de-mel. Ironia do destino, o vice de Zé Pedágio é ex-genro de Cacciola. Índio da Costa tem sangue nas veias. É sobrinho do dono do banco Cruzeiro do Sul, envolvido, oh!, num escândalo dos empréstimos consignados no senado. O banco foi descredenciado. Índio tem se empenhado para limpar a barra do banco para que venha a ser credenciado novamente.

É a democracia que temos, e pode piorar muito mais com a improvável vitória de Zé Pedágio. Afinal, São Paulo por ser mais pujante não se contenta com simples buracos, lá, os buracos-escândalos são buracos negros. Bastar lembrar o buraco do metrô, o roubanel, os pedágios, os contratos com a Editora Abril, as dezenas de CPI’s engavetadas … foram todos sugados e desapareceram para sempre.