quarta-feira, 21 de julho de 2010

Empresas que matam

O Jornal de Negócios revela que Anthony Ward, corretor de matérias primas, num só dia e com uma só operação, comprou 15 mil milhões de tabletes de chocolate, o equivalente a todo o cacau armazenado na Europa.

Pergunta o sagaz diário econômico: "Será manipulação?"

Nãoooooooo! É que o rapaz é um bocado guloso, só isso.

Abandonamos este "jornalismo de investigação" português mas continuamos a falar de comida. Organismos Geneticamente Modificados. Já ouviram? Claro que sim.

Silvia Ribeiro, investigadora do Grupo Etc, conta quem são as seis empresas que controlam o mercado dos transgênicos.

Transgênicos e crime organizado
Todas as sementes transgênicas existentes são controladas por seis empresas: Monsanto, Syngenta, DuPont, Dow, Bayer e BASF. São empresas químicas multinacionais que tomam posse das companhias que tratam grãos para controlar o mercado agrícola: vendem sementes que se ligam aos componentes agro-tóxicos que produzem (herbicidas, insecticidas, etc) ..

Além da Monsanto, já considerada como o "vilão" global, todas têm um histórico criminal que inclui, entre outros crimes, graves desastres ambientais e crimes contra a vida humana. Todas, uma vez descobertas, têm procurado evitar as próprias culpas, tentando deformar a realidade com mentiras e / ou corrupção. Autorizar os OGM significa entregar as decisões próprias nas mãos de um punhado de empresas multinacionais que atuam em conformidade com a necessidade do próprio lucro. Além disso, permitem que a plantação de OGM significa entregar as sementes, os agricultores e a soberania alimentar à um bando de criminosos em grande escala. Crime organizado, legal.

Recentemente, um tribunal da Índia pronunciou-se, após vinte anos de pedidos da parte lesada, num caso que envolve uma dessas empresas: Dow. Vamos falar sobre um dos piores acidentes de trabalho da história: uma enorme fuga "acidental" de gás tóxico na fábrica de agro-tóxicos Union Carbide em Bhopal, na Índia, em 1984. As comissões dos sobreviventes estimam que morreram mais de 22.000 pessoas e 500.000 tiveram consequências permanentes. 50.000 estão tão doentes que não podem trabalhar para viver. Estudos recentes confirmam que também os filhos foram vítimas de danos. A percentagem das deformações nos nascimentos em Bhopal é 10 vezes maior do que o resto do País, a frequência de câncer é muito maior que a média. A água de mais de 30.000 habitantes de Bhopal ainda está contaminada pela fuga de gases. As vítimas e os familiares têm lutado há décadas, para receber curas, o pagamento das despesas médicas de pessoas afetadas, a limpeza do local e para levar à justiça os responsáveis.

Dow adquiriu a multinacional Union Carbide em 2001. Foi uma suculenta expansão na lucrativa venda lucrativa de agentes tóxicos e uma maneira de continuar os negócios, livrando-se da péssima reputação causada pelo acidente. No âmbito do acordo de compra, a Dow deveria ter suportado todas as responsabilidades da União-Carbide. Dow tinha orçado em 2 bilhões 200 milhões de Dólares como potencial compensação para o caso do amianto nos Estados Unidos, mas nem um Dólar para pagar as indenizações da Índia, mostrando que para eles as vidas das pessoas nos Países do sul do mundo não têm importância . Nunca apresentou-se em tribunal na Índia. Na verdade, tomou uma atitude agressiva perante as vítimas, exigindo indenizações de milhares de Dólares a quem manifestasse fora da sede da empresa.

No dia 08 de Junho de 2010, um tribunal emitiu uma sentença acerca de oito dirigentes da União Carbide. A sentença par os responsáveis da morte de 22 000 pessoas é um feroz cinismo: dois anos de prisão e cerca de 2.000 Dólares em multas para cada um deles, embora nenhum dos seis sistemas de segurança da fábrica estivessem em funcionamento, simplesmente para poder reduzir os custos. Warren Anderson, presidente da Union Carbide, na altura da explosão e principal responsável pelo acidente, fugiu para os Estados Unidos, onde continua a viver no luxo, protegido contra os pedidos de extradição pelos advogados da Dow.

Longe de ser um caso isolado "de uma sociedade diferente", a Dow já estava familiarizado com o genocídio. Produziu o napalm usado no Vietnam e compartilha com a Monsanto a produção do Agente Laranja, também substância tóxica usada no Vietnam e que ainda causa deformações nos netos das vítimas. Mesmo naquele caso, Dow e Monsanto tentaram evitar qualquer indenização, ao pagar no fim uma pequena multa. Mais recentemente, a Dow foi condenada num julgamento por ter vendido e promovido, embora ciente das consequências graves, o agro-tóxico Nemagon (DBCP) em vários Países latino-americanos; substância que causou esterilidade nos trabalhadores das plantações de banana e defeitos de nascimento nos filhos deles. Esses horrores não são excepção, mas normalidade nas empresas dos OGM, que habitualmente desprezam a vida humana, a natureza e o ambiente para aumentar os próprios lucros.

É preciso lembrar, por exemplo, que a Syngenta cultivou ilegalmente milho transgénico em áreas naturais protegidas no Brasil e, posteriormente, perante os protestos do Movimento dos Sem Terra, contratou uma milícia armada que atirou e matou um membro do Movimento. Monsanto está agora a tentar explorar a tragédia provocada pelo terremoto no Haiti para forçar a contaminação e a dependência do País com as sementes modificadas. A DuPont continuou a vender agro-tóxicos, já proibidos nos Estados Unidos, como a Lanna (merhomyl), no Equador, Costa Rica e Guatemala, onde causou a intoxicação de milhares de camponeses. BASF e Bayer foram acusados de crimes similares.
Deixamos aqui uma ligações para obter mais informações acerca de alguns aspectos relatados no artigo:

El Parque de las Hamacas acerca do caso das plantações da banana em Sul América (em Espanhol)
Bophal.Net o caso da empresa indiana (em Inglês)
quarta-feira, 21 de Julho de 2010


Traduzido, Editado e Comentado por: Informação Incorrecta