quarta-feira, 21 de julho de 2010

Grande demais para ser salvo

Henry CK Liu, “THE POST-CRISIS OUTLOOK” (Part 5)[1]Abril, 2010, Asia Times Online

Traduzido por Caia Fittipaldi

Henry C K Liu é presidente de um grupo privado de investimentos, com sede de Nova York. Publica em http://www.henryckliu.com.

“Um dos efeitos do resgate dos grandes bancos pelo governo Obama na atual crise financeira iniciada em 2007, pode ser que muitos dos mais de 8.000 pequenos bancos comunitários acabem absorvidos pelos quatro superbancos. Agora, segundo informes recentes, o JPMorgan Chase controla mais de 1 dólar de cada 10 dólares depositados nos EUA. Os quatro maiores superbancos (JPMorgan Chase, Bank of America, Wells Fargo e Citibank) vendem hoje uma de cada duas hipotecas e cerca de dois de cada três cartões de créditos existentes nos EUA.”

Há quem diga que o filho legítimo da guerra é a revolução; e o filho bastardo é a inflação. Foi assim, na I Guerra Mundial. O conflito levou à emergência da democracia social como instituição política legítima, em substituição às monarquias europeias. Entre as economias coloniais do mundo, emergiu o comunismo em substituição ao colonialismo imperialista ocidental.

Na Europa, o socialismo foi a plataforma sobre a qual floriu a democracia. Fora da Europa, no mundo colonizado, o comunismo foi a plataforma sobre a qual o nacionalismo ascendeu ao poder do Estado, a partir de uma elite feudal que se converteu em compradora do capitalismo ocidental. O comunismo nacionalista foi a arma política de que as massas oprimidas serviram-se para combater o colonialismo ocidental.

Resultado da I Guerra Mundial, duas das maiores nações do mundo, Rússia e China, encontraram no comunismo o veículo efetivo para criar uma nova sociedade mediante a qual reviveram o passado de glórias e a partir do qual se lançaram para nova fase de desenvolvimento socioeconômico e político. Mas na China o imperialismo ocidental continuou a dominar a nação enfraquecida, mesmo depois de a monarquia feudal decrépita ter sido derrubada em 1911 por uma revolução social-democrata que visava a estabelecer uma república inspirada nos ideais do presidente Abraham Lincoln dos EUA de governo do povo, pelo povo e para o povo, e mesmo depois de o Ocidente imperialista já ter evoluído, em casa, para uma democracia liberal. O imperialismo ocidental persistiu na república chinesa por mais 38 anos, até que os comunistas chineses chegaram ao poder do Estado em 1949, quatro anos depois de a II Guerra Mundial ter acabado na Ásia.

60 anos depois de fundada a República Popular da China, o comunismo fracassou na União Soviética, em 1991, enquanto o comunismo com características chinesas continua a prosperar na China. A razão pela qual o comunismo chinês não fracassou está em que os conceitos socialistas sempre foram operados na China, ao longo de toda a história, e o que a China importou do marxismo ocidental não substituiu a cultura sociopolítica chinesa de harmonia comunitária, derivada de ritos sociais e relações hierárquicas prescritas tradicionalmente.

A cultura chinesa sempre manteve a comunidade como núcleo da vida social, em contraste com a cultura ocidental pós-Reforma, que tudo centrou no indivíduo. O filósofo chinês Mencius (372-289 a.C.) já sabia que nação que se mova pelo lucro põe em risco o próprio bem-estar; melhor fundamento sempre será o renyi, conceito chinês sem tradução perfeita no ocidente, e que equivale, aproximadamente, à atenção as relações humanas decentes, a defesa da justiça, da fidelidade e da humanidade, exatamente no sentido que o ideal socialista deu a esses termos. O marxismo só fez acrescentar uma dimensão contemporânea a um saber chinês tradicional que se expressa na palavra renyi e que ajudou a Ch ina a não se deixar seduzir pelo capitalismo ocidental expansionista e a resistir efetivamente ao neoliberalismo.

EUA: o movimento popular pós Guerra Civil

A Guerra Civil nos EUA não evolui para uma união fraterna de perdão mútuo e de reconciliação, como Lincoln ainda esperava que acontecesse ao recomendar um pós-guerra “sem preconceitos contra ninguém, com caridade para todos.” O norte vitorioso tratou o sul vencido como território conquistado, com mais fúria do que os EUA vitoriosos trataram a Alemanha e o Japão derrotados depois da II Guerra Mundial. Em vez de reconstruir o sul destruído, os do Norte só cuidaram de reconstruir as instituições necessárias para impedir que o sul voltasse a pensar em rebeldias.

O Norte foi indiscutivelmente a força agressora, o que se vê muito claramente no fato de que todos os combates travaram-se em território sulista. Resultado disso, a economia do sul foi destruída pela guerra, ao mesmo tempo em que a economia do norte industrializado prosperava com a economia de guerra. Não havia um único banco solvente no sul: toda a poupança do sul foi consumida para financiar a guerra. Depois do conflito, o Tesouro Federal ordenou o confisco das propriedades do governo confederado, mas recusou-se a assumir as dívidas de guerra. Agentes nortistas corruptos saquearam indiscriminadamente o sul. Ao contrário, as dívidas de guerra do Norte foram honradas, graças a taxação sobre toda a economia, inclusive sobre o sul.

No segundo ano da Guerra Civil, o Congresso aprovou o National Banking Act [Lei Nacional dos Bancos] em 1863. Embora o objetivo imediato da lei fosse vender bônus de guerra para financiar a campanha dos nortistas, serviu também para criar um papel moeda nacional. Bancos que compravam bônus de guerra em quantidade correspondente a 1/3 do capital tinham o direito de solicitar autorização para operar em todo o país. Desde o período de Jackson, a supervisão dos bancos era encargo dos estados. Em 1860, mais de 1.500 bancos emitiram títulos, muitos dos quais só eram aceitos com altos descontos.

O novo sistema bancário estava longe da perfeição. A moeda que oferecia não era suficientemente elástica para atender às necessidades da economia em expansão. Quando o governo federal recomprou os bônus de guerra depois da guerra, a quantidade de dinheiro circulante diminuiu, o que causou deflação que criou dificuldades para os devedores, como os fazendeiros do sul e do oeste do país. O capital financeiro tendeu a concentrar-se no nordeste. Os fazendeiros do sul e do oeste continuaram a sofrer carência crônica de dinheiro e de crédito. Essa situação continuou até que se criou um banco central em 1913, o Federal Reserve.

Ao sul só restava, como único patrimônio, a fertilidade da terra. Muitos esperaram que a economia começasse a recuperar-se na primeira safra colhida de algodão. Mas a produção de algodão em larga escala não foi possível até que o sistema financeiro fosse restaurado e os escravos voltassem ao mesmo trabalho, já então como mão de obra assalariada. Centenas de milhares de ex-escravos haviam lutado no exército do Norte e foram informados de que a Guerra Civil lhes garantiria plena liberdade. Livres, vagavam sem rumo pelo norte e pelos novos territórios do oeste. Entenderam que a nova liberdade significaria que não teriam de trabalhar para os ex-patrões. Muitos se decepcionaram, ao descobrir que a esperança de que o governo da União lhes daria terra para plantar como proprietário não passava de fantasia. Analfabetos e despreparados para sobreviver como operários muitos morreram de fome e frio, no norte, no início da primavera de 1865.

Em março, o governo federal organizou o Freedmen's Bureau [gabinete dos libertos], para dar comida, teto e cuidados médicos aos indigentes, mas não pensou em criar empregos para trabalhadores. Operários brancos no norte não queriam a concorrência dos negros do sul que se interessaram por trabalhar em troca de salários de fome. No sul, alguns planos para criar empregos para os ex-escravos foram interpretados por nortistas radicais como esquemas para recriar a escravidão.

O norte dividiu-se nas políticas dirigidas ao sul: ou garantir ao sul seus plenos direitos constitucionais, ou tomar precauções para que não voltassem a ocorrer disputas secessionistas. Os radicais do norte queriam subjugar permanentemente o sul, destruindo a estrutura tradicional de poder da plantation e estabelecendo a igualdade de direitos para brancos e negros. De fato, embora a questão constitucional dos Direitos dos Estados tenha sido a causa da secessão, não foi a causa da Guerra Civil. Na prática grupos minoritários do noroeste, como a Nova Inglaterra na Guerra de 1812, serviram-se dos argumentos da disputa pelos direitos dos Estados para limitar o poder federal.

A razão que levou à secessão sulista foi completamente diferente da razão que levou o norte a declarar a Guerra Civil. O sul, declaradamente, se levantou em secessão para preservar a instituição da escravidão, considerada vital para sua estrutura socioeconômica. Declarações oficiais do sul oferecem a secessão como resposta legítima à violação, pelos nortistas, dos direitos dos sulistas, ao excluí-los dos novos territórios, ao recusar-se a devolver escravos fugidos e por ameaçarem diretamente a própria instituição da escravidão.

O norte conseguiu evitar a secessão pela força, para preservar a União; e por razões políticas e econômicas, não para abolir a escravidão, mesmo que a abolição possa talvez ter sido resultado da guerra. O próprio Lincoln repetidamente marcou essa diferença; e pessoalmente não foi abolicionista. Do ponto de vista do norte industrializado, uma Confederação Sulista independente, ligada aos britânicos, privaria o norte de parte significativa de seu mercado doméstico cativo.

O Congresso só voltou a reunir-se em dezembro de 1865, nove meses depois do fim da guerra. Até aquele momento a reconstrução foi feita sob controle exclusivo do braço executivo. Andrew Johnson sucedeu Lincoln, assassinado em abril, e deu andamento ao programa de reconstrução conciliatória de Lincoln, que sofria oposição dos Republicanos Radicais.

Alguns radicais eram ideólogos, para os quais a Guerra Civil fora guerra para abolir a escravidão. Outros radicais apenas usavam a abolição como pretexto para preservar o controle político pelos Republicanos e para apertar o controle, pelo norte, sobre toda a economia. Se se permitisse que o Sul voltasse à União nos termos de Lincoln, então a dominação pré-guerra, pelo Partido Democrata, seria restaurada e venceria as eleições seguintes, desalojando do governo federal os Republicanos.

As indústrias do norte e os bancos queriam que as tarifas fossem reduzidas para permitir a concorrência estrangeira. E o livre mercado levaria o sul a vender mais algodão para a Inglaterra e a formar uma aliança com o capital britânico, para enfrentar o norte. O norte temia que a dívida interna guardada nos bancos do norte viesse a ser ignorada por um congresso Democrata controlado por políticos sulistas, exatamente como a dívida dos Confederados havia sido repudiada pelo Congresso Republicano controlado por nortistas. O Congresso então seria outra vez controlado pelo sul agrário e excluiria o norte de todos os benefícios econômicos resultantes de ter vencido a guerra. Políticos em campanha buscavam o apoio de Republicanos para ‘adotar’ ex-escravos, com vistas a ganhar votos no s estados do sul, com suas grandes populações negras.

Mesmo assim, apesar da motivação bem distante da pura moralidade, os radicais republicanos conseguiram fazer aprovar a 14ª Emenda à Constituição, dia 9/7/1868, um ano depois de terminada a Guerra Civil. A emenda deu ampla definição de cidadania, cancelando a decisão da Suprema Corte no caso Dred Scott v Sandford (1857), que excluíra os escravos e descendência de qualquer direito constitucional. Naquele caso, a corte discutiu se, no momento em que a Constituição fora ratificada, o ex-escravo Scott podia ser considerado cidadão de algum estado dos EUA, nos termos do artigo III da Constituição.

Segundo a Corte, os autores da Constituição haviam definido claramente quais seres classificavam-se na categoria “raça negra”:

“seres de ordem inferior, absolutamente impróprios para qualquer associação com a raça branca, ou para relações sociais ou políticas e, portanto, tão inferiores que não tinham nenhum direito que o homem branco devesse respeitar.”

A interpretação estrita desse artigo da Constituição, como o interpretavam os Democratas do sul, negava aos negros todos os direitos constitucionais e civis; e continuaria vigente, mesmo que a situação política se alterasse.

A 14ª Emenda introduziu a “Cláusula do Devido Processo”, pela qual grande parte da Lei dos Direitos passou a aplicar-se nos estados. A mesma cláusula também foi usada para reconhecer direitos assegurados pelo devido processo, como direitos parentais e de casamento e direitos assegurados pelo devido processo legal de investigação, caso em que se exige que todos os passos legais do processo sejam devidamente cumpridos antes de que uma pessoa perca o direito à vida, à liberdade ou a propriedade.

Outra cláusula da 14ª Emenda, a “Cláusula da Igual Proteção”, passou a exigir que os estados assegurem igual proteção da lei a todas as pessoas que vivam no território legal. Essa cláusula, adiante, serviu de base no julgamento de Brown v Ministério da Educação (1954), quando decisão da Suprema Corte precipitou o desmonte da estrutura de segregação racial nos EUA e abriu caminho para a Lei dos Direitos Civis de 1964.

A revolta agrária

Ao final dos anos 1880s, duas décadas depois do fim da Guerra Civil, pequenos fazendeiros do sul começavam a organizar uma resistência contra a dominação dos grandes proprietários e industriais do Norte. Fazendeiros do sul queriam preservar para eles parte maior da riqueza que produziam, para investir em escolas e estradas locais e outras melhorias, além da organização de um sistema político mais democrático. O descontentamento dos fazendeiros era resultado do controle financeiro pelo norte e da exploração da economia agrária do sul, com manipulação do mercado de commodities, que levou os preços do algodão a cair pela metade, até chegar a 5,8 centavos por pound entre 1894-97.

A National Farmers' Alliance [Aliança dos Fazendeiros do Sul], também conhecida como Southern Alliance [Aliança Sulista], foi formada no Texas em 1875, dez anos depois do fim da Guerra Civil. Cresceu rapidamente, até reunir mais de 3 milhões de membros. Organização contemporânea, a Colored Farmers' National Alliance [Aliança Nacional dos Fazendeiros Negros], reunia mais de um milhão de filiados. Essas alianças defendiam medidas que beneficiassem os fazendeiros e buscavam apoio nos trabalhadores do norte industrial. Formou-se um People's Party, Partido do Povo[1][2], nascido do apoio de operários às alianças de fazendeiros.

A plataforma popular do Partido do Povo exigia uma série de reformas que visavam a romper o controle por chefes políticos na política municipal e a devolver ao povo o efetivo controle dos governos das cidades. Também visava a restaurar um sistema econômico mais equitativo mediante a nacionalização das estradas de ferro e das redes de comunicação, com impostos progressivos conforme a renda, redução da jornada de trabalho (diária e semanal) e criação de moeda estável, que recompusesse as perdas por inflação que devoravam todos os aumentos de salários.

Para enfrentar a dificuldade de crédito para os fazendeiros, a plataforma do Partido do Povo propunha um plano ‘infra-Tesouro’, pelo qual o governo estocaria a produção agrícola não perecível em armazéns nacionais e daria empréstimos aos fazendeiros sob a garantia da produção armazenada, até um máximo de 80% do valor da produção. Esse tipo de pensamento popular foi, na essência, uma ressurgência do espírito da democracia agrária de Jefferson que modelara os ideais e as instituições dos EUA na fundação da república.

A questão da moeda

A questão que mais controvérsias gerou foi a moeda. Fazendeiros do sul e do oeste estavam convencidos de que a principal razão da queda dos preços dos produtos das fazendas era a política de deflação adotada pelo governo federal depois da Guerra Civil para punir os devedores sulistas. Ao limitar a quantidade de greenbacks[2][3] e dólares de prata, tornando-os conversíveis em ouro, o Tesouro aumentou o valor do dinheiro em mãos dos fundos financeiros nortistas e, correspondentemente, deflacionou o preço das commodities produzidas pelos fazendeiros e mineiros. Os fazendeiros viam o produto de seu trabalho perder valor, ao mesmo tempo em que aumentavam as dívidas que tinham em bancos do norte. Sentiam-se prejudicados, porque tinham de pagar as dívidas que haviam tomado em tempos em que o trigo vendia-se por $1 a saca, com dinheiro de tempos em que a saca vendia-se a 60 centavos.

Muitos proprietários de residências hoje também se sentem prejudicados por terem de pagar empréstimos que tomaram há dois anos, antes da crise financeira de 2007-08, quando havia compradores para as suas residências que pagariam 700 mil dólares e que hoje, porque concentraram todo o dinheiro que há, conseguem comprar as mesmas residências por 300 mil dólares.

Os Populares exigiam aumento na quantidade de dinheiro circulante na forma de papel moeda, cunhagem ilimitada de moedas de prata à razão constante de 16:1. A proposta de se cunharem moedas de prata recebeu apoio entusiasmado dos mineiros de prata. Os Populares estavam convencidos de que a manutenção do padrão ouro era efeito de conspiração da finança internacional, para a qual trabalhavam os bancos no noroeste, para empobrecer as massas. Essa atitude é a pedra fundamental do sentimento isolacionista nos EUA, sobretudo nas regiões rurais do sul, do oeste e do meio-oeste.

Hoje, muitos tomadores de empréstimos lastimam que seus fundos de pensão gerem retorno muito baixo, como efeito da decisão monetarista do Federal Reserve de manter os juros próximos de zero, ao mesmo tempo em que as hipotecas antigas tomadas há dois anos, cobram juros fixados em patamar alto. Há incentivos muito fortes para que não se paguem as hipotecas.

O Popularismo, reduzido a poucos

A eleição de 1892 mostrou que o popularismo norte-americano estava reduzido a movimento de poucos. O candidato Democrata, Grover Cleveland, depois de perder a Casa Branca em 1888 para o Republicano Benjamin Harrison apesar de ter recebido maioria de votos populares, mas apenas 168 de 233 votos eleitorais, reconquistou a presidência das mãos de Harrison com maioria de votos populares e eleitorais. O candidato do Partido do Povo James B Weaver alcançou 1.041.028 votos populares e 22 votos eleitorais, todos de estados a oeste do meridiano 95º, com apoio, sobretudo, dos fazendeiros do oeste e dos mineiros. O apelo do Partido do Povo ao trabalhismo do norte industrial não dera certo.

O impacto de longo prazo verificou-se no crescimento das idéias do Partido Popular no interior dos dois principais partidos.

Havia candidatos do Partido Popular nas listas eleitorais do Partido Democrata e do Partido Republicano. O mais notável deles foi John P Altgeld, imigrante alemão que foi governador Democrata do estado de Illinois e que fez governo progressista. Pouco depois da eleição de 1892, o país mergulhou numa severa e prolongada depressão, com mais de 4 milhões de desempregados (18,4%) e desemprego sempre de dois dígitos, de 1893 a 1899[3][4].

O Progressismo e o Federal Reserve

O Movimento Progressista na política dos EUA emergiu ao longo dos primeiros 15 anos do século 20, alimentado do fermento intelectual e político das duas últimas décadas do século 19. Foi, sobretudo, movimento reformista trazido à política nacional por dois presidentes: Theodore Roosevelt e Woodrow Wilson. Os Progressistas combatiam o crescimento da corrupção política e a captura do governo por agentes que favoreciam a riqueza organizada à custa do bem-estar da maioria.

Os Progressistas dessa era acreditavam nos ideais do governo democrático, nas liberdades individuais, no Estado de Direito e na proteção constitucional à propriedade privada. Mas pregavam que, para que se preservassem esses ideais na nova era industrial, seriam necessários novos procedimentos políticos e regulação governamental.

Os Progressistas destacavam os valores éticos e humanos da justiça e de oportunidades iguais para todos. Os conceitos marxistas de luta de classe nunca foram operativos sob as condições dos EUA e sequer o conceito de classe jamais prosperou no discurso político nos EUA. A política dos EUA moveu-se sempre em torno de questões econômicas externas ao contexto das classes. Quase todos os gigantes da indústria norte-americana cresceram a partir do chão de fábrica, ou como office-boys dos grandes bancos. A Revolução Americana cortou pela raiz, do solo norte-americano, o imperialismo europeu, já na fundação da nação. Dado que não foi vítima do imperialismo, os EUA, como nação, jamais se sentiram oprimidos pelo capitalismo.

A maioria dos socialistas nos EUA foram imigrantes europeus que chegaram depois, diretamente para viver em guetos urbanos, onde jamais viveram a experiência de primeira-mão que são o fundamento da democracia jeffersoniana. Nos 50 anos entre 1870 e 1920, os EUA receberam 26,3 milhões de imigrantes, mais de três vezes o número de imigrados ao longo dos 250 anos anteriores. Depois de 1890, diferentes dos imigrados que vieram antes, e que eram economicamente autossuficientes e culturalmente educados, a maioria profissionalizada, os novos imigrantes passaram a vir, na maioria, dos grupos mais pobres dos países menos desenvolvidos da Europa.

Grande número dos novos imigrantes nos guetos urbanos não encontrou a liberação econômica que esperavam encontrar na nova terra. Alguns, com mais recursos financeiros, buscaram as áreas rurais da Pennsylvania e do meio oeste e saíram-se melhor. Os imigrados bem-sucedidos, em geral os já formados ou mais disciplinados, qualidades que não se encontravam, em geral, nos grupos mais pobres dos países europeus, são evidência clara, embora metafórica, de que a sociedade na nova terra era sociedade sem classes.

De início, os Progressistas eram quase sempre reformadores na política local, com influência nacional limitada. O reformador Tom Johnson de Cleveland fizera fortuna como proprietário de bondes e interessou-se pelo movimento reformista através da leitura dos escritos de Henry George. Johnson foi prefeito de Cleveland de 1901 a 1907, quando fez de Cleveland a cidade mais bem governada dos EUA. Mas apesar dos esforços dos reformistas, outras grandes cidades, como New York, Chicago e Philadelphia continuaram a ser governadas por máquinas políticas corruptas.

No plano estadual, John P Altgeld em Illinois e Hazen S Pingree de Michigan foram reformadores bem-sucedidos. Mas o campeão foi Robert M LaFollette de Wisconsin, cujo governo progressista ficou conhecido como “a ideia Wisconsin” e influenciou um bloco de estados agrários do meio oeste – Iowa, Minnesota, Kansas, Nebraska e as Dakotas. Em New York, Charles Evan Hughes chegou ao governo depois de seu trabalho contra a corrupção, no cargo de Procurador Geral, contra as grandes empresas seguradoras. O caminho do sucesso político de Hughes foi trilhado depois por Mario Cuomo, Elliot Spitzer e talvez Andrew Cuomo, atual Procurador Estadual de New York. Hughes foi depois secretário de Estado e Chefe de Justiça da Suprema Corte. Em New Jersey, Woodrow Wilson saiu do governo do Estado, para ser o 28º presidente, eleito dia 4/3/1913.

Nos EUA, a primavera de 1910 viu os Progressistas obterem grande vitória nas eleições de meio de mandato de William Howard Taft para a Câmara dos Deputados. Nas eleições de 1912, o candidato dos Democratas Woodrow Wilson, intelectual Progressista muito conhecido, foi eleito com apenas 43% dos votos populares, mas venceu em 40 estados, porque os Republicanos dividiram-se entre o Progressista Theodore Roosevelt e o conservador William Howard Taft.

Essa eleição marcou o ponto relativo de mais poder para o socialismo na história política dos EUA. O candidato socialista Eugene Debs recebeu 6% dos votos, recorde até hoje jamais superado por qualquer candidato socialista. Durante a Guerra Fria, os socialistas eram oficialmente considerados ameaça à segurança nacional.

Embora todos os Progressistas desejassem reformas no regime político, com o governo assumindo maiores responsabilidades nas questões econômicas, diferiam quando às vias para alcançar esse objetivo. O grupo representado por Theodore Roosevelt aceitava o crescimento das grandes corporações como tendência econômica inevitável e entendia que o governo deveria regulamentar a ação das grandes corporações, não dissolvê-las. Outro grupo, representado por Woodrow Wilson enfatizava a proibição dos monopólios, maior proteção aos pequenos negócios e a promoção da competição, com estímulo à inovação.

A diferença fundamental entre os grupos obrigava a voltar à disputa Jefferson-Hamilton, como obrigou depois, no debate sobre o New Deal, e como hoje, obriga a voltar à questão da regulação para evitar futuras crises financeiras.

O surgimento dos Muckrakers [aprox., ‘os que cavoucam a terra’, de “muck”, lodo, turfa; e “rake”, ancinho], designação depreciativa que Teddy Roosevelt, num de seus freqüentes momentos de irritação, cunhou para os jornalistas de investigação e autores reformistas, ajudou a impulsionar o movimento Progressista.

Henry Demarest Lloyd escreveu em 1894, furiosa denúncia dos trustes, em Wealth Against Common Wealth [O dinheiro contra a riqueza comum]. A revista popular McClure's publicou “The Shame of the Cities” [A vergonha das cidades] (1902), denúncia da corrupção no governo municipal, “The Struggle for Self-Government” [A luta pelo autogoverno] (1906) e “The Traitor State” [Estado traidor], matérias nas quais criticava New Jersey por patrocinar grandes incorporadores, todas assinadas pelo autor-editor Lincoln Steffens, e Ida Tarbell assinou artigos mais tarde reunidos no livro History of the Standard Oil. Upton Sinclair escreveu The Jungle [A selva] (1906), reportagem sobre a indústria de embalagem de carne, em que reuniu material que, adiante, levou à proposta de uma Lei de Inspeção da Carne, aprovada em 1906.

No primeiro mandato, Wilson trabalhou para persuadir um Congresso Democrata a aprovar a criação do Federal Reserve, pelo Federal Reserve Act de 1913, a Lei Clayton Antitrustes e a Lei de Empréstimos Agrários. Wilson também criou a Comissão de Comércio Federal. E assinou a primeira lei progressista sobre impostos de renda, o Revenue Act de 1913, de recomposição da renda pela redução de tarifas.

Democrata e Progressista, mas Nortista, Wilson trouxe muitos Democratas Sulistas brancos para o governo e tolerou que introduzissem e ampliassem a segregação racial em muitas agências do governo federal e em Washington DC, prática que só foi proibida pela Lei dos Direitos Civis de 1964, lei proposta pelo presidente Democrata John F Kennedy no Discurso dos Direitos Civis de 11/6/1963. Nesse discurso Kennedy exigiu que os EUA aprovassem legislação que “desse a todos os norte-americanos o direito de entrar e ser atendidos em prédios abertos ao público – hotéis, restaurantes, teatros, cinemas, lojas de varejo e estabelecimentos afins - além de maior proteção ao direito de votar”. Em 1964, o presidente Lyndon B Johnson assinou a lei já aprovada no Congresso.

O exército dos EUA foi racialmente segregado até depois da II Guerra Mundial, quando Harry S Truman assinou ordem presidencial para a dessegregação racial do exército. Mas a integração real só aconteceria na Guerra da Coreia, depois de o 8º Exército ainda segregado, só de soldados brancos, sofrer desastroso revés; e o comandante de campo, precisado desesperadamente de mais soldados, ter sido obrigado a aceitar que soldados negros combatessem ao lado de soldados brancos. Na Marinha dos EUA, o manifesto da Primeira Dama Eleanor Roosevelt, a favor da integração racial dos marujos foi ridicularizado como “bobagens de Eleanor”.

Em 1964 a Lei dos Direitos Civil estimulou a aplicação do Ato de Direitos Civis de 1875, proposto pelo senador Republicano Charles Sumner e pelo deputado Republicano Benjamin M Butler, e assinado, já sob a forma de lei pelo presidente Republicano Grant, mas declarado inconstitucional pela Suprema Corte em 1883.

A primeira tarefa que Wilson, como presidente, encaminhou ao Congresso foi uma revisão da política de tarifas. Não foi ainda movimento com vistas à globalização. Wilson contava com a concorrência de produtos estrangeiros, para quebrar o monopólio do “big business” sobre toda a economia dos EUA.

A maioria Republicana no Congresso aprovara a Lei Morrill de Tarifas, assinada e convertida em lei pelo presidente Democrata James Buchanan em março de 1861, poucos dias antes da posse de Abraham Lincoln. Foi o primeiro aumento de tarifas desde 1842. Durante a guerra, houve vários aumentos nos preços ad valorem de produtos importados, até uma média de 47%. O objetivo primário era aumentar os ganhos para cobrir os custos da guerra, mas as tarifas altas também protegiam a indústria nacional contra a concorrência do exterior. As indústrias domésticas conseguiram manter altas as tarifas de importação depois da guerra, mesmo quando os gastos de guerra já não eram mais o problema principal.

Ao longo de quase toda sua historia econômica, os EUA exerceram o protecionismo, até que a economia dos EUA converteu-se em poder dominante. O livre comércio jamais fora clara política dos EUA, até depois da II Guerra Mundial.

A Tarifa Underwood foi convertida em lei em outubro de 1913, eliminando tarifas sobre a importação de mais de 100 artigos e reduzindo a taxa média de mais de 1.000 outros artigos, de 37% para 27%. Para compensar a perda das tarifas, introduziu-se um imposto de renda. A constitucionalidade de um imposto sobre a renda havia sido recentemente autorizada pela 7ª Emenda aprovada pelo Senado dia 12/6/1911 e pela Câmara de Deputados dia 13/5/1912. Dia 8/4/1913, foi ratificada pelos estados.

Contudo, o efeito esperado da redução das tarifas, para a competitividade dos EUA, não pode ser aferido por qualquer dado real, porque o comércio internacional foi interrompido pela I Guerra Mundial em 1914. O monopólio de guerra fortaleceria a economia dos EUA, por vias pelas quais nenhum livre mercado jamais conseguiria fortalecê-la.

A abertura e a reforma política introduzidas por Deng Xiaoping na China em 1978 também previam, em larga medida, usar capitais estrangeiros de economias ocidentais avançadas para quebrar o monopólio estagnante em que viviam empresas estatais ineficientes, que operavam sob gerentes também estagnantes no contexto do planejamento central socialista, quando o governo chinês lutava para fazer reviver uma economia muitíssimo enfraquecida por três décadas de embargo dos EUA, depois de um século de exploração ocidental imperialista.

No espaço de 30 anos, a partir de 1978, a abertura e a reforma política conseguiram energizar a economia socialista chinesa. Simultaneamente, criaram vários problemas socioeconômicos colaterais como disparidade de renda, desenvolvimento desequilibrado e deterioração do meio ambiente que talvez exijam décadas de trabalho de outros governos, até serem corrigidos. A atual crise financeira global nas economias de mercado também está forçando a China a reexaminar a corrida frenética em direção à economia de mercado.

O presidente Woodrow Wilson alterou fundamentalmente o sistema monetário dos EUA, estabelecendo o Federal Reserve System, ao converter em lei o ato Glass-Owen já aprovado pelo Congresso (Glass-Owen Federal Reserve Act) de 1913. O principal objetivo de estabelecer um banco central foi oferecer elasticidade monetária em apoio a uma economia em crescimento. Antes de estabelecido o banco central, o sistema definido no National Bank Act de 1863 mantinha a oferta de dinheiro atada à quantidade de bônus do governo mantidos nos bancos, sem qualquer relação direta com as necessidades monetárias da economia. De um banco central, esperava-se que administrasse a oferta de dinheiro para atender as necessidades da economia e controlar a inflação mediante a fixação de taxas de juros.

A reforma monetária era antiga demanda dos fazendeiros, que entendiam que o National Bank Act de 1863 não conseguira proteger seus interesses, ao permitir que os bancos do noroeste (a) mantivessem escasso o dinheiro, quando os fazendeiros precisavam de empréstimos para financiar a semeadura da primavera, mantendo altas as taxas de juros nos cinturões verdes no sul e no oeste, e (b) mantivessem escasso o dinheiro também no outono, quando os fazendeiros traziam suas colheitas ao mercado, para manter baixos os preços dos produtos agrícolas. Entre esses dois momentos, os bancos afrouxavam o controle sobre o dinheiro circulante, e a inflação geral comia o poder de compra na aquisição dos insumos para a produção agrícola.

Os fazendeiros queriam um banco central que não fosse controlado pelos banqueiros privados no nordeste, por linhas hamiltonianas, mas que fosse controlado pelo governo, segundo a tradição popular jacksoniana, descentralizado e afastado da elite endinheirada do Nordeste do país.

Wilson criou 12 Reserve Banks regionais, para equilibrar os interesses regionais e atender necessidades sazonais, a serem supervisionados por um Comitê Gestor do Federal Reserve em Washington, no contexto de uma política monetária nacional.

Um dos efeitos do resgate dos grandes bancos pelo governo Obama na atual crise financeira iniciada em 2007, pode ser que muitos dos mais de 8.000 pequenos bancos comunitários acabem por serem absorvidos pelos quatro super bancos. Agora, segundo informes recentes, o JPMorgan Chase controla mais de 1 dólar de cada 10 dólares depositados nos EUA. Os quatro maiores superbancos (JPMorgan Chase, Bank of America, Wells Fargo e Citibank) vendem hoje uma de cada duas hipotecas e cerca de dois de cada três cartões de créditos existentes nos EUA.

Depois do início da crise em meados de 2007, esses quatro superbancos foram autorizados a concentrar, cada um, mais de 10% do total dos depósitos nacionais, isentos do dever de obedecer a antiga regra que proibia tamanha concentração em um único banco. Em várias regiões metropolitanas, esses novos superbancos podem hoje controlar fatias maiores de mercado, do que as antes permitidas pelas diretrizes antitrustes do Departamento de Justiça.

O sistema bancário dos EUA é hoje um punhado de enormes conglomerados globais de fundos especulativos que fingem ser bancos, extraindo lucros gigantescos de negócios de alto risco com dinheiro bancado por governos. São isso, em vez de serem bancos que operassem como elo de uma rede local de pequenas instituições locais conservadoras que servissem suas comunidades de domicílio apenas como intermediários de dinheiro obtido de depósitos locais e protegidos por taxas nominais de juros. Em 2009, os 10 maiores bancos dos EUA controlam 60% de todos os depósitos bancários no país, 26% a mais do que há 20 anos.

Os Progressistas estão promovendo o desmembramento dos grandes bancos e criando instituições que não têm qualquer objetivo social, apenas para impedir que os bancos explorem a síndrome do “grande-demais-para-falir”, para que os próprios Progressistas controlem a economia e mantenham os contribuintes como reféns.

Os últimos dados do Federal Deposit Insurance Corp revelam que os novos superbancos podem agora tomar empréstimos mais baratos que os pequenos bancos, porque os emprestadores assumem que as instituições “grandes-demais-para-falir” são à prova de falência. Essa tendência deixará o mercado financeiro dominado por um truste gigantesco de superbancos interconectados.

Essa concentração de mercado ferirá os consumidores por duas vias. Manterá alto o custo do crédito para os tomadores, por falta de concorrência, mesmo que o custo dos fundos para os bancos permaneça artificialmente baixo. Também forçará os reguladores a empurrar para cima as reservas bancárias, para que os bancos encontrem motivos para repassar o custo aos tomadores. Pior: esse gigantesco truste monopolístico de grandes superbancos interligados levará a uma estrutura grande demais para ser salva sem comprometer todas as características de uma economia de mercado.


[4][1] Esse é o 5º artigo desse autor, de uma série interessantíssima que, dia 18/7/2010 chegava ao 11º artigo, em Asia Times Online, em: http://www.atimes.com/atimes/Global_Economy/LG16Dj06.html, com os seguintes títulos já publicados:

Part 1: The crisis of wealth destruction [a crise de destruição de riqueza];

Part 2: Banks in crisis: 1929 and 2007 [bancos em crise: 1929 e 2007];

Part 3: The Fed's no-exit strategy [a estratégia de não-saída do Fed];

Part 4: Fed's double-edged rescue [o resgate de duas lâminas, do Fed];

Part 5: Too big to save (“Grande demais para ser salvo”, aqui traduzido);

Part 6: Public debt - prudence and folly [dívida pública – prudência e bobagens];

Part 7: Global sovereign debt crisis [a crise da dívida soberana global];

Part 8: Greek tragedy [a tragédia grega];

Part 9: Greek crisis, German politics [crise grega, política alemã] < /em>;

Part 10:The trillion-dollar failure [o fracasso de um trilhão de dólares] e

Part 11: The folly of common currencies [a tolice das moedas comuns]. Todos podem ser lidos (em inglês) a partir de http://www.atimes.com/atimes/Global_Economy/LG16Dj02.html.

O artigo n. 12 pode ser lido hoje na página do autor, em http://www.henryckliu.com/ e em breve, suponho, em Asia Times Online (NT).

[5][2] O partido foi fundado em 1887, chamado também “Populist”. Em inglês dos EUA, os termos "populist" e "populism" são usados para designar a oposição aos grandes partidos intitucionalizados, e nada têm a ver com "populismo" no(s) sentido(s) em que o termo é usado no Brasi l. Para informações gerais sobre a história do People's Party nos EUA ver http://en.wikipedia.org/wiki/People's_Party_(United_States) [NT].

[6][3] Parece referir-se ao papel moeda lançado pelo norte, durante a Guerra Civil. No geral, até hoje, a palavra designa “nota de dólar”, no sentido de “dinheiro”, como se vê e ouve, por exemplo, em “Greenbacks”, de Ray Charles (em http://www.mp3lyrics.org/r/ray-charles/greenba cks/) [NT].

[7][4] Ver Henry CK Liu, mar.-2008, “The Shape of US Populism”, World Report, em http://worldreport.cjly.net/2008/05/henry-c-k-liu-shape-of-us-populism-part.html).


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Este artigo, no original (Too big to save) em ingles, pode ser lido em:

http://www.atimes.com/atimes/Global_Economy/LD30Dj03.html