sábado, 31 de julho de 2010

“Nada de novo no front oriental”[1]

Uri Avnery, 31/7/2010, Gush Shalom, Bloco da Paz, Israel

Traduzido por Caia Fittipaldi e Coletivo de tradutores Vila Vudu


Pessoas dotadas de audição política sensível surpreenderam-se essa semana com duas palavras que, parece, escaparam por acidente dos lábios de Binyamin Netanyahu: “front oriental”.


Há muito tempo, as mesmas palavras andavam em todas as bocas, parte do vocabulário diário da ocupação. Nos últimos anos ficaram esquecidas, cobertas de pó no fundo do quintal político.


A expressão “front oriental” nasceu depois da Guerra dos Seis Dias. Era usada como muro de arrimo, para sustentar a doutrina estratégica segundo a qual o rio Jordão seria “fronteira de segurança” de Israel.


A teoria rezava que seria possível que três exércitos árabes – do Iraque, da Síria e da Jordânia – se reunissem a leste do Jordão, cruzassem o rio e ameaçassem a existência de Israel. Israel teria de contê-los antes de entrarem no país. Portanto, o vale do Jordão teria de ser base permanente do exército de Israel, os soldados não poderiam afastar pé de lá.


Para começar, sempre foi teoria muito duvidosa. Para participar de tal ofensiva, o exército do Iraque teria de reunir-se, atravessar o deserto, acampar na Jordânia, em operação logística demorada e complexa, o que daria ao exército de Israel tempo de sobra para atacar os iraquianos, muito antes de alcançarem a margem do rio Jordão. Quanto aos sírios, muito mais fácil seria atacarem Israel nas Colinas do Golan, em vez de mover seus exércitos para o sul, para atacar pelo leste. E a Jordânia sempre foi parceiro secreto – mas leal – de Israel (menos durante o curto episódio da Guerra dos Seis Dias.)


Em anos recentes, essa teoria tornou-se muito evidentemente ridícula. Os EUA invadiram o Iraque e derrotaram e desmontaram o glorioso exército de Saddam Hussein, o qual, como logo se constatou, não passava de tigre de papel. O reino da Jordânia assinou tratado oficial de paz com Israel. A Síria não perde ocasião de demonstrar que anseia pela paz, bastando para isso que Israel devolva as colinas do Golan. Em resumo, Israel não tem o que temer dos vizinhos orientais.


Sim, as coisas podem mudar. Mudam os regimes, mudam as alianças. Mas é impossível imaginar situação na qual três assustadores exércitos cruzem o Jordão rumo a Canaã, como os filhos de Israel na história bíblica.


Sobretudo, a ideia de ataque por terra, como a blitzkrieg dos nazistas na 2ª Guerra Mundial, já é história. Em todas as guerras presentes e futuras, fator dominante será os mísseis de longo alcance. Podem-se imaginar os soldados israelenses em espreguiçadeiras no vale do Jordão, assistindo ao voo dos mísseis pelo céu, em todas as direções.


Assim sendo, como essa ideia estúpida voltou à vida?


Talvez ajude voltar 43 anos no tempo, para entender como nasceu toda essa conversa.


Apenas seis semanas depois da Guerra dos Seis Dias, foi lançado o “Plano Allon”, apresentado ao governo por Yigal Allon, então ministro do Trabalho. Não foi adotado oficialmente, mas influenciou profundamente as lideranças políticas israelenses.


Jamais se publicou qualquer mapa autorizado do plano, mas todos os principais pontos logo se tornaram conhecidos. Allon propunha anexar a Israel o vale do rio Jordão e a margem ocidental do Mar Morto. Na margem oriental restariam apenas enclaves cercados por território israelense, exceto um estreito corredor, próximo de Jericó, que ligaria a margem oriental e o reino da Jordânia. Allon também propunha que se anexassem a Israel algumas áreas na margem ocidental, no norte do Sinai (“a passagem de Rafah”) e o sul da Faixa de Gaza (“o Bloco Katif”).


Não importava ao plano Allon que a margem oriental do rio Jordão (hoje chamada “Cisjordânia”) fosse devolvida à Jordânia ou que se tornasse entidade palestina separada. Certa vez, quando ataquei Allon, da tribuna do Parlamento, e acusei-o de tentar obstruir o estabelecimento de um Estado palestino, que eu defendia, e depois de eu estar de volta à minha cadeira, Allon mandou-me um bilhete: “Também sou favorável a um Estado palestino na margem esquerda. Por que eu seria menos progressista que você?”


O plano foi implantado como imperativo militar, mas por motivos muito diferentes.


Naquele tempo, eu encontrava-me com Allon bem regularmente, e tive, portanto, oportunidade de conhecer sua linha de pensamento. Allon fora um dos principais comandantes da guerra de 1948, considerado estrategista especialista, mas, sobretudo, era membro destacado do movimento dos Kibbutz, que, naquele tempo, tinha enorme influência no país.


Imediatamente depois de a Cisjordânia ter sido tomada, o pessoal do movimento dos Kibbutz instalou-se por lá, à procura de áreas adequadas para a moderna agricultura intensiva. Naturalmente, foi atraído pelo vale do rio Jordão. Do ponto de vista deles, era o local ideal para implantar novos kibbutzim. Havia muita água, o terreno era plano e perfeitamente adequado para a moderna maquinaria agrícola. E, mais importante, não era área densamente povoada. Nada disso se encontrava em outras áreas da margem esquerda, áreas densamente povoadas, com topografia montanhosa e água escassa.


Em minha opinião, todo o plano Allon foi fruto da ganância dos agricultores; a teoria militar não passou de artifício, para ocultar a ganância sob um pretexto de segurança militar. E, de fato, o resultado imediato foi que se estabeleceram muitos kibbutzim e moshavim (vilas-cooperativas) no vale.


Passaram-se muitos anos, antes que se abrissem os limites do Plano Allon, e se estabelecessem colônias por toda a Cisjordânia.


Do Plano Allon nasceu o bicho-papão do “front oriental” que, desde então, apavora todos os que trabalham pela paz. Como fantasma. Vai e vem, aparece e desaparece, materializa-se e some, uma vez sob uma forma, outra vez sob outra.


Ariel Sharon exigiu a anexação do “vale expandido”. O vale, propriamente dito, parte do Grande Vale Sírio-Fenda Africana [ing. Great Syrian-African Rift Valley[2]], os 120 km de comprimento (do Mar da Galileia ao Mar Morto), mas uma faixa de cerca de apenas 15 km de largura. Sharon exigia quase obsessivamente a adição também “das costas da montanha”, o que significava a face oriental das montanhas centrais da Cisjordânia, adição que teria ampliado consideravelmente o terreno.


Quando Sharon encampou o projeto do Muro da Separação, previa-se que separasse a Cisjordânia, não apenas de Israel propriamente dita, mas também do vale do Jordão. Assim se teria criado o que se chamava “Plano Allon plus”. O muro cercaria toda a margem oriental, sem o corredor de Jericó. Esse plano ainda não foi implementado, por causa da oposição internacional e por falta de fundos.


Desde o acordo de Oslo, quase todos os sucessivos governos israelenses têm insistido em que o vale do rio Jordão deva permanecer em mãos israelenses em qualquer futuro acordo de paz. Essa exigência apareceu sob os mais diversos disfarces: às vezes, fala-se de “fronteira de segurança”, às vezes de “estações de alerta”, às vezes de “instalações militares”, às vezes de “empréstimo de longo prazo”, variando conforme variem os talentos criativos de sucessivos primeiros-ministros. O denominador comum não varia: o vale deve permanecer sob controle de Israel.


E agora aparece Netanyahu e ressuscita a expressão “front oriental”.


Que front oriental? O que estaria ameaçando Israel, do lado de nossos vizinhos orientais? Onde está Saddam Hussein? Onde está Hafez al-Assad? Mahmoud Ahmadinejad, talvez, estaria despachando colunas blindadas dos Guardas Revolucionários para as passagens do Jordão?


Bem... O problema é o seguinte: mais dia, menos dia, os norte-americanos sairão do Iraque. Então lá brotará outro Saddam Hussein, que dessa vez será xiita, que se aliará ao Irã xiita e aos traidores turcos. E quem pode confiar em rei da Jordânia que deteste Netanyahu? Coisas terríveis acontecerão, se Israel não tomar conta, imediatamente, da Cisjordânia!


É ridículo. É manifestamente cômico. Então, qual o real objetivo de Netanyahu?


O mundo inteiro discute hoje a exigência, dos norte-americanos, de que se iniciem imediatamente “conversações diretas” entre Israel e a Autoridade Palestina. Alguém pode, de repente, supor que a paz do mundo dependa de converter “conversações indiretas” e “conversações diretas”. Nunca se consumiram tantas palavras de tão solene hipocrisia em assunto tão trivial.


As “conversações indiretas” já se arrastam há vários meses. Seria errado dizer que até agora deram em quase nada. De fato, deram em nada, nada absoluto. Assim sendo, o que acontecerá se, em vez de falarem em salas separadas, sentarem todos numa mesma sala? Não há como errar. Outra vez, o resultado será zero, zero absoluto. Enquanto os EUA não decidirem que têm de decidir e impor uma solução, não haverá solução.


Assim sendo, por que Barack Obama insiste? Há uma explicação: porque em todo o Oriente Médio as políticas de Obama falharam. Obama precisa urgentemente de algum grande sucesso. Prometeu sair do Iraque, e não consegue sair. A guerra no Afeganistão vai de mal a pior, sai um general, chega outro general, e a vitória cada dia mais impossível, hoje ainda mais distante que ontem. Já se pode imaginar o último norte-americano pendurado ao último helicóptero que decola do telhado da embaixada dos EUA em Cabul.


Mas o conflito Israel-Palestina, aqui, está, inalterado. Aqui também, Obama está a um passo do fracasso. Esperou conseguir muito sem investir coisa alguma e foi facilmente derrotado pelo lobby de Israel. Para encobrir a vergonha, precisa mostrar algo que o público ignorante engula como uma grande vitória dos EUA. O reinício de “conversações diretas” está proposto como essa grande vitória.


Netanyahu, por sua vez, está bem satisfeito com as coisas no pé em que estão. Israel clama por conversações diretas, os palestinos recusam. Israel estende a mão, os palestinos dão-lhe as costas. Mahmoud Abbas exige que Israel estenda o congelamento da construção nas colônias exclusivas para judeus e que declare, inicialmente, que as negociações basear-se-ão nas fronteiras de 1967.


Mas os EUA estão pressionando furiosamente Abbas. E Netanyahu teme que Abbas ceda. Então, Netanyahu declara que não pode congelar a construção nas colônias porque, nesse caso – Deus nos proteja! – sua coalizão de governo se desintegraria. E, caso isso não baste, há também “o front oriental”. O governo de Israel está comunicando aos palestinos que não desistirá do vale do Jordão.


Para dar ênfase à sua posição, Netanyahu já começou a remover a população de palestinos que permanecia no vale do Jordão, alguns milhares de palestinos. Vilas inteiras estão sendo erradicadas. Começou essa semana, em Farasiya – onde foram destruídas todas as casas e todos os poços e encanamentos de água.


É limpeza étnica pura e simples, muito semelhante à operação que também está em andamento contra os beduínos no Negev.


A mensagem de Netanyahu é clara: que Abbas pense duas vezes, antes de aceitar as tais “conversações diretas”.


O vale do Jordão desce até o ponto mais baixo da superfície da Terra, o Mar Morto, 400 metros abaixo do nível do mar.


O revival do front oriental pode indicar o ponto mais baixo da política de Netanyahu, com a intenção clara de matar, de vez, qualquer chance de paz, que ainda haja.


Notas:

[1] Título de romance de Erich Maria Remarque, 1929 (Nada de novo no front. 2008, Porto Alegre: Ed. L&PM, trad. Helen Rumjanek). Em 1930, o romance foi adaptado para o cinema, com o mesmo título.

[2] Ver mapa em: Great Rift Valley

O artigo original, em inglês, pode ser lido em: All Quiet on the Eastern Front

A intempestiva lógica de Uribe

30/06/2010

A poucos dias do fim de seu mandato, presidente colombiano monta uma provocação contra a Venezuela. Para além das articulações com os EUA, Uribe está de olho no jogo político interno
Por Gilberto Maringoni

A ruidosa ofensiva desencadeada pelo presidente colombiano Álvaro Uribe contra a Venezuela, a poucos dias do final de seu mandato, pode ser debitada a pelo menos dois fatores que se completam.

O primeiro e mais evidente diz respeito ao papel crescente que a Colômbia vem desempenhando na geopolítica regional como o de fiel representante dos interesses dos Estados Unidos. Para isso, o país tem de se contrapor de maneira firme aos governos progressistas na região.

Como não seria produtivo estabelecer uma oposição em bloco a Argentina, Brasil, Bolívia, Equador, Paraguai e Uruguai, Uribe elegeu seu alvo: Venezuela. O vizinho seria responsável por apoiar e abrigar em seu território destacamentos das Farc. As provas para sustentar tal acusação, apresentadas em reunião da OEA, são no mínimo discutíveis. Fotos de pessoas uniformizadas no meio do mato não dizem muita coisa.

Acordo militar
As relações entre os dois países conheceram altos e baixos nos últimos anos, mas se deterioraram acentuadamente a partir de julho de 2009, quando o presidente colombiano anunciou publicamente o fechamento do acordo de cooperação militar com os Estados Unidos. O ponto principal do entendimento, como se sabe, prevê a instalação de sete bases militares no país, sob a justificativa de que elas possibilitarão “uma oportunidade única para operações de espectro completo em uma sub região crítica de nosso hemisfério, onde segurança e estabilidade estão permanentemente ameaçadas pelo narcotráfico, patrocinando insurgências terroristas, governos anti-Estados Unidos, pobreza endêmica e desastres naturais recorrentes”. A frase foi tirada do Programa de construção militar , divulgado em outubro do ano passado.

O líder venezuelano Hugo Chávez percebeu que a ameaça se dirigia especialmente contra seu país e bateu duro no tratado. O presidente Lula, ainda em agosto, contatou Barak Obama, pedindo explicações sobre o acordo. Uribe se isolou entre os países da Unasul, apesar da reunião de chanceleres, realizada nesta quinta, 29 de julho, em Quito, não ter deliberado sobre a questão das disputas entre Colômbia e Venezuela.

Por isso, é vital para a Colômbia levar suas pendências internacionais para outro fórum, a OEA, onde o peso dos Estados Unidos é determinante.

Disputas domésticas
Mas houve também motivações internas para a investida de Uribe, justamente nos dias em que o presidente eleito Juan Manuel dos Santos, em um giro pela Europa, anunciava a vontade de distensionar as relações com o país vizinho.

Quais as razões de Uribe para torpedear qualquer tentativa de aproximação? Santos representaria, de fato, outra linha a ser seguida pela política externa da Colômbia?

Parece pouco provável. O novo mandatário não apenas segue a mesma linha de aproximação com os EUA e de militarização crescente das disputas políticas, como era um dos membros do núcleo duro do governo Uribe, no qual desempenhou a função de Ministro da Defesa.

Onde estariam as diferenças entre ambos, se é que existem?

Apesar de toda a proximidade entre ambos, Santos não era o candidato preferido de Álvaro Uribe na disputa presidencial. O candidato dos sonhos de Uribe era Uribe, que não pode entrar na disputa porque a Suprema Corte vetou seu projeto de tentar uma segunda reeleição. Sem um nome viável, Uribe teve de aceitar a postulação de seu Ministro da Defesa, que não teve dificuldades em obter uma vitória eleitoral relativamente tranqüila, nas águas da popularidade do presidente da República. Uribe desfruta de altos índices de aceitação no fim de seu mandato, especialmente entre uma população cansada por décadas de violência institucionalizada.

A aliança militar com os EUA foi alicerçada numa forte propaganda, baseada em duas premissas. A primeira era de que as Farc não seriam um grupo guerrilheiro, mas uma organização terrorista, nos moldes da Al Qaeda. A segunda, decorrente da anterior, era a de que numa situação dessas não haveria negociação possível. A solução seria um enfrentamento militar. Com isso, não apenas as forças de segurança do Estado se viram com mãos livres para agir, como os grupos paramilitares de direita contaram com a vista grossa oficial para cometerem qualquer tipo de crime.

Santos foi um dos formuladores dessa política. Sua diferença com Uribe é de outra ordem.

Duas oligarquias
Figura secundária da cena política colombiana até oito anos atrás, o atual presidente era um líder regional, governador de Antioquia, um dos 32 Departamentos do país, e membro da oligarquia local. Foi um firme opositor da política de negociação com a guerrilha, levada a cabo pelo ex-presidente Andrés Pastrana (1996-2002). Com este mote construiu a campanha que o levaria a vitória em 2002.

Juan Manuel dos Santos, por sua vez, é originário de uma linhagem tradicional da burguesia. Seu tio-avô, Eduardo Santos, presidiu o país entre 1938 e 1942. A família é dona do mais importante jornal colombiano, El Tiempo, fundado em 1911 e recentemente vendido ao grupo espanhol Planeta. Por fim, seu primo, Francisco Santos é vicepresidente de Álvaro Uribe. Ou seja, o novo presidente não é uma sombra de seu antecessor, mas membro destacado das classes dominantes locais. Para estas, Uribe cumpriu um bom papel, mas seria apenas um novo rico emergente.

Sabendo do jogo e com receio de sair definitivamente de cena num momento em que a elite tradicional reassume o centro do palco, Uribe resolveu imprimir sua marca para continuar presente na disputa política local. Com todo o beneplácito do Império e da grande imprensa do continente.

Uma nota final
Todo o espalhafatoso jogo de cena relatado acima vem bem a calhar a outra figura da direita continental. Pode não haver articulação direta, mas José Serra e seu folclórico candidato a vice pegaram no ar a pauta lançada por Álvaro Uribe. Agora tentam envenenar a campanha presidencial brasileira com a risível acusação de que o Partido dos Trabalhadores estaria “envolvido com as Farc e com o narcotráfico”. Por sorte, o terrorismo eleitoral não pega mais por aqui, apesar de toda a insistência da imprensa brasileira.

Gilberto Maringoni é historiador, professor da Faculdade Cásper Líbero, pesquisador do IPEA e autor, entre outros, de A Venezuela que se inventa (Editora Fundação Perseu Abramo, 2004) e A revolução venezuelana (Editora Unesp, 2009)


extraído de Caros Amigos

Os bancos dos EUA e a liberdade comercial… da drogas e seus traficantes

Os bancos dos EUA e a liberdade comercial… das drogas e seus traficantes

Jorge Cadima*
31.Jul.10

“Quem disse que o crime não compensa? (…) O Departamento da Justiça [dos EUA] resolve as acusações criminais utilizando acordos de adiamento do processo, em que o banco paga uma multa e promete não voltar a violar a lei». Para os banqueiros não há pistolas taser…”


A Wells Fargo, uma das maiores instituições financeiras dos EUA, confessou em tribunal que a sua unidade bancária Wachovia «não havia monitorizado e participado [às autoridades] suspeitas de lavagem de dinheiro por parte de narco-traficantes» (Bloomberg, 29.6.10).

O montante do «lapso» é estonteante: 378 mil milhões de dólares. Trata-se de dinheiro proveniente de «casas de câmbio» mexicanas nos anos 2004-07. A notícia acrescenta que «o Wachovia habituara-se a ajudar os traficantes de droga mexicanos a movimentar dinheiro».

Martin Woods, ex-chefe do combate à lavagem de dinheiro no Wachovia em Londres informou o banco e as autoridades do que se passava. «Woods disse que os seus patrões mandaram-no estar calado e tentaram despedi-lo».

Qual foi a penalização do banco? Pagou 160 milhões de dólares de multa («menos de 2% dos seus lucros de 12,3 mil milhões em 2009») e prometeu melhorar o sistema de vigilância. Se o fizer, «o governo dos EUA deixará cair todas as acusações contra o banco em Março de 2011, segundo o acordo alcançado» (Bloomberg 7.7.10).

Quem disse que o crime não compensa? É sempre assim: «Nenhum grande banco dos EUA – incluindo a Wells Fargo – foi alguma vez formalmente acusado de violar a Lei dos Segredos Bancários ou qualquer outra lei federal. Em vez disso, o Departamento da Justiça resolve as acusações criminais utilizando acordos de adiamento do processo, em que o banco paga uma multa e promete não voltar a violar a lei». Para os banqueiros não há pistolas taser…

Entretanto, o México desintegra-se na violência que «já matou mais de 22 000 pessoas desde 2006» (Bloomberg, 7.7.10). A carnificina – e a catástrofe social – não suscitam campanhas indignadas.

Fosse na Venezuela, já haveria inflamados comentaristas a invectivar contra o «Estado falhado» e exigir «intervenções humanitárias». Mas aqui, não.

Talvez porque «o Wachovia é apenas um dos bancos dos EUA e Europa que têm sido utilizados para lavar dinheiro da droga». Ou porque, como afirmou o chefe do Gabinete da ONU sobre Droga e Crimes (UNODC), no auge da crise do sistema financeiro em 2008 «em muitos casos o dinheiro da droga era o único capital de investimento líquido. […] empréstimos inter-bancários eram financiados pelo dinheiro da droga e outras actividades ilegais. Houve sinais de que alguns bancos foram salvos desta forma» (Observer, 13.12.09).

Os EUA estão numa escalada militar maciça na América Latina. O pretexto oficial é o combate ao narcotráfico. Mas há um longo historial de ligação das intervenções dos EUA com os tráficos de vária ordem.

Foi assim na Nicarágua, no Kosovo, com o regime colombiano. É assim no Afeganistão. País que, segundo o relatório UNODC de 2010 «é responsável por cerca de 90% da produção ilícita de ópio nos últimos anos». Na página 38 há um gráfico eloquente.

Praticamente inexistente até 1980, a produção afegã de ópio cresceu de forma acentuada nos anos da ingerência imperialista. A grande excepção foi 2001, o ano antes da invasão, quando os talibã no poder erradicaram mais de 90% da produção. Depois da ocupação EUA/NATO foram batidos todos os recordes de produção.

Grandes alvos do tráfico de droga são os países vizinhos: a Rússia «livre» é hoje «o maior mercado nacional de heroína afegã, um mercado que se expandiu rapidamente desde a dissolução da URSS». E também as ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central, o Paquistão, a região oriental da China e o Irão.

O relatório da ONU elogia o papel deste último país no combate ao tráfico. «São frequentes os combates mortíferos entre tropas iranianas e traficantes, como é evidenciado pelos milhares de baixas sofridas pelos guardas fronteiriços iranianos nas últimas três décadas». Entre 1996 e 2008 o Irão «é responsável por mais de dois terços das apreensões de ópio a nível mundial» e cerca de um terço das apreensões de heroína.

Em meados do Século XIX o imperialismo britânico desencadeou as duas Guerras do Ópio contra a China, em nome da «liberdade de comércio»… do ópio. Parece que os EUA lhe querem seguir o exemplo.

* Professor da Universidade de Lisboa e analista de política internacional.

Este texto foi publicado em Avante nº 1.913 de 28 de Julho de 2010 (Liberdade Comercial)

extraído d'ODiário.info (A Banca e a liberdade comercial... Da droga)

inspirado no Gilson Sampaio

Fidel con los jóvenes: “El hombre no puede perder la oportunidad de sobrevivir con todo lo que sabe hoy”

30 Julio 2010
Inspirado no Gilson Sampaio e extraído de CubaDebate
Roberto Chile

Roberto Chile

Fotos: Roberto Chile y Estudios Revolución

A las 11 de la mañana, ni un minuto más ni un minuto menos, Fidel llega a la sala del Palacio de las Convenciones vestido con una fresca camisa a cuadros rojos y blancos. Saluda con la mano, sonríe a todos, avanza hasta la mesa donde reposan una agenda azul y varios folios de documentos.

Lo esperan, con vivos aplausos, un centenar de jóvenes, encabezados por el Buró Nacional de la UJC y su primera secretaria, Liudmila Álamo Dueñas, trabajadores, estudiantes, artistas e intelectuales, combatientes de las FAR y el MININT y en un lugar especial, Elián González y su familia.

“Tengo unas cuantas cosas que decirles”, anuncia. Hablará del tema que viene atendiendo de manera insistente desde hace casi dos meses, incluso antes de recuperarse totalmente. “No hace mucho realmente, libré las últimas batallas para encontrarme como me encuentro hoy”.

Recuerda que durante ese tiempo escribió once Reflexiones, la primera de ellas el 1 de junio pasado, titulada “El imperio y la guerra” y la más reciente “La victoria estratégica”,a la que seguirá una que saldrá publicada el próximo martes 3 de agosto, pero de la que no quiere adelantar ni el título, aunque sí advierte que su contenido va a nutrirse de los acontecimientos y noticias que deben producirse en las próximas horas.

Liudmila abre el diálogo por parte de los jóvenes, comentando el modo en que la organización recibió el alerta contenido en la Reflexión del 24 de junio -”Cómo me gustaría estar equivocado”-y la necesidad de que, aun en periodo vacacional, estudiantes y jóvenes en general, se mantengan informados “para que los acontecimientos no nos sorprendan”.

Tras un breve preámbulo en el cual se refiere a la preocupación martiana por el equilibrio del mundo, Yoelkis Sánchez, periodista y director de la revista “Alma Mater” pregunta a Fidel, tomando en cuenta los peligros sobre los que él advierte, si cree que de los actuales conflictos reemergerá la bipolaridad o se profundizará la unipolaridad en el mundo.

“Digo que el conflicto es inevitable, sin embargo, hay una fórmula por la que debemos luchar y se abre una esperanza. Sería muy triste pensar que estamos luchando sin otra alternativa”, responde Fidel y agrega que ahí radica precisamente la importancia de la batalla que estamos librando.

En el mundo se están moviendo muchas fuerzas, “la opinión de intelectuales, gente que piensa, que ven el peligro y que no están pendientes de resultados de elecciones ni nada de eso”, afirma.

“Yo confío mucho en las fuerzas de todo ese pensamiento. Vamos a ver si aquellos de los cuales depende, en un punto determinado decidirán…lo que tenemos que obligarlos a que hagan. Parece extraño, pero no, no es con una pistola. Es con una evidencia mundial.”

TODO ES NUEVO

Yailín Orta Rivera, periodista de Juventud Rebelde y profesora de la Facultad de Comunicación de la Universidad de La Habana, después de hablarle del regocijo nacional e incluso universal por verlo recuperado, le pide a Fidel sus recomendaciones para los jóvenes de Cuba y el mundo frente a las críticas condiciones del contexto actual.

En su respuesta, el líder de la Revolución la remite al Mensaje que leerá al final del encuentro y al mismo tiempo sentencia: “No podemos enfocar el futuro con los conceptos y las imágenes del pasado. Todo es nuevo. Hay que poner a volar la imaginación”.

Se pregunta que puede ocurrir si se desata una guerra nuclear y el mercado mundial desaparece. “El hombre no puede perder la oportunidad de sobrevivir con todo lo que sabe hoy.”

Expresa su esperanza de que se aprovechen todas las grandes realizaciones de la inteligencia humana para el bien y no para exterminio de la especie, la misma especie que con toda razón está acusada de haber encaminado al planeta a su extinción, destruyéndolo todo.

Cerrando el tema, Fidel se remonta a los posibles caminos de la salvación de la especie humana y sentencia: “tendría que repensarse todo o no valdría la pena luchar ahora. Cuántas cosas pueden ocurrir en la infinidad del tiempo. No se sabe ni siquiera qué es el tiempo. Es un invento del hombre.”

GERARDO EN EL HUECO: ¡ESO ES TORTURA!

Ayer en nuestra Asamblea Nacional (Ricardo) Alarcón explicó el caso de Gerardo, afirma Fidel. “Es machucarse uno el corazón pensar a ese hombre en este momento. Pensé en los datos que Alarcón dio sobre Gerardo, un hombre con ideas políticas que lleva 12 años separado de su familia (…) Son personas que sufren hace 12 años. Los sufrimientos de esas personas, ¿no cuentan?, ¿no valen nada?”

El 26 de Julio, después del encuentro en el Memorial, Fidel conversó con la esposa de Gerardo, Adriana Pérez O’Connor. “Yo no sabía que él estaba en el hueco. Ya ni me acordaba qué era el hueco ese. No solo está en una cárcel de alta seguridad, que ya es un hueco profundísimo, sino que está en un ‘hueco dentro del hueco’.”

Compara su experiencia en la prisión después del Asalto al Cuartel Moncada, con el caso de los Cinco y reconoce que él ha conocido “tibiamente lo que es estar en una prisión, y de lo que se sufre en una prisión por la injusticia que se está cometiendo… Es un palidísimo reflejo de lo que es estar preso. Me pongo mentalmente en el lugar de un hombre en las condiciones en las que está Gerardo.”

“Hay dos hombres en un espacio que tiene un metro de ancho”, dice y mide con las manos la mesa frente a la que está sentado, junto a Liudmila. “¡Dos personas! Debe tener un agujero por donde entra el aire. No sé si tienen luz o no, y si la tienen, deberán encenderla y apagarla (los carceleros) cuando les da la gana. ¿Qué comen?”

Por lo que expresó Alarcón -y este viernes salió publicado en la prensa nacional e internacional-”se sabe incluso que está enfermo, que podría tener una bacteria, que necesita atención médica. Aquí estaría en un hospital, atendido, combatiendo la bacteria esa.” Y enfatiza: “¡Es una persona que necesita asistencia médica!”

No hay razón alguna para este encierro. “¿Hizo algo? -pregunta Fidel-. No, nada.” Y este castigo no lo decidió la prisión. “Se reunieron cuatro oficiales del FBI para decidir y decidieron. ¡Eso es tortura!”

Ocurre impunemente, tal y como pasó cuando condenaron injustamente a los Cinco en los tribunales norteamericanos. “Está ocurriendo a la vista de todo el mundo, incluso ante el ilustre Presidente de los Estados Unidos, que los pudo haber soltado, como acaban de soltar a un montón de gente, que dijeron eran espías rusos -los rusos también soltaron a unos norteamericanos-.” Y remata la frase con una ironía: “Están protegiendo la seguridad de los Estados Unidos.”

Mientras, presionan a Cuba para que suelte a uno que otro espía, “que jamás estarán en una prisión de esas, que jamás serían torturados”, enfatiza Fidel .

ME HE CONVERTIDO EN UN CAZADOR DE NOTICIAS

Fidel muestra una hoja impresa con la foto del soldado norteamericano que filtró videos y documentos sobre la guerra de EEUU en Afganistán al sitio en Internet WikiLeaks. El joven de 22 años se llama “Bradley Manning, un valiente soldado, analista de inteligencia que entregó 260 000 documentos de Inteligencia, de los cuales se han utilizado 92 000.” Los tribunales “tienen documentos para estar acusando a este gobierno hasta el Juicio Final, que es lo que merecen.”

Sin embargo, acusan a cualquiera, sea este joven soldado o a los Cinco, de poner en riesgo la Seguridad de ese país. “Estados Unidos está cometiendo un horrible crimen con esos compañeros, y especialmente con Gerardo”.

Hay conciencia de esta situación y todos los días se ofrecen múltiples noticias que van desenmascarando al gobierno norteamericano. Fidel muestra, por ejemplo, el boletín de noticias extraídas de la Internet de este 29 de julio de 2010. “Me he convertido en un cazador de noticias”, sonríe. “Estoy buscando noticias todos los días, fijándome en puntos y comas”.

Lee algunos de los titulares que aparecen en el índice del boletín: “Estados Unidos bloquea el acceso a los servidores de Internet desde la Isla”, “Lo que es legítimo en Alemania, es ilegítimo en Cuba”; “¿Por qué a Venezuela?”, “Vínculos entre bases y ejecuciones extrajudiciales”; “Estados Unidos pretende manipular las próximas elecciones en Haití”; “Estados Unidos descarga la bancarrota capitalista sobre los inmigrantes”; “La filtración de secretos militares acorrala a Obama”, “Noticia censurada: ¿Quién hundió al buque surcoreano Cheonan?”… Las fuentes son muy diversas, medios oficiales, agencias de prensa, sitios de información alternativa…

“¿Cuáles de estos problemas -pregunta- no han sido señalados en las Reflexiones? Yo no me puse de acuerdo con nadie para hablar de estos temas. Hablo de lo que la gente escribe.” Cierra las carpetas que ha estado repasando. “Creo que llevamos rato hablando aquí… ¿Cuánto llevamos?” Cincuenta y cinco minutos, responden desde el auditorio. “Pues voy a leer el Mensaje”.

Se levanta, camina hasta el podio. Lee con voz vibrante su“Mensaje a los jóvenes”. La mano derecha se apoya en el borde de la plataforma de madera. La aprieta con la misma fuerza conque lanza las palabras. Esta alocución dura seis minutos con 28 segundos que escuchamos en vilo. “Preferimos aferrarnos a la esperanza”, una frase de doble significado, porque le habla a los jóvenes y porque Fidel, como siempre, confía en el ser humano, su referente esencial.

Los aplausos se prolongan todavía cuando ha salido al pasillo del Palacio de las Convenciones. Nos acercamos a Elián. El adolescente es quien pone la el punto final de esta nota con sencillas palabras: “Fue muy emocionante volver a encontrar al Comandante… Extrañaba verlo y me alegró mucho. Fue muy importante para mí, para todos.”

Mensaje a los Jóvenes Cubanos

Durante 57 años, dos generaciones de cubanos, la que nos precedió y la nuestra, que dirigió ambas desde el Primero de Enero de 1959 hasta hoy, hemos luchado contra el más poderoso imperio que ha conocido la humanidad.

No albergo temor alguno de parecer exagerado, lo digo con modestia, e incluso pena. Duele ver como cientos de millones de jóvenes en el mundo no pudieron siquiera aprender a leer y escribir, o son semianalfabetos, o carecen de trabajo e ignoran todo lo que se refiere a los derechos inalienables del ser humano.

Un colosal crimen se comete con miles de millones de adolescentes y jóvenes de ambos sexos, cuyas maravillosas inteligencias son manipuladas por los medios masivos de información, e incluso muchos de ellos, fundamentalmente varones, son convertidos en soldados para morir en guerras injustas y genocidas que se llevan a cabo en cualquier parte del planeta Tierra.

El sistema económico que ha prevalecido es incompatible con los intereses de la humanidad. Debe cesar y cesará.

Las nuevas generaciones de jóvenes cubanos harán llegar su mensaje, que nació de la experiencia vivida por su Patria, cumplirán un deber sagrado que le impuso la época que les correspondió vivir. Lo harán con humildad y con la verdad en la mano, sin la estúpida creencia en superioridades raciales o nacionales de índole alguna.

Me he preguntado muchas veces: ¿Por qué tienen que morir nuestros niños y nuestros adolescentes?

¿Por qué tienen que morir nuestros jóvenes?

¿Por qué tienen que desaparecer las inteligencias donde tantas virtudes podrían sembrarse y cultivarse?

¿Por qué tienen que morir sus padres en guerras fratricidas?

Imaginen que el sitio Web Global Research no merece crédito alguno; que la teoría de Gregory Ryskin, ingeniero bioquímico de la Universidad Northwestern, sobre la burbuja de metano que el articulista Terrence Aym asoció al derrame petrolero de la British Petroleum en el Golfo de México, no merece atención alguna y nos invitan a dormir tranquilos.

En el Global Research se publicó la única explicación posible del hundimiento del Cheonan, un sofisticado buque antisubmarino capaz de detectar una nave de este tipo a 185 kilómetros de distancia. Obviamente, no podía ser hundido por un viejo submarino de fabricación rusa, construido hace más de 50 años.

Nosotros preferimos aferrarnos a la esperanza de que los razonamientos empleados en la Reflexión que se publicará el martes 3 de agosto, se ajusten a la realidad.

De lo contrario, el otro peligro de que una guerra estalle, que de inmediato se volverá nuclear, sería la única alternativa, y por lo tanto, este mensaje se volverá más importante que nunca.

Ni siquiera existe una posibilidad en mil, en diez mil, en cualquier cifra que se desee, de que Estados Unidos o Israel renuncien a las sanciones ya establecidas por el Consejo de Seguridad de las Naciones Unidas, con límites rigurosos de tiempo, ni de que Irán acepte que sus barcos sean inspeccionados.

Un ciego lo vería con claridad meridiana.

No nos rendiremos, ni le permitiremos al imperio engañar al mundo.

Fidel Castro Ruz

Julio 30 de 2010


Foto: Roberto Chile

Foto: Roberto Chile

Foto: Roberto Chile

Foto: Roberto Chile


Fidel y Liudmila. Foto: Estudios Revolución

Fidel y Liudmila. Foto: Estudios Revolución

Fidel saluda a Yailín Orta. Foto: Estudios Revolución

Fidel saluda a Yailín Orta. Foto: Estudios Revolución

Fidel muestra la imagen del joven soldado que entregó a Wikileaks los documentos comprometedores de la guerra de EEUU en Afganistán. Foto: Estudios Revolución

Fidel muestra la imagen del joven soldado que entregó a Wikileaks los documentos comprometedores de la guerra de EEUU en Afganistán. Foto: Estudios Revolución

Foto: Estudios Revolución

Foto: Estudios Revolución

Fidel lee el Mensaje a los jóvenes cubanos. Foto: Estudios Revolución

Fidel lee el Mensaje a los jóvenes cubanos. Foto: Estudios Revolución

http://www.youtube.com/watch?v=luteC4nj3ks&feature=player_embedded

http://www.youtube.com/watch?v=s0seO2IhspE&feature=player_embedded


Pesquisa Ibope

(clique na imagem para visualizar melhor)
Dilma abriu cinco pontos de vantagem em cima de Serra, segundo o Ibope.

A vantagem ainda é três pontos menor do que a registrada pela mais recente pesquisa do Instituto Vox Populi, da semana passada. O Vox deu oito pontos de vantagem para Dilma.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

“Não podemos sair do Afeganistão”

O porcalismo da Time Magazine aqui mostrado é o que mais temos no mundo editorial interno e externo! Não difere muito das vejas & épocas e demais papéis nacionais de embrulhar peixe... Castor


A capa da revista Time (nas bancas hoje 07/29/2010)


07/29/2010, Peter Hart, FAIR – Fairness and Accuracy in Reporting

Traduzido por Coletivo de tradutores da Vila Vudu e Caia Fittipaldi


Caso você tenha pensado que os documentos vazados pela página WikiLeaks poderiam mudar tudo, saiba: a revista Time que chega às bancas hoje mostra, na capa, uma mulher afegã desfigurada (sem nariz) e a manchete “O que acontece se sairmos do Afeganistão.”


O subtexto parece ser que, sem a presença do exército dos EUA, os Talibãs cometerão atrocidades inomináveis. Pode-se ver a capa e parte da matéria em: “Afghan Women and the Return of the Taliban”.


Algo me diz que ninguém, na reunião de pauta sugeriu capa com “O que acontece se nós ficarmos no Afeganistão”, matéria que poderia ser ilustrada com o cadáver de uma criança afegã morta em ataque aéreo ou invasão da casa da família.


O editor da revista Time Rick Stengel explica a decisão editorial de publicar aquela foto. Diz que a mulher sem nariz “posou para a foto e disse que desejava que o mundo soubesse o que acontecerá às mulheres afegãs, muitas das quais nasceram depois do governo dos Talibãs, se os Talibãs vencerem”.


Na matéria, escreve Stengel, trata-se de “o quanto as mulheres afegãs prezam as liberdades que conquistaram depois da derrota dos Talibãs”.


Stengel manifesta também muita preocupação pelo efeito que a capa horrenda pode ter numa criança, mas decidiu que, afinal, acontecem coisas horríveis às pessoas, e parte do trabalho dos jornalistas é enfrentá-las e explicá-las:


“No fim, senti que a imagem é uma janela para a realidade do que está acontecendo – e pode acontecer – numa guerra que afeta e envolve a nós todos. Prefiro confrontar os leitores com o modo como os Talibãs tratam as mulheres, a ignorar o tema. Prefiro que as pessoas conheçam essa realidade, quando pensarem sobre o que os EUA e seus aliados devem fazer no Afeganistão.”


Claro. O que a revista Time mostra é apenas parte da “realidade que está acontecendo” no Afeganistão.


Stengel observa que “o vazamento muito noticiado de documentos secretos pela página WikiLeaks deformou o debate sobre a guerra”. E que “a revista Time está tentando contribuir para aquele debate. Não somos nem a favor nem contra o esforço de guerra dos EUA.”


Stengel escreve:


“Políticos e cidadãos puseram-se a procurar informação sobre a guerra e a formar opinião. Nosso trabalho é oferecer o contexto e o distanciamento necessários para que o público possa pensar sobre uma das questões de política externa mais difíceis de nosso tempo. O que se vê naquelas imagens não se encontra nos 91 mil documentos: a combinação de verdade emocional e insight a propósito de como se vive naquela terra difícil e as conseqüências das decisões importantes que sejam tomadas.”


A ideia de que o modo de responder aos documentos divulgados por WikiLeaks seria destacar as atrocidades cometidas pelos Talibã é também o que a correspondente da CBS Lara Logan recomenda. Também é propaganda pró-guerra.


O artigo original, em inglês, pode ser lido em: Time Magazine: We Cannot Leave Afghanistan

A lição dos Nazis

sexta-feira, 30 de Julho de 2010

Israel continua a própria atividade na frente interna.


Não há só os Palestinos, há também os Beduínos, povo pacifico que goza da nacionalidade israelense.


Mas não são Israelenses no verdadeiro sentido do termo, não são os Israelenses desejados pelo governo de Tel Avive; e isso é suficiente para que sejam tratados como não-cidadãos, privados dos próprios rebanhos, até das próprias casas.

Os Hebreus foram alvo de limpeza étnica na Alemanha nazi entre 1941 e 1945. E ainda hoje choram cada vez que é citada a Shoa.

Agora, demonstram de ter aprendido a lição e não hesitam a transformar-se de vítimas em carnífices.


E o mundo ocidental? Prontos também a chorar os horrores do passado cada vez que alguém lembrar a Shoa, os Países do Ocidente ultrapassam de forma leve e despreocupada os horrores do presente.


Eis o relato de Neve Gordon, um israelense, publicado nas páginas do The Guardian.
E a seguir o vídeo com as principais fases da destruição da aldeia.

Limpeza étnica em Israel

O desmantelamento duma aldeia beduína pela polícia israelita, mostra até que ponto o Estado pode ir para atingir a meta de judeização da região de Negev. A polícia israelense demoliu a aldeia beduína de Al-Arakib desmantelando cerca de 45 casas em apenas três horas.


Enquanto eu estava no carro em direção a Al-Arakib, uma aldeia beduína pouco mais de 10 minutos de Beer Sheva, um ameaçador comboio de tratores estava de retorno à cidade. Logo tomada a estrada de terra para a aldeia, vi uma dúzia de caminhões com policiais fortemente armados prontos para partir. Aparentemente, a missão estava cumprida.



As consequências da destruição foram visíveis imediatamente. Antes notei que as galinhas e os gansos corriam livres perto de uma casa demolida, então vi uma outra casa e outra ainda, todas reduzidas a escombros. As crianças estavam à procura de um local com sombra para fugir do sol escaldante do deserto, enquanto atrás deles uma nuvem de fumaça negra subia do feno em chamas. Não havia ovinos, caprinos e bovinos, confiscados provavelmente pela polícia.


Um grupo de beduínos estava no topo duma pequena colina a falar do que se tinha passado desde as primeiras horas da madrugada, cercados por árvores desenraizadas deitadas no chão. Uma aldeia inteira de 40-45 casas foi completamente destruída em menos de três horas.


Imediatamente tive um deja vu: caminhar no meio dos escombros duma vila destruída nos arredores da cidade libanesa de Sidon. Há mais do que 25 anos, durante o meu serviço como para-quedista em Israel. A diferença é que os residentes no Líbano tinham fugido muito antes da chegada do meu pelotão, e nós simplesmente atravessamos os escombros. Havia algo de surreal naquele evento, que durante anos impediu-me de compreender plenamente a sua importância. Na época, parecia caminhar na lua.


Hoje, imediatamente, senti o impacto da destruição. Talvez porque as 300 pessoas que viviam em Al-Arakib, incluindo crianças, estavam sentadas nos escombros e ansiedade deles era evidente, talvez porque a aldeia está localizada a 10 minutos da minha casa, em Beer Sheva, e aqui passo para ir para Tel Aviv ou Jerusalém, ou talvez porque os beduínos são cidadãos de Israel e de repente eu percebi até onde o Estado está preparado para ir visando tornar "Israel" a região de Negev; o que eu tinha presenciado foi um verdadeiro ato de limpeza étnica .


Diz-se que a próxima intifada será a dos beduínos. Há 155 mil beduínos no Negev, e mais de metade vivem em aldeias ilegais, sem eletricidade ou água corrente. Não sei o que eles poderiam fazer, mas deixar 300 pessoas sem abrigo, das quais 200 são crianças, Israel está semeando a discórdia no futuro.


http://www.youtube.com/watch?v=bvD-2BsPAQU&feature=player_embedded


Fonte: The Guardian via ComeDonChisciotte

Traduzido, editado e comentado por Informação Incorrecta