22/2/2014, The Saker, The Vineyard of the Saker
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
The Saker |
Então é
isso. Yanukovich capitulou vergonhosamente. Assinou um acordo com os
insurgentes, o qual, segundo a BBC inclui os seguintes itens:
- A Constituição de 2004 será restaurada em 48 horas; e será formado um governo de unidade nacional dentro de 10 dias;
- Reforma da Constituição que tornará equivalentes os poderes do presidente, do governo e do Parlamento, a ser imediatamente iniciada, para estar completada até setembro;
- Eleição presidencial a ser realizada depois de a nova Constituição ser adotada, mas não depois de dezembro de 2014 e novas leis eleitorais a serem aprovadas;
- Investigação sobre os recentes atos de violência, sob monitoramento conjunto das autoridades, da oposição e do Conselho da Europa;
- As autoridades não imporão “estado de emergência” e os dois lados, autoridades e oposição cuidarão de evitar o uso de violência;
- Todas as armas ilegais serão entregues a unidades do Ministério do Interior.
E o que
significa tudo isso, em palavras claras?
Viktor Yanukovich |
O dito
“retorno à Constituição de 2004”
significa, na verdade, que o presidente entregou todo o controle sobre a
polícia e as forças de segurança, ao Parlamento. Assim, de um ponto de vista
legal, Yanukovich entregou aos insurgentes o comando sobre as forças
antitumulto (Berkut). Os mesmos insurgentes que até ontem espancaram,
queimaram, agrediram, torturaram e assassinaram policiais das forças
antitumultos hoje estão no comando, com autoridade sobre aqueles mesmos
policiais que Yanukovich pôs nas ruas até ontem com ordens para não usar força
letal.
À luz dessa
absoluta monstruosidade, só posso aplaudir a sabedoria e visão civilizada dos
governadores de Kharkov e da Crimeia, que tiraram das ruas todas as suas forças
Berkut.
O chamado
“governo de unidade nacional” significa que os insurgentes passam a governar o
país, mas sem qualquer responsabilidade pelo desastre político, econômico e
social no qual a Ucrânia será imediatamente mergulhada.
Quanto à
chamada “investigação dos recentes atos de violência” evidentemente absolverá
os terroristas e insurgentes de qualquer crime; e culpará os policiais que
tentaram manter a lei e a ordem e proteger a presidência eleita.
É “acordo” que entrará para a história como um dos
maiores atos de traição nacional dos tempos modernos.
Yulia Timoshenko |
Desnecessário
dizer que os verdadeiros “cabeças” da insurgência, o chamado “Bloco da
Direita”, rejeitou o acordo e prometeu continuar na “resistência” até completa “mudança
de regime”.
Esse
recente desenvolvimento realmente vira uma página. O experimento de uma Ucrânia
como estado unitário claramente fracassou e, a menos que ocorra um milagre, o
país mergulhará numa guerra civil, ao cabo da qual o país será dividido em duas
ou mais partes, o que já parece inevitável.
Kiev caiu e
o novo “Front Ocidental” andou cerca de 400 km na direção leste. Está para começar um
longo conflito.
The Saker
PS: Acabo de ouvir que o Parlamento controlado
pela “insurgência” acaba de aprovar uma ordem para libertar Yulia Timoshenko.
Ótimo! Espero que Yanukovich passe imediatamente a ocupar a cela onde esteve
Yulia: ele merece cadeia, muito mais do que ela jamais mereceu.
NOTA MUITO ÚTIL, de Tlaxcala, Rede Internacional de Tradutores:
ResponderExcluirA Organização dos Nacionalistas Ucranianos [orig.Organization of Ukrainian Nationalists (OUN)], organização fascista criada em 1929 na Ucrânia do Oeste (então sob governo polonês), dividiu-se em duas em 1940: a OUN-M mais moderada, com Andriy Melnik; e a OUN-B mais radical, com Stepan Bandera. A OUN-B declarou uma Ucrânia independente, em junho de 1941, como estado-satélite da Alemanha Nazista. Todos os grupos direitistas na Ucrânia de hoje apresentam-se como herdeiros das tradições políticas da OUN, inclusive o Partido Svoboda, a Assembleia Nacional Ucraniana, o Congresso dos Nacionalistas Ucranianos e o Setor Direita (Pravyi Sector).