25/2/2012, Igor Siletsky, The Voice of Russia,
Moscou
Traduzido pelo
pessoal da Vila
Vudu
Ver
também
19/2/2012,
Russia Today em: “Pepe
Escobar: “O exército rebelde sírio pulula de agentes da Al-Qaeda” (entrevista transcrita e
traduzida)
Bashar al-Assad |
Centenas
de apoiadores do presidente Bashar al-Assad da Síria manifestaram-se hoje à
frente do hotel, na Tunísia, onde foi inaugurada ontem, 6ª-feira, a Conferência
“Amigos da Síria” [Friends of Syria, FOS]. Os manifestantes tentaram
invadir o hotel, para protestar contra o apoio ocidental à oposição, na Síria.
Representantes franceses disseram na Conferência que reconhecem a legitimidade
do Conselho Nacional de Transição, como oposição a Assad. O presidente da
Tunísia, Moncef Marzouki, sugeriu que seja garantida imunidade ao presidente
Assad e família, com garantia de que não serão processados; e pediu que a Rússia
lhes garanta asilo político (Moscou e Pequim boicotaram a Conferência). Segundo
o ministro das Relações Exteriores da Rússia, assim como já fizeram no caso da
Líbia, os autoproclamados “amigos da Síria” estão criando uma coalizão
internacional em apoio a um dos partidos envolvidos no conflito sírio. A
reportagem é de Igor Siletsky, do jornal The Voice of
Russia.
Parte da oposição
síria “doméstica” boicotou a conferência na Tunísia. O chamado Comitê de
Coordenação Nacional para Mudança Democrática [orig.
National Coordination Committee for Democratic Change] não gostou
de os organizadores do fórum os terem ignorado e de terem favorecido o Conselho
de Transição Nacional, fundado no exterior e mantido por exilados.
Rússia e China
também não participam da conferência; declararam que nenhum fórum terá jamais
legitimidade para discutir o futuro de um país, se excluir as autoridades
legítimas do país cujo futuro se discute. Para o vice-ministro de Relações
Exteriores da Rússia, Gennady Gatilov, “Discutir a crise na Síria, sem
representantes do governo sírio é erro. É claro que os principais atores, o
próprio governo sírio, têm de ser ouvidos”.
O grupo “Amigos da
Síria” foi instituído pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, depois que
Rússia e China vetaram resolução sobre a Síria, na ONU. Um total de 70 países,
entre os quais EUA, Grã-Bretanha e países membros da Liga Árabe, apoiaram a
iniciativa de Sarkozy. Segundo os organizadores da conferência na Tunísia, o
Grupo foi criado para aumentar as pressões políticas e econômicas contra o
presidente Bashar al-Assad. No momento, ninguém parece cogitar de intervenção
militar, do tipo que se viu contra a Líbia, porque seria difícil de organizar,
em primeiro lugar porque não há qualquer mandado da ONU nessa direção; e, em
segundo lugar, porque o exército sírio é consideravelmente mais forte em número
e armas que o exército líbio, o que criaria dificuldades extras, de
consequências imprevisíveis para a região, no caso de a Síria ser invadida por
países vizinhos.
Mesmo assim,
membros do Conselho de Transição Nacional sírio insistem em ‘convidar’ algum
tipo de intervenção externa. Representantes do CTN exigem que os “Amigos da
Síria” forneçam armas aos militantes do Exército Síria Livre. Notícias
divulgadas pela rede Al Arabiya
dizem que o exército da oposição síria está sendo abastecido com
armamento leve e equipamento militar que lhe chega do exterior. Grupos armados
da oposição a Assad receberam equipamento de comunicação e de visão noturna.
Esses suprimentos são enviados do exterior por grupos de exilados sírios. E os
mesmos grupos da oposição armada já têm contatos feitos para que lhes sejam
enviados equipamentos móveis de defesa antiárea e sistemas de defesa
antitanques.
O grupo “Amigos da
Síria” tem outros objetivos, além dos anunciados oficialmente. Ainda que não
queiram repetir em detalhes o cenário líbio, o ocidente e a Liga Árabe estão
claramente repetindo as linhas gerais daquele golpe, diz Irina Zvyagelskaya, do
Instituto de Estudos Orientais.
“A oposição síria,
embora seja muito dividida, faz exigências duras e semelhantes: todos os grupos
querem a saída de Assad, como precondição para o início de conversações. Estão
todos convencidos de que conseguirão implantar a sua agenda, e de que
conseguirão assumir o poder na Síria sem ter de fazer qualquer concessão, só com
imposições e ultimatos. Sem Assad, há risco de a Síria mergulhar em caos ainda
pior, que talvez exija interferência externa. E o presidente Assad não está
promovendo as mudanças, embora continue a falar delas”.
De fato, o
presidente sírio está decidido a promover as reformas, embora seus planos tenham
de ser diariamente alterados por ataques e troca de tiros cada dia mais
violentos, provocados pela oposição. Nesse domingo, 25 de fevereiro, os sírios
votarão em referendo a nova constituição da Síria.
Mas especialistas
dizem que nada do que Assad faça deterá a oposição armada contra ele. A
porta-voz do Departamento de Estado Victoria Nuland disse, pouco antes de
iniciado o fórum dos “Amigos da Síria”, que se os “Amigos” não conseguirem
convencer Assad a deixar o poder, os EUA considerarão outras opções, sem
descartar a possibilidade de invasão militar.
Segundo o
ex-ministro de Informação do Líbano, Michel Samah, o principal objetivo dos
chamados ‘amigos da Síria’ é dividir a Síria e provocar uma guerra civil. Há
esperança ainda de que, apoiada por Rússia e China, a Síria consiga impedir que
EUA e França implantem-se na região. Os chamados “amigos da Síria” acusaram
Moscou e Pequim de serem responsáveis pela crise síria; e recomendaram que as
duas capitais revisem as posições sobre o assunto.
Essa semana, a ONU
nomeou Kofi Annan enviado especial à Síria. Annan conclamou todos os partidos e
grupos envolvidos no conflito a cooperar para pôr fim à violência e construir
solução pacífica para a crise. A Rússia espera que o trabalho de Kofi Annan
consiga levar a alguma solução efetiva para o conflito.
Moscou também está
preparada para colaborar com a ONU, a União Europeia e a Liga Árabe para que se
evite um desastre humanitário e político no Oriente Médio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Registre seus comentários com seu nome ou apelido. Não utilize o anonimato. Não serão permitidos comentários com "links" ou que contenham o símbolo @.