domingo, 20 de janeiro de 2013

A ofensiva dos Jihadistas no Mali: o bom, o mau e o feio


7/1/2013, Blog 7our, Argélia [excerto]
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Entreouvido na Vila Vudu: É artigo do começo do mês, mas, no mínimo, informa mais e melhor que a editoria “Internacional” do Estadão e os “especialistas” (só rindo!) entrevistados pelo William Waack no canal GloboNews (desligue JÁ!) e ajuda a começar ver a confusão em que o “ocidente” se meteu, planejando resolver tudo à bala e rapidamente... [pano rápido]


Embora os Jihadistas do norte do Mali partilhem todos o mesmo substrato islamista radical, esperava-se que o movimento Ansar Eddine (AD) de Iyad Ag Ghaly mostrasse atitude mais moderada, depois que sua voz passou a ser ouvida no conflito do Azawad. Era o que se ouvia de vários mediadores internacionais – coordenados por Argélia e Burkina Faso – nas diferentes reuniões organizadas em Argel e em Ouagadougou. Mas já se veem na região sinais de concentração de número grande demais de diferentes correntes Jihadistas, o que dificilmente deixará de incomodar a “comunidade internacional”.

No início das negociações, Iyad Ag Ghaly aparecia como o bom interlocutor, que só tinha reivindicações locais, que jamais tivera qualquer envolvimento com o terrorismo internacional e que prometia lutar contra os narcotraficantes e o crime organizado. Havia, até então, um fino traço que o separava de comandantes do porte de Abou Zeid, chefe da Katiba [milícia] Ibn Ziad da Al-Qaeda no Maghreb Islâmico (ing. AQIM), ou do veterano Mokhtar Belmokhtar que, recentemente, separou-se da AQIM e fundou nova Katiba, “Irmãos de Sangue”.

O título desse artigo inspira-se num célebre filme western de Sergio Leone (Il buono, il brutto, il cattivo, 1966). Como nesse título, estamos diante de três faces do Jihadismo: uma que visa a garantir serviços públicos essenciais às populações dominadas, dentre os quais o principal é a segurança de pessoas e bens; outra é a face da brulalidade, inclusive o terror de uma justiça violenta e sumária que se apresenta como a Lei da Xaria; e uma terceira face, da colusão com o crime organizado e o narcotráfico.

Enquanto alguns países falam de lançar ofensiva militar estrangeira sem ter esgotado todas as possibilidades de resolução pacífica, outros interlocutores da comunidade internacional insistem em que os malienses continuem a explorar todas as vias de discussão. Mas nem Bamako, nem o movimento Ansar Eddine de Iyad Ag Ghaly ou o Movimento para a Libertação do Azawad parecem considerar seriamente a possibilidade de qualquer concessão. (...)

[de 13/1/2012, no mesmo blog] Desde o início a França desejava intervir militarmente no Mali. A posição francesa evoluiu ao longo das semanas (“liderar pela frente” à Hollande, ou “liderar pela retaguarda” à Obama?). Por hora, a França tem o comando das operações de guerra no Mali. Mas corre o risco de deixar-se iludir por algumas vitórias militares, para, na sequência, ver-se engolfada num tipo de combate que não conhece. Com os meios tecnológicos e o apoio norte-americano, pode até “conter” os jihadistas no curto prazo, mas, no prazo médio, não tem meios para “conter” a ideologia radical, nem bloquear o avanço das ideias jihadistas. A chave desses combates está no Mali: no Mali do norte, do centro e do sul. Good-bye, Afeganistão, alô Mali.

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