19/1/2013, Pedro Rezende, Blog
Trezentos
Enviado pelo pessoal da Vila Vudu
Pedro Rezende |
Começo
a escrever aqui enquanto o funeral de Aaron Swartz acontece, na sinagoga central
de Highland Park, nos arredores de
Chicago, EUA, onde esse gênio da web nasceu há 26 anos. Escrevo, principalmente
para quem ainda não conhece esse herói martirizado ou seu legado, pois o
desfecho do seu enfrentamento contra forças avassaladoras de um farisaísmo
cibernético cada vez mais dominante enquadra momento propicio para refletirmos
sobre a dramática encruzilhada na História em que estamos todos vivendo, nesses
nossos tempos.
De
acordo com sua mãe, o compromisso de Aaron com justiça social era profundo, e
definiu sua vida. Vida de programador, escritor, arquivista, organizador
político e hackerativista. O ativismo
de Aaron contribuiu, ainda adolescente, via RSS-DEV Working Group, na co-autoria da
primeira versão do protocolo de sindicalização eletrônica RSS — tecnologia
“push” que prolifera a democratização do acesso a informação na web –, e depois,
com a ferramenta livre de editoração web.py, com a arquitetura da Open Library, e com a incubação do
portal Reddit, que inovou na
agregação de notícias que circulam na web, incluindo avaliações de leitores
sobre a qualidade das mesmas para classificações automáticas.
Contribuiu
ainda com o RDF Core Working Group no
W3C (World Wide Web Consortium),
escrevendo a especificação RFC 3870, que define esse padrão de acessibilidade, e
com a implementação da camada de automação, via meta-tags, das licenças
genéricas permissivas para uso em obras autorais cujo autor deseje
disponibilizá-la sob uma licença Creative
Commons, no início desse movimento que popularizou globalmente a filosofia
do Software Livre para outros regimes de produção intelectual. Os líderes desse
movimento ele conhecera ao vencer, com idade de 13 anos, o concurso ArsDigita Prize, que premiou o melhor
criador de “websites não-comerciais,
úteis, educacionais e colaborativos”.
Mas
foram compromissos mais sérios que deram causa a seu enfrentamento com
ciberfariseus. Ao invés de buscar, na esfera socioeconômica, o sucesso
milionário que seu visionário gênio computacional permitiria, Aaron dedicou-se
quase integralmente, na esfera político-acadêmica, a despertar consciências
cidadãs e humanistas para o extremo perigo de certas conexões entre sorrateiros
e soberbos interesses, viabilizadas pela mediação cibernética. Tal dedicação
projetou-o como membro do Centro de Ética da Universidade de Harvard, fundador
da ONG Demand Progress, e ativista
dos grupos internacionais Rootstrikers e Avaaz.
Ira
atiçada
Todavia,
a ira de enfatuados moralistas que imoralmente exercem à sorrelfa poder
ilegítimo, via de regra por interesseira radicalização normativa e absoluto
rigor punitivo, já se atiçara antes: quando Aaron, com sua habilidade de
programador, foi colaborar em pesquisa acadêmica envolvendo mineração de dados,
depois publicada em revista científica.
Quando antes liberou, baixando e postando num serviço de
computação-em-nuvem, mais de 19 milhões de arquivos (20%) do repositório PACER
(Public Access to Court Electronic
Records), site na web gerido por uma agência estatal dos EUA que arquiva
digitalmente documentos de processos julgados pela Justiça Federal dos EUA, e
que vende acesso a estes mediante pagamento por página.
Tal
republicação de cópias, doadas à ONG Public Resource, não viola direitos,
è
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