Publicado
em 17/01/2013 por Urariano
Motta *
A
última experiência com os gringos made in
USA foi um tanto desconfortável, para o colunista. No consulado, quando fui
portador do abaixo-assinado dirigido ao presidente Obama, um documento que
reivindicava liberdade para os cubanos presos nos Estados Unidos, o tratamento
foi um tanto mal-educado. Ali, entreguei o texto em pé, varrido por câmeras de
todos os lados, sem cafezinho, sem água, sem um bom-dia, enquanto os
companheiros, vereadores, sociólogos, estudantes, ficaram nos degraus de acesso,
do lado de fora. Pior, este nativo bem que poderia ter saboreado balas vindas de
dois policiais com a mão na pistola, que defendiam a funcionária contra o
terrorista.
Mas agora
o site da Caixa Econômica Federal vem
em sentido oposto, porque ensina como os brasileiros devem tratar os
norte-americanos nos Estados Unidos. Ah, bom. Meus raros amigos, esta coluna já
vem pronta. Se não creem, acompanhem por favor as preciosas recomendações de
Etiqueta no site da Caixa. Os comentários são do colunista, as informações vêm
de Clique aqui [**]:
“Em
situações formais, norte-americanos costumam se cumprimentar com um aperto de
mãos firme e rápido ou com um aceno de cabeça, acompanhado de uma saudação
verbal”.
Hi,
rai, será isso?
“Nos EUA,
procure ficar a uma distância mínima de 33 cm (a distância aproximada de um
braço esticado) quando conversar com outras pessoas”.
Aí
é bronca, como os mal-educados nos dizemos no Recife. 33 cm como tamanho de um
braço?! Das duas uma: ou o redator da etiqueta para brasileiros entre gringos
errou a unidade, ou a parte do corpo humano. Mas não exageremos. Adiante.
“Se
você estiver num grupo que está conversando em inglês, não é educado falar em
outra língua mais do que duas ou três frases”.
Magnífico.
Nos Estados Unidos fale inglês, sempre, não importa em que circunstância. E se
alguma necessidade interna houver, de fala entre seus semelhantes nativos,
comporte-se: faça como eles fazem em terras do Brasil : fale em
inglês, sempre.
“Mantenha
suas roupas sempre limpas e arrumadas, sejam elas formais ou informais. O mesmo
vale para os sapatos”.
Como
se sabe, os brasileiros somos desleixados, sujos, mal-amanhados, deselegantes.
Nesse particular, não precisamos copiar os norte-americanos que chegam em hordas
de turistas para o Brasil: sem banho, de sandálias, bermudões, em fila indiana,
em marcha que anda como se tivessem calos e caroços nos pés. Mas como pinguins
graciosos, pois são norte-americanos.
“Nos
EUA, fazer contato visual com o garçom, com um aceno da cabeça, normalmente é
suficiente para chamar sua atenção. Em ambientes muito cheios, pode-se chamar o
garçom educadamente com um “excuse me, waiter” ou erguer o dedo indicador com um
aceno de cabeça”.
O
genial dessas recomendações para os mal-educados, isso quer dizer, nós, é que
elas preveem todas as situações, se não as reais, pelo menos as imaginárias. Os
garçons nos Estados Unidos atendem às mil maravilhas todo cucaracha. Basta um dedo indicador e
eles vêm sorridentes e ágeis. Nunca o médio, do dedo, que esse é o que nos dão,
por falta de coordenação motora, talvez.
“Ao ser
convidado para um evento na casa de alguém, é de bom tom perguntar ao anfitrião
se ele deseja que você leve alguma coisa. Se ele disser que não, leve assim
mesmo um vinho ou algum doce para a sobremesa.
Se o
evento for uma festa de comemoração de aniversário, aposentadoria ou formatura,
mesmo que lhe digam que não é necessário dar presentes, leve uma lembrancinha
acompanhada de um cartão.
Quando
visitar uma casa pela primeira vez, leve um presente para o anfitrião – flores
para a mesa ou uma garrafa de vinho são boas
escolhas”.
Ou
seja: leve sempre um presente. Nunca se esqueça. Mas.
“Não
prolongue além da conta a sua estada – a não ser que o anfitrião
peça”.
Antes,
o gringo dizia não e devíamos entender sim. Agora, dizem sim e devemos entender
sim. Como saber quando os gringos falam a verdade?
Na
verdade, a Caixa devia escrever um Manuel de como os norte-americanos
deviam tratar os brasileiros, porque a economia deles vai mal-educada. Ou pelo
menos, como eles devem se comportar quando invadem as praias do Brasil e veem em
cada mulher uma prostituta, e em cada brasileiro um
cafetão.
Enquanto
a nova Etiqueta não vem, pela que está (estava) no ar só resta uma conclusão:
brasileiros selvagens não visitem os Estados Unidos. A não ser que desejem viver
sob a camisa de ferro de um desatualizado Manuel de Etiquetas.
_____________________________
[**]
redecastorphoto - Não adianta
clicar... Providencialmente a Caixa retirou o “link”: “Etiqueta para brasileiros
mal educados”, mas o que o Urariano escreveu é a mais límpida das verdades...
Enviado por Direto da Redação
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