quarta-feira, 6 de março de 2013

HUGO CHÁVEZ

Laerte Braga

Laerte Braga

Chávez transcende a Venezuela. Transformou seu país em principal protagonista, ao lado de Cuba, da luta pela independência política e econômica dos países da América Latina. Governando desde o primeiro momento com o respaldo do voto popular, conseguiu sobrepor-se a um golpe de estado em abril de 2002 a partir da reação do povo venezuelano. Em agosto do mesmo ano, a despeito dos esforços dos Estados Unidos, sob governo Bush, foi confirmado como presidente por maioria absoluta dos eleitores venezuelanos. A legitimidade do referendo foi reconhecida pelo próprio governo norte-americano, principal ator do golpe frustrado.

Rubens Ricúpero substituiu Fernando Henrique Cardoso no Ministério da Fazenda, governo Itamar Franco, logo após a saída do tucano para se candidatar a presidente da República. 1994.

Pouco antes de conceder uma entrevista à REDE GLOBO, principal porta-voz da direita brasileira, na manhã de 1º. de abril, a conversa com o apresentador do jornal vaza por antenas parabólicas e Ricúpero acaba renunciando ao Ministério.

“Eu não tenho escrúpulos. Eu acho que é isso mesmo. O que é bom a gente mostra, o que é ruim a gente esconde”. O trêfego ministro referia-se ao Plano Real e à necessidade de usá-lo como instrumento de campanha de FHC. O prenúncio do caráter amoral do que viria a ser o
governo de Fernando Henrique.

Rubens Ricúpero é um dos “especialistas” ouvidos pela REDE BANDEIRANTES (extrema-direita) sobre Chávez e a Venezuela pós Chávez.

Na edição do BANDNEWS (canal fechado, com acesso de assinantes) o apresentador ouviu também Marcus Vinícius de Freitas e em meio a “especialidades” desses especialistas, disse que o vice-presidente da Venezuela “está tentando levar as pessoas para o lado deles”.

É incrível o despudor da mídia brasileira. A falta de caráter de jornalistas que se prestam ao papel de William Bonner, ou William Waack.

A supressão da personalidade acompanha fatalmente as condições da existência submetida às normas espetaculares – cada vez mais afastada da possibilidade de conhecer experiências autênticas e, por isso, de descobrir preferências individuais. 
Paradoxalmente , o indivíduo deve se desdizer-se sempre se desejar receber dessa sociedade um mínimo de consideração. 
Essa existência postula uma fidelidade  sempre cambiante, uma série  de adesões constantemente decepcionantes, a produtos ilusórios. 
Trata-se de correr atrás da inflação dos sinais depreciados da vida. 
Debord, A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO, Contraponto, RJ).

O jornalismo robotizado e depreciado, o ser aviltado e transformado em objeto decorado a cores e luzes da mentira.

Segundo o mesmo Debord, só o “tolo e o ignorante” necessitam do especialista. Aquele que conforma a alienação a uma realidade que é diversa, que descaracteriza o ser humano. Ignoram o processo histórico.

Chávez é maior que tudo isso. Deixa um legado, um rastro de coragem e determinação que outros líderes jamais tiveram. Aceitaram o jogo dos senhores do mundo enquanto Chávez os enfrentou. Tem a estatura de um Fidel Castro.

Chávez na ONU mostrando livro de Chomsky (20/9/2006), um dia após discurso de Bush
Nesta tribuna onde falo hoje, ontem falou o presidente Bush dos EUA, que eu chamo de El Diablo. Ainda está com cheiro de enxofre”. Num pronunciamento na Assembléia Geral das Nações Unidas.

Ufa! Que alívio, finalmente o fim de uma praga”. John McCain, senador republicano e candidato presidencial derrotado na primeira eleição de Obama, ao tomar conhecimento da morte de Chávez.

As forças da reação, os “especialistas” que iludem tolos e ignorantes, vão tentar de todas as formas derrotar o chavismo nas eleições presidenciais dentro de 30 dias. Um e outro são maiores.

A Venezuela erradicou o analfabetismo, levou a todos os cidadãos os serviços de saúde pública, começou o processo de construção socialista e tudo isso sob a liderança de Chávez e o apoio popular. Organização popular é o principal instrumento da revolução bolivariana.

Não passarão. O triunfo de Chávez é o triunfo da História. Sua morte o coloca no patamar de Marti, de Bolívar, de tantos outros lutadores do povo na América Latina. O coloca ao lado de Chê.

É por essa e outras razões que Chávez transcende a Venezuela e transcende a si próprio. O triunfo sobre a amoralidade escravagista do capitalismo. É a maior dentre todas as heranças que Chávez deixa.

Enviado por Ana Santanna e Sílvio de Barros Pinheiro

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